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Este é o nascer de uma nova era

Ainda ontem conheci a Kaniehtí:io.

Assassin's Creed é uma série de enorme fascínio pessoal, faz-me acreditar que sou inteligente e culto por ter tamanho gosto na mistura de elementos históricos reais com ficção. Sinto que é verdadeiramente elegante e fascinante a forma como nos colocam no papel de um descendente de uma longa linhagem de assassinos que entra numa máquina que lhe permite viver os eventos dos seus antepassados como se estivesse lá. Isto porque se pensarmos bem a relação que um qualquer jogador tem com a sua consola é a mesma que Desmond tem com o Animus, "liga-se" a uma máquina que o transporta para uma nova realidade. Desta forma consegue viver mais do que uma vida, conhecer mais do que um mundo e viver envolto em fantasia.

É das séries que mais gabo e que mais me fascina nesta atual geração e das quais não hesito em passar o máximo de tempo possível assim que um novo jogo é lançado. No entanto, quando o primeiro chegou teve todo um enorme impacto e ficou mesmo marcado, algo único e distinto, tendo sido seguido por uma verdadeira e estrondosa sequela, que levou mais além a série. Ninguém esperava na altura viajar para outra era no tempo, quanto mais o Renascimento em Itália. Talvez tenha sido a minha paixão pela história que ficou comigo desde a escola, talvez seja a presença de personagens reais como Leonardo da Vinci ou o recriar credível de importantes cidades da era (tal como no primeiro), que combinados com uma jogabilidade acessível e singular (parkour em cidades livres de explorar) tenham sido os pontos fulcrais para AC me conquistar.

Claro que a estrutura repetitiva do jogo e a forma como a progressão forçava o jogador a repetir as mesmas ações e missões ao longo do seu decorrer tiravam alguns pontos mas eram apenas uma pequena parte do todo. O meu amor por Assassin's Creed tornou-se incondicional e desde os jogos para as consolas caseiras, sistemas iOS ou portáteis dedicadas como a PSP e DS, tentei jogar tudo o que a Ubisoft decidia lançar para beneficiar do sucesso da sua agora mais aclamada série. Tudo até que o ritmo anual foi impingido e começaram a sair mais jogos do que esperava. Apesar de Brotherhood e Revelations terem sido experiências mais do que interessantes, a diversão que trouxeram não impediu que um certo cansaço se instalasse.

Assim se tenta explicar como um jogo lançado a 31 de Outubro de 2012 que pertence a uma das minhas séries favoritas só agora a Fevereiro de 2013 vai ser o jogo que me vai acompanhar no fim-de-semana. Vamos dizer que, à boa maneira do povo, estava saturado de alimentar vacas gordas. Claro que dou por mim a pensar na questão moral que rodeia tudo isto (existe uma não existe?): como se sente um jogador que está a comprar um novo jogo uma série que parece ser levada à saturação? Será que sente estar a ajudar os estúdios que tanto se esforçam para empregar o seu talento numa série que milhões de outros fãs querem ajudar a crescer, ou será que sente que está apenas a ser saciar a fome financeira dos homens de gravata?

Mas isso é discussão para outro artigo e até porque a introdução já vai longa, e tudo isto para dizer que estou atualmente a jogar Assassin's Creed 3. Um preço mais baixo, praticamente metade, fez com que regressar ao Animus fosse demasiado irresistível para deixar escapar e então assim fui, viajar para um novo mundo, uma nova era, que engloba tudo o que consagrou a série da Ubisoft.

Como escrevi no subtítulo, ainda agora conheci Kaniehtí:io, a bela selvagem nativa da América, no papel de Haytham Kenway e todo o jogo de sensualidade e conquista está a ser feito de forma interessante e convincente. Kenway salva a bela e exótica personagem para depois a ajudar, que por sua vez o vai ajudar na sua demanda. Como os fãs já perceberam, ainda vou com meras 2/2:30 de jogo mas desde logo Assassin's Creed 3 me está a cativar com o seu elenco de personagens e toda a escala que parece ser ainda mais épica. Desde a secção inicial de abertura, em Londres, até à chegada a Boston na América do Norte, o jogo tem feito de tudo para mostrar uma enorme personalidade e um tom cinematográfico.

Se Boston parece uma cidade, à falta de melhor termo, vazia quando comparada com as outras cidades presentes nos jogos anteriores (devido as características da própria na realidade da época), a Fronteira parece um local simplesmente intrigante e repleto de oportunidades. É precisamente isso que quero descobrir nos próximos dias e ver como a história vai fluir de Kenway para Connor e a épica luta pela liberdade de um país se liga com uma firme demanda pela vingança. Kenway é uma personagem interessante e todo estes eventos em jeito de prequela à história de Ratonhnhaké:ton é um toque que considero sublime.

Os breves momentos com Desmond foram passados quase sem interesse porque o fascínio está mesmo na entrada no Animus, a procura de um novo e bravo mundo, mas o tom de ameaça iminente à escala planetária e a reforço do historial do mesmo faz com que o presente de AC seja cada vez mais curioso. Pelo menos nestas breves horas iniciais nas quais o meu foco tem sido a imersão no mundo, na época apresentada e no enredo começado em 1753. Por vezes quase sentimos o frio e a neve a tocar-nos na pele, e só falta mesmo sentir o cheiro que emana à nossa volta. É a capacidade de Assassin's Creed.

Outro dos elementos que me está a conquistar é a forma como toda a jogabilidade da série tem evoluído. Talvez o combate seja mais simples do que nos jogos com Ezio, mas a inserção de contra-ataques e consequentes movimentos dinâmicos e mais cinematográficos faz com que sejam envolventes e ritmados. Os ícones ajudam imenso a ler os inimigos e a conquistar os timings mas é divertido e cumpre a sua função. Se por um lado pode ser criticado por simplificar, prefiro elogiar por não complicar.

O uso de armas de fogo tem maior importância devido à época na qual decorre mas toda a gestão das nossas ações e consequente comportamento perante as lutas dá espaço para desafio e diversidade. Não podemos abusar das armas de fogo porque demoram a recarregar, os inimigos investem logo, e como habitualmente, diferentes tipos de inimigo forçam o uso de diferentes armas. Logo, o alternar entre armas de fogo e espadas ou lâminas escondidas é mais reforçado.

A Tirania do Rei Washington leva-nos para uma realidade alternativa e 4 meses após o lançamento dá força ao jogo.

Apenas com meros 40 pontos nas Conquistas de Jogador, e sem qualquer pretensão de aderir ao modo multijogador (o que alguns podem considerar blasfémia, bem sei) Assassin's Creed 3 é uma jornada na qual ainda estou a dar os primeiros passos. Este é um jogo com potencial para durar 30 horas só na sua campanha e ainda vou nas primeiras 2, isso dá bem para perceber o quanto tenho para jogar pela frente. Existe tanto para ver, tanto para fazer e tanto para conhecer que me dou simplesmente envolto pelo fascínio de conhecer uma campanha de tamanha envergadura pela frente.

Nesta tentativa de fazer as pazes com a Ubisoft e com Assassin's Creed sinto que estou no caminho certo. A espera por um preço mais em conta fez com que o tempo passasse e a saturação desaparecesse para dar lugar a um enorme desejo de reentrar na série. Assim se pode explicar este tamanho entusiasmo por AC3 para o qual corro assim que chego a casa: quero logo entrar no Animus e viajar para 1770 ou arredores.

Ainda tenho muito para fazer mas desde já estou fascinado com os valores de produção, não só os vistosos gráficos que dão vida a este mundo mas também pela impressionante componente auditiva. A banda sonora a cargo de Lorne Balfe encaixa muito bem, eu que temia a partida de Jesper Kyd, e os atores que dão voz aos personagens conseguem um carisma e consequente envolvimento digno de menção em qualquer produto AAA nesta indústria.

O pouco que joguei fez-me perceber que estou perante uma jornada épica e pensar no que aí vem só me faz sentir mais e mais vontade de jogar. Existe todo um novo mundo a conhecer e finalmente vou conhecer mais uma épica demanda que tenta combinar ficção com realidade como poucas outras nesta indústria o fazem. Assassin's Creed voltou e agora desculpem que vou continuar a minha reconciliação.

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