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"Estou muito curioso de ver a representação cinematográfica de uma historia idêntica à qual vivi"

Miguel Faísca, vencedor em 2013 da GT Academy europeia, sobre o filme Gran Turismo.

Crédito da imagem: Polyphony Digital

Cumprem-se 10 anos desde a vitória de Miguel Faísca na competição Nissan PlayStation GT Academy. O piloto luso natural de Lisboa foi o único português a chegar ao lugar mais alto da competição reservada para candidatos europeus. Para se sagrar campeão em 2013 não só venceu mais de 900 mil jogadores europeus como ainda chegou às finais que decorreram em Silverstone, contra mais de 42 jogadores.

A competição nasceu em 2008, numa colaboração entre a Nissan e a Sony Playstation e permaneceu activa e a promover jovens pilotos oriundos do jogo Gran Turismo até 2016. Com a vitória em Silverstone, Miguel Faísca pode competir em várias categorias e com diferentes carros em algumas provas de resistência, tendo obtido uma vitória na classe SP2 das 24 horas de Dubai.

Com a estreia do filme Gran Turismo e cujo argumento assenta na progressão de um jogador virtual até às corridas reais, verdadeiro espelho da proeza de Miguel Faísca, trocamos umas palavras com o jogador e piloto sobre como foi passar de comando na mão para volante e backet a sério.

Eurogamer: Com que idade começaste a jogar videojogos e quando conheceste a série Gran Turismo?

Miguel Faísca: Comecei a jogar por volta dos 10 anos quando o meu pai me ofereceu a Playstation e o primeiro jogo que tive foi o Gran Turismo 2.

Eurogamer: Por teres jogado Gran Turismo chegaste a pensar numa carreira de competição automobilística?

Miguel Faísca: Eu já tinha uma grande paixão por automóveis e condução, e o Gran Turismo ajudou-me na aprendizagem das linhas de condução, zonas de travagem entre outras coisas, mas daí a pensar que me iria dar uma carreira de competição automobilística, só nos meus sonhos.

Eurogamer: Em 2013 tornaste-te no primeiro jogador de Gran Turismo vencedor de um torneio e no primeiro piloto português vencedor do GT Academy a nível internacional. Desenvolveste a tua experiência naquele ano de provas ou chegaste a concorrer em anos anteriores?

Miguel Faísca: Cheguei a fazer uma corrida em 2010 no Desafio Seat by Vodafone através de uma competição entre universidades, mas diria que a maior parte da experiência vem do Gran Turismo e das corridas de karts com os amigos.

Miguel aos comandos do Nissan GT-R Nismo GT3 | Image credit: Polyphony Digital

Eurogamer: Em 2011 o Bruno Ferreira também chegou à derradeira prova do GT Academy mas falhou no arranque para a última corrida. Quando participaste nessa prova sentiste que não eras mais um jogador de corridas virtuais e sim um piloto a tentar a consagração?

Miguel Faísca: Quando cheguei à ultima corrida só pensava o que teria de fazer para ganhar, nada mais me passava pela cabeça.

Eurogamer: Nas eliminatórias posteriores ao jogo Gran Turismo, quais foram os desafios mais complicados por que passaste na tua preparação como piloto?

Miguel Faísca: Os testes físicos foram bastante complicados como alguns dos desafios de Grand Turismo em circuitos que não conhecia muito bem.

Eurogamer: Qual é para ti a maior diferença do jogo para a realidade e qual o maior ponto de aproximação entre Gran Turismo e a realidade?

Miguel Faísca: A maior diferença continua a ser no jogo poder fazer "reset" sempre que se sai de pista sem consequências. O maior ponto de aproximação é a definição dos circuitos, são muito iguais à realidade.

Em 2014 Miguel Faísca pilotou um LMP2 nas 4 horas do Estoril, prova integrada no campeonato European Le Mans Series. | Image credit: Nissan

Eurogamer: Na óptica de piloto que bases e experiência te deu o jogo Gran Turismo?

Miguel Faísca: Ajuda muito! Melhora a concentração, ajuda a conhecer os circuitos antes de os conduzires na realidade, aprendes trajectórias o que é oversteer e understeer, podes treinar ultrapassagens, entre outras coisas.

Image credit: Sony Pictures Entertainment

Eurogamer: GT Academy deu-te uma oportunidade para pilotar carros reais que de outra forma seria mais difícil de conseguires?

Miguel Faísca: Se nāo fosse o GT Academy seria quase impossível! Os custos são muito elevados e fora das minhas possibilidades.

Eurogamer: Qual foi o carro que mais gostaste de conduzir e a prova na qual te sentiste melhor?

Miguel Faísca: O que mais gostei de conduzir foi o LMP2 no Estoril junto do público português, mas o meu melhor foi em Paul Ricard no campeonato Blancpain que ficamos em 3 da classe.

Eurogamer: Já jogaste Gran Turismo 7? Parece-te mais evoluído do que os anteriores?

Miguel Faísca: Joguei sim e em termos de gráficos é muito superior aos jogos anteriores.

Eurogamer: Vai estrear no cinema o filme Gran Turismo, baseado num jogador que tem capacidades para pilotar um carro real? Vais ver e estás curioso por te veres representado no papel desse jogador?

Miguel Faísca: Claro que vou ver! E estou muito curioso de ver a representação cinematográfica de uma historia muito idêntica à qual vivi.

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