Experience Project Natal
Um espectáculo visual e sonoro.
Um dos eventos mais aguardados nesta E3 finalmente teve o seu desfecho. O Experience Project Natal prometia um espectáculo único, concebido pelo Cirque du Soleil. Também seria o evento onde se saberia pela primeira vez o nome do muito aguardado Project Natal. Como espectáculo, as expectativas não foram defraudadas, o mesmo não se poderá dizer sobre o Natal, ou melhor Kinect.
Antes de tudo, passarei a mencionar Project Natal como Kinect, pois este é o nome final do projecto da Microsoft para a Xbox 360. O Experience Project foi um evento único, que surpreendeu todos os presentes. O espectáculo misturou ambientes pré-históricos, desde a concepção artística do palco e plateia, bem como dos animadores em constante movimento pelo recinto, com ambientes actuais, como uma sala de estar comum e uma família ideal e perfeita sentada no sofá. O mote era a mistura do antes e depois, numa alusão aos comandos actuais como sendo pré-históricos, e o Kinect sendo o actual, acessível a todos e livre de restrições físicas.
Logo na entrada do Galen Center, foi-nos dada uma vestimenta branca, mais parecida com uma camisola de um jogador de futebol americano, com ombros enormes, que mais tarde viriam a revelar terem embutidos leds luminosos. O público foi dividido por duas zonas, uns para as bancadas e outros para o recinto, sendo que me calhou este último, tendo como pessoas ao meu lado o famoso analista, Michael Patcher, Hideo Kojima, Suda 51, Cliff Bleszinski e Aaron Greenberg da Microsoft, bem como outras tantas personalidades conhecidas. Na verdade todo o público era uma peça integrante de todo o espectáculo, onde lhes era pedido para intervir de acordo com as ordens dadas pelos animadores pré-históricos. Estava criado o mote para um fantástico espectáculo visual e sonoro.
O espectáculo teve início com o líder da tribo a dar ordens ao povo para ir buscar uma criança que estava num sofá suspenso, com a família. A criança começou a subir uns degraus de pedra, em quatro níveis. Em cada um foi mostrado jogos da Microsoft, como por exemplo Banjo-Kazooie: Nuts & Bolts e Kameo. Nos primeiros três níveis a criança joga com um comando da Xbox 360, mas chegando ao último nível do palco, uma voz diz à criança que tinha chegado a casa e foi recolhido pela família. No fundo foi uma passagem por um ambiente pré-histórico onde o povo local conseguiu com que a criança pudesse finalmente chegar a casa como numa viagem espacial. Escusado será dizer, que a casa seria ocupada pelo Kinect, e o palco de toda a acção desde então.
Num bonito espectáculo que misturou, animação circense, dança, e música, foi interpolado com diversos jogos destinados ao Kinect. Pudemos ver novamente JoyRide, desta vez a ser jogado com o Kinect. O Kinect Adventures, que foi apresentado por dois mini-jogos, o de descer um rápido, bem como uma sequência numa gruta, onde o jogador teria que efectuar determinadas poses para ir ao encontro com o que era pedido no ecrã. Foi mostrado o Kinect Sports, que tem por base os avatares, sendo que os desportos presentes foram o de duas provas de corrida, lançamento de dardo, barreiras, futebol e voleibol. Os jogos poderiam ser jogados até quatro jogadores e também online no Xbox Live. Apesar da ideia parecer interessante, e se pensarmos que este foi o expoente máximo de revelação do Kinect, a jogabilidade deixou muito a desejar, mas mesmo muito. Em primeiro lugar tudo era on-rails, ou seja, o jogador apenas efectuava gestos como bater na bola, saltar ou mexer com os braços, sendo que as personagens mexiam-se sozinhas. O jogo de futebol é do mais absurdo que se possa jogar, onde apenas controlávamos o remate, sendo toda a acção lenta, e sem qualquer nexo para o patamar actual da qualidade dos jogos.
Para além destes últimos, ainda houve tempo para um jogo de dança, chamado de Dance Control, em produção pela MTV Games, bem como um jogo da LucasArts, onde um Jedi luta contra investidas dos soldados do Império, e por último encontrando-se com Darth Vader. Este jogo foi o que causou mais aplausos na assistência, principalmente por ser uma franquia muito desejada e a ideia de ter um saber de luz na mão, agrada a todos de forma imediata. O jogo pareceu-me ser também on-rails, onde apenas usámos o sabre de luz, e efectuámos golpes de poder e força, não sendo possível caminhar a nosso belo prazer. Por último houve um vislumbre de um possível jogo da Disney, aparecendo apenas a Sininho a voar pelas quatro telas gigantes, e o Kinectimals, onde podemos brincar, acariciar, e dar ordens a 20 felinos fofos e meigos. Na apresentação foi mostrado um tigre.
No final do espectáculo, havia um misto de sentimentos entre a assistência. Se a Microsoft queria criar um evento que iríamos recordar para sempre, certamente que conseguiu. Pois foi um dos momentos únicos dentro da indústria, algo que apenas o estar presente neste acontecimento histórico, vale todo o esforço. Agora se a ideia era passar para a assistência, o significado e todas as ideias por trás do Kinect, o efeito poderá ter sido exactamente o contrário. Com todos os jornalistas que falei, o sentimento era o mesmo. "Natal é uma desilusão". Isto claro a julgar pelo que foi apresentado. Estaríamos certamente à espera de mais, muito mais em termos de jogos. Mas se a Microsoft gasta milhares de euros numa apresentação deste calibre, dando uma importância extrema ao Kinect, é porque os jogos apresentados são o que de melhor existe dentro dos estúdios da Microsoft. E se tudo isto é o seu melhor, então é muito pouco, principalmente para a audiência, que é maioritariamente hardcore. O jogo de futebol é o melhor exemplo do tipo de jogos que nada trazem de novo para a indústria. O espectáculo foi fantástico e algo único, mas talvez o Kinect tenha matado o Natal.