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F1 2013 - Antevisão

Cruzamento de gerações.

Escrevo esta antevisão no final de mais uma corrida do mundial de Fórmula 1, o Grande Prémio de Itália, em Monza, que conheceu como vencedor, Sebastien Vettel. Na catedral onde a Ferrari é senhora e rainha, foi o touro austríaco que se revelou mais forte no combate contra o cavalo de Maranello. Foi a 32 vitória do germânico da Red Bull, e a sexta num campeonato que só com muito azar nas restantes provas, poderá escapar para outras mãos. Fernando Alonso e Mark Webber ainda tentaram chegar à frente, e esforçaram-se para isso, mas pouco puderam fazer senão darem-se por satisfeitos com uma ida ao pódio. No final, não foi uma corrida particularmente entusiasmante. Com o trinómio Vettel, Red Bull e Adrian Newey a todo o vapor, este não está a ser um campeonato tão disputado como noutras edições (decididas na última corrida), o que tem causado algum declínio no entusiasmo dos fãs, para o que sobra da temporada.

Por isso, nada melhor que dar as boas-vindas ao F1 2013 produzido pela Codemasters Birmingham, título que possibilita a qualquer pessoa ficar com uma ideia muito segura e próxima sobre o funcionamento dos monolugares mais rápidos do planeta em circuito, numa condução virtual que preza condução realista. É já um hábito ter uma versão preview das corridas virtuais sob licença da FIA, quando se cumpre a última ronda pelos circuitos europeus. De Itália, a caravana arreda para outras paragens. Sem deixar descansar o volante, de Monza chegamos a Singapura numa questão de poucos segundos.

Consciente de que várias temporadas consecutivas a rodar sobre o mesmo campeonato e motivada talvez pela previsibilidade das vitórias de Vettel no campeonato, os produtores britânicos decidiram alargar o âmbito do conteúdo do jogo, com a inclusão dos clássicos monolugares e pilotos da geração de oitenta, tida por muitos como uma das épocas mais entusiasmantes de sempre da F1, que também conheceu imensos campeões e que viu nascer essa lenda brasileira, de nome Ayrton Senna. Curiosamente, ficou para sempre ligado a Portugal, quando venceu a sua primeira corrida, sob fortes bátegas, no circuito do Estoril.

Os tifosi acodem em grande número a Monza, na despedida da caravana da F1 do continente europeu.

Temos assim uma espécie de dois em um e um respiro que se abre numa franquia que, perigosamente, vinha dando alguns sinais de fadiga. Ao colocar os bólides clássicos na linha da frente, juntamente com circuitos e nomes oficiais dos pilotos, os amantes dos fórmulas poderão disputar uma série de corridas da época de oitenta, marcada por uma sensação de condução muito diferente da que existe hoje. Naquela época os fórmulas eram carros mais perigosos, escorregadios e não menos potentes. As poucas ajudas electrónicas requisitavam toda a perícia do piloto, que tinha de ser rápido num carro que a qualquer momento parecia capaz de causar movimentos bruscos, traseiradas ou fugas frente. Reconhecemos bem isso assim que entramos a bordo do Williams FW12.

O barulho dos motores é diferente e será bem-vindo por quase todos os fãs desta categoria, sendo possível observar, a partir da perspectiva do cockpit, a mão do piloto a engrenar as mudanças. Os carros reagem às mudanças de engrenagem, e rapidamente conquistam uma grande velocidade de ponta. Tirando as travagens, com margem de antecipação maior, a sensação é de particular entusiasmo e nostalgia. Assim que passamos para um Fórmula actual, temos a impressão de que é uma condução mais macia, ainda que, nos limites, faça realmente a diferença.

Na recuperação dos carros e pistas da década de oitenta, a Codemasters não está a reproduzir um campeonato ou uma temporada em concreto. Os carros estão ordenados por ano da construção, marca (Lotus, Ferrari, Williams) e piloto. Para já encontramos alguns modelos à disposição, mas ainda não sabemos quantos mais serão incluídos na versão final. Em termos de circuitos, Brands Hatch é sempre um mar de velocidade, com muitas curvas negociadas a boa velocidade. Podemos sempre rever a vitória de Senna no Estoril e descolarmo-nos até ao sul de Espanha, a Jerez.

Seleccionada a perspectiva de perseguição, podemos ficar com uma ideia mais clara do comportamento do carro, mas também reparámos que ainda faltam alguns detalhes, como as faíscas causadas pelo fundo plano ao raspar no asfalto nas zonas de maior ondulação. O tom sépia dos gráficos, no modo clássicos, também contrasta significativamente com as cores mais vivas nas corridas actuais, sendo um pouco desapontante. Talvez seja uma tentativa de simular a imagem televisiva da época. Porém é um efeito que se dilui ao fim de algum tempo.

Felizmente, boa parte dos modos que compõem F1 2013 estão incluídos nos clássicos. No Scenario mode somos colocados directamente na pista, dentro de um objectivo que teremos de cumprir, e que tanto pode ser acabar a corrida em primeiro (nas voltas que faltam) ou ultrapassar alguns adversários. Time Attack e Time Trial constituem as restantes opções. Outra opção interessante é a possibilidade de mudar dos circuitos clássicos para os actuais, pressionando o gatilho R1.

Uma geração de monolugares que dificilmente se esquece.

No que respeita à apresentação gráfica, há algum polimento suplementar dos carros, dos circuitos e da pista, principalmente nas conduções à chuva, que agora estão melhoradas em termos de fluidez. Mas não há grandes diferenças neste campo, para a edição deste ano. Sentimos que o jogo está a pedir um salto geracional, uma vez que sem novos circuitos para a presente temporada, a totalidade dos grandes prémios são essencialmente revisitas. Com o modo carreira ainda bloqueado, vimos o modo grande prémio limitado às competições na Austrália, China, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália e Brasil. Mas da mesma maneira que pudemos levar os carros clássicos para as novas pistas, também aqui podemos seleccionar as pistas clássicas para os carros da presente temporada. No Scenario Mode, a partir do proving grounds, podemos disputar um conjunto de novos enquadramentos. Por fim, o modo Time Attack, essencial para quem pretende treinar um percurso e o Time Trial para a volta recorde. Sobre os desafios para os jovens pilotos, a produtora promete que serão acrescentados novos testes.

Sobre a condução, à semelhança dos jogos anteriores, continuamos a dar preferência ao uso do volante. Com um acessório destes não só conseguem uma adaptação mais rápida, como previnem alguns erros passíveis de sucederem através do comando, uma vez que a sensibilidade dos analógicos, pelo menos na versão PS3, é elevada.

F1 2013 corria o risco de ser mais um "update" meramente cosmético à edição 2012. Porém, ao adicionar o modo clássico, composto pelos lendários monolugares dos anos oitenta, pilotos e circuitos, devidamente oficializados, a Codemasters consegue lançar um argumento adicional de peso para os fãs. Se chega para nos convencer, é algo que só podemos verificar quando tivermos acesso a todo o conteúdo, mas se levarmos em conta o alargamento que se prevê, isso bem que pode ajudar a inclinar a balança para o lado positivo quando o jogo for lançado no princípio de Outubro.

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