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F1 2020 - Review - Cria e gere a 11ª equipa

Autenticidade, realismo e gestão.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
A vida dentro e fora das pistas de uma equipa junta-se à habitual dose de realismo e autenticidade patrocinadas pela Codemasters.

A uma nova temporada de F1 corresponde um novo jogo oficial da prova produzido e editado pela Codemasters, quase há uma década empenhada em proporcionar no virtual as emoções vividas pelos pilotos a bordo dos mais potentes monolugares. Numa temporada excepcional marcada pelos efeitos da pandemia do Covid-19, também o "jogo" da prova revela sinais de algum anacronismo logo à partida, mas não entres em desespero. Exceptuando as novas pinturas dos Williams e Mercedes, o plantel é o mesmo desta temporada 2020.

Em termos de circuitos, há um misto de contentamento e desilusão, após a confirmação do Mugello no renovado mapa de corridas (falta apurar se Portugal terá o seu Grande Prémio) e a ausência de Zandvoort (Holanda), entre outros. Se por um lado é verdade que no jogo poderás experimentar os 22 Grandes Prémios originalmente anunciados (incluindo o GP do Vietname, em Hanói), não poderás correr nos locais recentemente anunciados, como o já referido Mugello, uma das pistas mais fascinantes e mais especialmente, localizada em Portimão.

Durante anos, os jogos da série foram lançados em Setembro, quando "a caravana" se prepara para abandonar o continente europeu. Este ano, F1 2020 chega mais cedo, mesmo a tempo do começo desta nova temporada atípica, mais precisamente, uma semana depois da primeira corrida, na Áustria, no belo Zeltweg.

Michael Schumacher associa-se ao lote de carros clássicos com quatro monolugares marcantes.

Como já dissemos, exceptuando as novas pinturas dos Williams (perderam o patrocinador Rokit) e dos Mercedes, envergam o preto como forma de luta contra o racismo, o plantel é o mesmo e as provas originalmente previstas estão presentes. Mesmo perante estas alterações, podemos dizer que esta edição da Codemasters é quase 100% autêntica. Ao plantel da F1 acrescem as equipas e pilotos de 2019 da F2, competição que volta a marcar presença, juntando-se aos clássicos de outras gerações desde o final de 1980. Aqui o destaque vai para Michael Schumacher, o piloto da modalidade com mais troféus, num opcional representado em 4 monolugares vencedores que os fãs facilmente identificarão (Ferrari de 2000, os Benetton de 1994 e 1995 e o Jordan de 1991 que assinalou a sua estreia no GP da Bélgica).

Uma condução para todos

É evidente uma trajectória de continuidade. Apesar dos menus refeitos, toda a estrutura é muito familiar e lembra as edições pretéritas. As alterações são mais visíveis se sobrepusermos as versões, mas para o bem esta edição 2020 decorre mais uma vez com a amplitude a que estamos acostumados no que diz respeito à condução. Podendo ajustar o grau de dificuldade da condução, não se pode dizer que estejamos diante de um simulador puro ou de um jogo arcade. São pólos diametralmente opostos, mas que a Codemasters sabe contornar com a classe a que nos acostumou.

A condução continua rápida, entusiasmante, capaz de transmitir algumas das sensações vividas a bordo dos monolugares, e a partir daí cabe ao jogador optar por uma toada mais simples e acessível, activando as assistências, ou desligando-as para uma condução mais agressiva e eventualmente feroz. É desejável que o façam na posse de um volante para uma sensação mais realista. Neste tempo de pandemia vimos como os pilotos reais se portaram em provas acompanhadas pela FIA, tirando o máximo proveito de cada espaço de asfalto, desactivando os sistemas de controlo de tracção, linhas de travagem, travagem assistida, etc.

O ecrã dividido está de regresso, algo em desuso em muitos jogos de automóveis.

Jogando apenas com o pad é possível obter alguma dessa emoção, mas a dificuldade em dar sucessivas voltas sem fazer correcções é uma impossibilidade. Por isso, é um jogo que assenta na continuidade, permitindo que em situações como estas, mesmo não sendo tão rápidos quanto desejariam, podes na mesma encontrar um ponto óptimo de satisfação. As paragens na boxe, os danos e a configuração da inteligência artificial constituem algumas das restantes opções passíveis de edição para uma corrida mais agressiva ou tranquila. Posto isto, a sensação de condução em F1 2020 é mais uma vez uma das mais valias, um ponto forte do jogo, ainda que não seja muito diferente das edições pretéritas.

A gerir e a guiar uma nova equipa

Durante muito tempo, o modo carreira constituiu a trave-mestra dos modos de jogo, a opção normalmente eleita para efectuar várias temporadas, desde desconhecido rookie até ao vencedor de campeonatos, poles, voltas mais rápidas e vitórias. Boa parte dos modos de jogo em F1 2020 transitam do passado, entre as opções a solo e o sempre interessante multiplayer. No primeiro caso temos os já habituais Grande Prémio, time trial e até temporadas, tudo dentro de um grau de personalização bastante aceitável.

Com a introdução da superlicença, as partidas multiplayer passam a decorrer num ambiente de competição mais equilibrado e igualitário, evitando graves assimetrias que podem pôr em causa todo o esforço de participação. O split-screen está de regresso, para quem queira partilhar com mais alguém um comando e não faltam as provas especiais, baseadas em eventos temporários, assentes numa determinada façanha

A vida de uma equipa de F1 dentro e fora das pistas.

Com a introdução dos carros da F2, no ano passado pudemos experimentar o salto dessa categoria para a F1 na opção carreira. Agora, essa opção permanece, mas este parece terreno experimentado e capaz de receber melhorias quando comparado com o novo modo, o My Team, através do qual podem ressuscitar e trazer de volta uma equipa antiga, seja uma Jordan ou uma Brawn GP (no final de 2009 passou a MercedesAMGF1) com as cores que quiserem. É um modo há muito solicitado e que oferece a particularidade de criar, gerir e desenvolver uma equipa, com toda essa componente de director de equipa combinada com a condução do monolugar.

O processo de criação é bastante extensivo, com opções interessantes, ao ponto de possibilitarem bons desenvolvimentos. Depois terão que negociar vários contratos, desde patrocinadores até ao fornecedor de motores para a temporada, com um custo significativo alocado. Factores adicionais como kits de aerodinâmica e pacotes de evolução terão de ser equacionados, um custo associado ao desenvolvimento da equipa ao longo da temporada. A selecção do piloto e dos seus atributos é crucial no momento do desempenho em pista. Podemos dizer que o quotidiano de organização de uma equipa de F1 está aqui representado. Não esperem um jogo com as opções e dificuldade de um puro "manager", mas as opções inscritas compreendem pormenores como preparação no ginásio, treino no simulador e trabalho de marketing.

Uma renovação em perspectiva

Do ponto de vista gráfico não há grandes alterações de monta, embora não queiramos com isto dizer que à falta de grandes melhorias haja perda. A sensação de velocidade é muito boa, a cadência de fotogramas por segundo não entra em perda mesmo quando há concentração de monolugares numa curva e numa corrida à chuva. A acção é sempre boa e fluída, mas também nos parece que é tempo de instalar um motor gráfico mais ambicioso, capaz de uma maior variedade de efeitos e produção gráfica, no carro e em pista. É possível obter umas boas imagens e sequências capazes de ombrear com a melhor transmissão televisiva. Porém, tal como se prepara uma alteração nos regulamentos para 2022, a Codemasters terá de pensar nisso quando passar para os novos sistemas, actualizando ao mesmo tempo a versão PC.

Ver no Youtube

A caminhar para uma década de ligação à categoria máxima do desporto automóvel da FIA, todo o esforço da Codemasters parece capitalizar nesta versão 2020, embora seja um jogo mais representativo pelo somatório de evoluções e ligações ao longo dos anos, do que pelo seu valor individual, que tem no modo My Team a grande novidade. Desde que o negócio da F1 passou a ser gerido pelos americanos da Liberty Media Corporation que a Codemasters beneficiou um acesso às licenças sem precedentes. Isso trouxe mais autenticidade, uma identificação maior do produto enquanto elo de ligação com os fãs. Se isso pode ser um ponto de partida, o fluído que corre nesta experiência é o realismo e a manutenção de sensações de velocidade, aquilo que mais distingue a condução de um poderoso monolugar. Todo o conjunto enriquece a experiência, divertida e mais uma vez capaz de chegar ao pódio.

Prós: Contras:
  • Sensação de velocidade e condução
  • Opções interessantes no modo My Team
  • O périplo de 22 pistas abarca Zandvoort e Hanói
  • Produção gráfica
  • As licenças podem ser melhor aproveitadas, sobretudo nas entrevistas
  • Tempos de loading

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