FIFA 12
Realismo e diversão.
Antes de passarmos para o terceiro elemento do trio de David Rutter, vamos só mencionar um dos novos elementos presentes em FIFA 12. Recorrendo a uma jogada do Arsenal – Barcelona para a atual edição da Liga dos Campeões, e também a um outro do Barcelona para animar os jornalistas Espanhóis, Rutter mostrou como elementos que são recorrentes na vida real, mas quando num jogo virtual podem ser criticados funcionam com um efeito extremamente entusiasmante. Agora cada jogador tem uma espécie de campo de visão e como todos sabemos e até o expressamos, alguns jogadores até jogam e passam de olhos fechados. Em FIFA 12 algo similar vai surgir. Como se podem recordar, ou recorrer ao YouTube caso precisem, a jogada que resultou em golo nesse referido jogo da Liga dos Campeões. Saiu dos pés do Fabregas que efetuou um passe praticamente de costas. Isto porque a sua destreza permitiu que visse que tinha um colega numa das alas.
Em FIFA 12 os jogadores vão ter esta capacidade e por vezes podem fazer passes caso detetem um jogador dentro do seu campo de visão. Obviamente que o valor deste elemento varia consoante cada atleta, mas conseguimos perspetivar grandes jogadas e grandes desenrolares com movimentos belos de se ver. Correndo o risco de me repetir demasiadamente, ao contrário de alguns jogos existentes em que tal é representado com animações toscas e pouco credíveis quase deixando transparecer que são um erro nas animações, aqui tudo é feito de uma forma altamente credível e quando assimilado como uma faceta nova de FIFA, vai tornar as partidas ainda melhores pois abre um novo leque de possibilidades.
Passamos então para o terceiro elemento do trio que é tão importante quanto os outros e é um elemento principal na nova face de FIFA 12, sendo aquele que provavelmente revela as grandes melhorias na inteligência artificial, a defesa avançada. Não em termos de posicionamento em campo mas no nível de melhoria de que foi alvo e que resulta em partidas muito mais envolventes.
Rutter voltou a comparar FIFA 11 a FIFA 12 e o efeito foi o mesmo das anteriores comparações, o existente jogo sai embaraçado. Rutter pediu desculpa por estar como que a tirar a magia ao seu atual FIFA 11 mas a verdade é que face a FIFA 12 parece assim tão antiquado. Face à anterior versão, a inteligência artificial de FIFA 12 está não só muito mais convincente como representa maior diversão. O exemplo dado aqui foi a de uma linha de defesa que se quebrava face a tempestuosas formas de atuar os elementos da equipa, que recorriam a entradas em carrinho correndo o risco de deixar a sua equipa descompensada.
A inteligência artificial em FIFA 12 lê os lances com melhor atenção e dá primazia à gestão do espaço e à preocupação em cortar linhas de passe ao invés de investir furiosamente para o confronto um contra um e permitir, por exemplo, tabelas. A inteligência artificial está mais personalizada de acordo com cada equipa mas com um leque tão vasto de conjuntos que seria praticamente impossível recriar fielmente todos. Portanto temos aqui vários tipos de formas de atuar que se adequam ao que a equipa pratica na realidade. No vídeo, e ao longo do tempo que passamos com a demonstração, o que vemos é uma linha de defesa, ou mais do que uma, que prefere manter a pressão sem entrar em devaneios e segura uma formação para impedir que fique descompensada. É toda uma forma de viver o jogo que ganhou muito mais personalidade.
Um dos elementos que também sai reforçado com todas estas melhorias é o Personality Plus que agora atingiu um patamar simplesmente incomparável. Rutter recorreu novamente ao vídeo para explicar como tudo evoluiu. Se em FIFA 11 alguns jogadores tinham comportamentos personalizados que os distinguia dos demais, em FIFA 12 tal mantém-se mas estende-se à forma como a equipa joga, como tira proveito desses jogadores com características únicas e consequentemente o tipo de personalidade da mesma.
O exemplo foi Peter Crouch e em especial o jogo da Liga dos Campeões em San Siro que opôs o Tottenham Hotspurs ao AC Milan. Peter Crouch é o que Rutter designou de aerial threat o que quer dizer que é perigoso no jogo áreo. No vídeo vimos que no jogo real em 15 minutos o Tottenham bombeou cerca de 10 bolas à procura do seu avançado. Tal como na vida real, o jogo da equipa Inglesa vai passar pela procura da sua referência atacante e isto é um exemplo. Outras equipas com outras referências vão nelas assentar o seu jogo e tal vai ser o elemento que vai determinar a sua personalidade.
Rutter apresentou uma parte no vídeo na qual Sérgio Ramos cruzava para uma área na qual Peter Crouch estava cercado por dois defesas, provando que a equipa tem confiança na sua capacidade para ganhar bolas pelo ar, visto que é uma aerial threat. Numa repetição do lance mas com David Villa a ocupar o lugar na área, Ramos preferiu não cruzar pois Villa não tem as mesmas especificações de Crouch. Ramos guardou a bola à espera de apoio enquanto um defesa imediatamente o pressionou recorrendo à nova forma de defender mais avança, a pressionar e não brusca.
Anteriormente referimos que FIFA 12 não aparenta grande evolução a nível gráfico face ao anterior mas tal não quer dizer que não existam óbvias melhorias. Durante o correr do jogo temos um ritmo mais fluído que beneficia o dinamismo e a atenção aos detalhes parece ser grande. As faces, aspeto frequentemente criticado pelos fãs, ostentam maior qualidade e maior semelhança com os seus "eus" reais. Como seria de esperar, onde o motor realmente brilha é nas repetições e nas sequências não controladas que surgem durante o decorrer do jogo, como a reação de um jogador a uma falta e momentos do género. FIFA 12 mostra-se um jogo altamente inspirado na jogabilidade e mesmo que a revolução prometida por Rutter não passe tanto pelos gráficos, pelo menos podem-se gabar de serem uma evolução.
Como já dissemos, nesta versão não tivemos acesso a nada mais que um modo de jogo e a duas equipas. Não nos foi possível testar as novidades que Rutter assegura que estão a caminho, de modos como Be a Pro ou Manager, mas ficou um pequeno vislumbre do que está a ser preparado. As expectativas são muitas e FIFA 12 parece estar a assumir contornos de um produto memorável dentro desta série que cavalga nas asas de um sucesso que durante muito tempo perseguiu e tão cedo não o pretende largar.
Quanto ao tão desejado reforço das equipas Portuguesas, Rutter preferiu deixar tal para mais tarde destacando que é um trabalho da equipa que ficou em Vancouver. Vamos ter que esperar para ver, pois enquanto é certo que todos os adeptos querem ver as suas equipas a ganhar destaque, o certo é que as equipas Portuguesas deixaram a sua marca na Europa merecem todo o destaque que lhes seja dado.