FIFA 13 - Análise
Quem segura esta bola?
Se o sistema defensivo foi alvo de uma melhoria através do sistema de colisões e marcação com mais pressão, temos agora do lado atacante uma melhoria da inteligência. Isto permite que os jogadores mais destacados em termos ofensivos como Messi ou Iniesta procurem pelos espaços livres, levando consigo os defesas de modo a abrir espaço para os colegas e para passes ou remates letais. Na prática os jogadores esforçam-se mais, não ficam à espera da bola ou do passe para ficarem ativos.
Esta melhoria da inteligência atacante articula-se bem com o novo sistema de drible. Ou melhor, o Complete Dribbling. Agora os jogadores são capazes de articulares dribles rápidos com mobilidade total à sua volta e dribles médios usando ambos os gatilhos. É todo um manancial de toques de bola a qualquer velocidade que à disposição dos melhores artistas funciona como uma forte arma para investir diante dos defesas. Estas técnicas ao serviço de Messi depressa nos revelam como o futebol está mais fluído e dinâmico.
Arriscar demasiadas deambulações pode resultar numa perda de bola óbvia. Algo que não acontecerá se a mesma circular entre os jogadores ali por perto. Assim, tanto podemos acelerar e produzir manobras ofensivas mais arriscadas como de repente reter a bola, pausar e abrir um passe, por um espaço criado, diretamente para um avançado. Para as situações no confronto de um para um é possível aliar criatividade ao risco de enfrentar o adversário.
Outras novidades estendem-se ao capítulo da marcação dos livres diretos. Os produtores quiseram aumentar a indefinição resultante da marcação destes pontapés diretos de longa distância. Acaba por resultar melhor no confronto entre jogadores humanos. À semelhança dos jogos que vemos na TV, o jogador pode colocar três avançados atrás da bola e confundir os jogadores do outro lado através de corridas, remates falsos e passes que geram mais indefinição. Contudo, não foram entregues só opções novas aos avançados. Quem comanda a defesa pode reagir, enviando um homem para a frente da bola logo após o remate e selecionando o número de defesas que compõem a barreira. Não é um sistema fácil de dominar à primeira, especialmente por quem ataca, mas depois de alguma adaptação permite alcançar resultados bem positivos.
Uma das imagens de marca da série é a relativamente justa e moderada curva de aprendizagem. Chegar ao topo das movimentações é matéria para os profissionais. Porém, através dos Skill Games, jogadores novatos e menos cotados podem aprender rapidamente o essencial do jogo e daí partir para um domínio alargado. Estes mini jogos estão alinhados em diversas categorias como passes, remates ou dribles. Tudo técnicas essenciais para levar de vencida um adversário. A existência de diversos escalões de dificuldade, do bronze ao ouro, permite acumular mais pontos de experiência para subir de nível e encontrar desafios mais elevados. Estes jogos podem ser ativados por escolha no ecrã de opções ou praticados antes do apito inicial de um jogo.
"Refira-se ainda que FIFA 13 permite, pela primeira vez, a utilização do Move e Kinect para a PS3 e Xbox 360, respetivamente."
Por norma existe um número de tentativas definido para concluir com sucesso as jogadas a realizar. A maior parte das vezes há alvos colocados na baliza ou no centro da área. Tudo depende do que estiverem a praticar. Por fim, até podem aceder a tabelas mundiais de classificação com a vossa colocação e a dos vossos amigos. Certo é que por aqui rapidamente penetram naquilo que representa as principais alterações para a presente edição, ficando bem habilitados para enfrentar o adversário ou o computador.
No que respeita aos modos de jogo, a EA não apresenta grandes transformações ou modos de jogo totalmente novos. Porém, os alargamentos são visíveis desde logo no EA Sports Football Club, uma das principais portas de entrada para o jogo e que permite ao jogador seguir um grande número de jogos e desafios através do seu clube de eleição, de modo a que este suba nas tabelas mundiais de classificação. Este modo confunde-se um pouco com os sistemas de role-play. Por aqui o jogador adquire prémios, sobe de nível de experiência, adquire celebrações especiais, avanços para o modo Virtual Pro e para o modo carreira.
Outra particularidade é a presença de desafios regulares que acompanham os calendários das diversas ligas oficiais, contribuindo para mais algum realismo. Os grandes eventos são acompanhados por uma pequena antevisão. Como já dissemos atrás, é neste ponto que FIFA 13 colhe benefícios por abarcar 500 clubes oficiais e mais de 15 mil jogadores oficiais espalhados por uma vasta gama de ligas. Porque a partir daí permite organizar vários desafios envolvendo principais e secundários clubes, e como os principais não jogam apenas entre si, os clubes adversários menos cotados acabam por desempenhar um papel relevante.
Quanto ao modo carreira, este continua a promover a vertente manager e jogador, sendo que no primeiro caso está o sucesso do clube e no segundo sucesso a título individual a partir do coletivo da equipa. A grande novidade dentro deste modo é a entrada das seleções, o que permite aos treinadores representar uma seleção ou jogar para a formação do país do jogador em formação, o que significa que poderão disputar não só as fases de apuramento do campeonato do mundo e da Europa como as respetivas fases finais e ainda a taça das confederações.
Outras alterações, moderadas, podem ser encontradas nas janelas de transferências dos jogadores. Desta vez passou a dar-se atenção a atributos e motivações dos jogadores em vez de um preço como critério único e para o qual bastava entregar a soma monetária. Agora, os clubes passam a analisar detalhes do contrato e a vertente moral do jogador. Oferecer um jogador como parte de um negócio passa a ser permitido.
Dentro dos relvados, a progressão de um jogador por vários clubes obedece a critérios mais realistas. Na versão no ano passado, depois de se escolher um avatar e definir uma posição do jogador no campo e um clube para começar a jogar. Desta vez há um critério estabelecido pelo clube, podendo o jogador começar no banco e só com a evolução do campeonato perceber o seu estado de evolução. No caso dos clubes mais cotados um empréstimo representa sempre uma oportunidade para dar nas vistas e regressar em grande ao clube de origem.
Quanto aos estádios lamenta-se a ausência do Camp Nou do Barcelona, talvez compensada pelos novos estádios do Tottenham e um outro da Arábia Saudita. No total há mais de sessenta estádios para desfrutar, embora tenhamos mais uma vez que somar à ausência do Camp Nou a não inclusão de estádios portugueses. A atmosfera e o ambiente dentro dos estádios continua contagiante e bem viva por força dos cânticos dos clubes. Aqui irão reconhecer os apoios dos principais clubes portugueses. Quanto às formações, todos os plantéis estão praticamente atualizados, salvo transferências como as de Hulk do Porto ou Witsel do Benfica, que ocorreram em momento posterior. A banda sonora volta a ser uma das principais apostas da EA, totalizando aproximadamente 70 temas.
Refira-se ainda que FIFA 13 permite, pela primeira vez, a utilização do Move e Kinect para a PS3 e Xbox 360, respetivamente. Para o Move destaca-se a possibilidade de comandar os jogadores, ainda que em termos limitados, enquanto que para o Kinect a voz do jogador permite dar indicações para dentro do campo.
Posto isto, é injusto dizer que FIFA 13 representa uma expansão do jogo passado. Cada edição define um passo cada vez mais seguro no interesse dos fãs. Contudo, ainda há bastante trabalho pela frente até tocar a perfeição. Os atletas merecem mais definição, assim como os estádios, quando vistos do relvado, ainda ficam aquém da magnitude que se espera. Porém e quanto ao futebol jogado, FIFA 13 é um jogo não só vastíssimo em conteúdos, como injeta mais especialidade e realismo a uma experiência de jogo bastante autêntica. Esta edição não dá origem a revoluções com sucesso, mas evolui necessariamente com solidez e segurança.