FIFA 15 - Antevisão
Intensidade, emoção e melhor controlo.
A Electronic Arts escolheu o Estádio Vicente Calderón, casa do Atlético de Madrid, campeão espanhol da temporada que findou e finalista derrotado da edição 2014 da Champions League em Lisboa, para mostrar as primeiras coordenadas do seu próximo jogo de futebol, FIFA 15. Sendo esta a segunda entrada da série na nova geração de consolas, há um imediato interesse em saber como está a EA Sports a tirar proveito das novas plataformas e a programar o futuro próximo da série, sabendo que a fórmula que possui, não requer grandes transformações mas um aperfeiçoamento e melhoria. A progressão da série FIFA tem sido muito positiva. FIFA 14, um jogo de transição, trouxe significativos avanços, especialmente ao nível dos movimentos dos jogadores, da inteligência humana, do "pure shot", da física de bola, da protecção e da técnica de elite.
Mas para os produtores, futebol também é mais do que isto. Sebastian Enrique, produtor do estúdio Vancouver, da mesma nacionalidade de Messi e desde há muito produtor no Candá, sublinha a emoção e intensidade do futebol, no fundo aquilo que torna este desporto tão apaixonante ao ponto de mover multidões. Logo nos fornece um exemplo, a final da Liga dos Campeões, para mostrar como em poucos minutos o resultado mudou por completo, levando os adeptos do Real e Atlético a passarem por emoções distintas. Assim, um dos objectivos para FIFA 15, é incutir maior emoção e intensidade. Que atitude um atleta tem para um rival que carrega sobre si ou como reage um colega ao falhanço de um avançado que atira a bola ao lado quando tem apenas o guarda-redes pela frente? A EA Sports desenvolveu um conjunto de emoções partindo de multiplas ligações estabelecidas entre os jogadores.
Com mais de metade do jogo feito, outro aspecto alvo de grande melhoria é o apoio das claques, agora totalmente em 3D e com comportamentos distintos da restante audiência que compõe o estádio, o que faz das claques algo localizável. Os adeptos do Liverpool reconhecerão imediatamente o apoio no tema "you'll never walk alone", mas haverá outros apoios conhecidos de alguns clubes relevantes da cena mundial. Ainda no capítulo da intensidade e projecção da magia do futebol, a EA Sports introduziu os "highlights" com comentários e repetições dos momentos altos da primeira parte ou do jogo completo e repetições em câmara lenta. A ideia é transmitir uma boa sensação. As celebrações dos jogadores após a marcação de um golo também foram alvo de melhoria, com novas corridas para o extremo das linhas e aqueles ajuntamentos típicos, com jogadores a saltarem para cima dos outros.
Em termos visuais, a aposta da EA Sports é muito significativa. Os modelos dos jogadores ganharam um reforço e cuidado visuais. Nos jogadores com grande porte atlético, detectam-se os músculos abdominais tonificados por debaixo da camisola. Há mais dobras na camisola quando o jogador se dobra nalgum lance. O aspecto dos jogadores e seus movimentos é bem mais real e menos robótico. Mas há outros efeitos que foram alvo de grande atenção, nomeadamente a iluminação global, capaz de proporcionar um jogo de luz e sombra bem mais realista. Outra particularidade interessante é o desgaste do relvado, assinalado por pegadas sobretudo na área de acção do guarda-redes. Nos remates aos postes, estes tendem a abanar num efeito bastante realista, mas também dependente da força do remate. Ao redor das quatro linhas os placards electrónicos vão transmitindo publicidade (por enquanto apenas da Electronic Arts).
No que toca à jogabilidade, os produtores elegem a inteligência artificial como um dos alvos de maior atenção. O objectivo primordial é dar mais instruções ao jogador quando tem a bola, esteja ele ao ataque ou à defesa. Procurar espaços, criar oportunidades, desmarcar um colega, são algumas situações que reforçam a produção ofensiva, procurando reduzir a influência dos jogadores que apenas se preocupam em manter a bola. O principal é que haja mais contextos e variedade de situações, sendo aqui novamente recuperado o que se viu na final da liga dos campeões, em Lisboa. Durante uma parte do jogo, o Real Madrid gastou muito tempo em lances inconsequentes, mas quando o tempo escasseou a equipa foi capaz de procurar diferentes soluções ofensivas, sem dar tempo ao adversário para respirar.
Mas se há uma equipa preocupada em criar mais lances ofensivos e trocar a bola com mais velocidade no ataque, já a formação adversária, estando com vantagem no resultado, ainda que mínima, fará tudo para queimar tempo. Sempre com exemplos de jogo e situações tiradas da produção de FIFA 15, vemos jogadores junto à linha de canto a segurar a bola com a sola da chuteira, num jogo de contenção e defensivo, a envolver novos movimentos de posse de bola. Outro interessante comportamento revelado é proporcionado pelo último defesa. Nos lances que vimos, a anterior preocupação em partir para o adversário na tentativa de lhe tirar a bola foi substituída por um recuo cauteloso, esperando que o adversário invista numa finta para então sim arriscar o corte de bola.
A tudo isto junta-se o elemento mais importante na experiencia FIFA, o controlo dos jogadores, e neste capítulo a sensação de melhoria é imediata. O jogo está bem mais fluído. Há toda uma precisão nos passes e remates, sobretudo quando assumimos o controlo de jogadores mais ágeis e tecnicamente dotados. A jogabilidade não está mais rápida, mas o melhorado e realista drible é o ponto de partida para uma série de oportunidades e para uma definição e estilo de jogo mais vincado. Das quatro equipas que pudemos jogar numa demonstração ainda pequena mas já bastante avançada quanto à jogabilidade, o Barcelona era quase sempre o clube requisitado por possuir jogadores dotados de habilidade para o Tiki-taka.
Mas numa observação e controlo minuciosos, reparamos noutros detalhes como os confrontos individuais ou duelos. Os jogadores podem usar o ombro para recuperar a bola e, nalguns casos, até poderão puxar a camisola do adversário, numa acção mais real. Sobretudo, existem novas animações, pequenos toques de bola, que conjugados com uma maior fluidez tornam tudo mais imediato, fluido e responsivo.
Com pouco mais de metade do jogo desenvolvido, ainda há bastante trabalho pela frente. A demonstração disponibilizada não está isenta de problemas. Algumas quebras de frame rate, certas reposições de bola com alguma instabilidade, com alguns jogadores deslocados da posição, mas no geral são bem notórias as evoluções e sobretudo a direcção de FIFA 15 no sentido de uma maior fluidez no controlo da bola e uma poderosa atmosfera. Sem revelar modos de jogo (esses ficarão para mais tarde), a EA Sports está empenhada em trazer às consolas da nova geração e ao PC a dimensão maior do futebol, a paixão que faz deste o desporto rei.