FIFA 18 Switch - Análise
O futebol regressa à consola da Nintendo.
Foi há cinco anos, com FIFA 13, que a EA lançou o último jogo da série numa consola da Nintendo, a Wii U. A performance do jogo no mercado não foi a melhor e no ano seguinte a Electronic Arts acabou por descontinuar a versão. Porém, este ano e por ocasião do evento de anúncio da Nintendo Switch, em Janeiro passado, vimos uma EA disposta a regressar e arriscar com um novo desafio de futebol numa máquina da Nintendo. Convenhamos que, para Nintendo e EA, o regresso da paixão futebolística a uma máquina da Nintendo é positiva para ambas. É de resto verdade que a EA sempre marcou presença numa nova plataforma da gigante de Quioto, ainda que sujeite a avaliação a performance dos seus produtos e com isso decida a breve trecho sobre a manutenção da sua aposta.
A série FIFA é um dos nomes mais fortes em videojogos, daí a expectativa em torno da versão FIFA 18 que chega à Nintendo Switch, a plataforma híbrida da Nintendo, que possibilita uma experiência de jogo em qualquer lado, embora seja claramente menos poderosa, em termos de processamento de dados e grafismo, que as outras consolas domésticas.
Embora partilhando o mesmo título do jogo - FIFA 18 -, estamos perante versões diferentes. Na realidade, FIFA 18 na Switch é um jogo adaptado, desenvolvido com um motor gráfico específico (na linha das versões PS3 e Xbox 360, que a EA ainda mantém), diferente do Frostbite, que tem aplicação nas versões PS4, Xbox One e PC. Este motor é transversal a um conjunto de jogos produzidos pela EA, o que uniformiza as ferramentas e facilita o desenvolvimento de certos elementos, como a modelação dos atletas e as cinematográficas, com relevo para o modo Journey (ou a caminhada, se preferirem o termo em português).
Sendo que grande parte das melhorias implementadas na versão deste ano, como animações, melhor luminosidade nos estádios e a continuação da campanha de Alex Hunter se devem à nova tecnologia, grande parte desses desenvolvimentos foram descartados na versão Switch de FIFA 18, que à semelhança das edições PS3 e Xbox 360, não apresenta o modo Journey, ao mesmo tempo que é inferior em termos gráficos, sem muitas das animações adicionais dos atletas e sobretudo com uma notória diminuição nos ambientes dos estádios, particularmente na qualidade dos efeitos visuais. Além disso, acrescem algumas limitações em termos de online, não sendo possível realizar partidas com os amigos, mas apenas participar em partidas aleatórias com outros jogadores.
A EA Sports sabia que ao adaptar o jogo para a Switch teria que efectuar concessões e deixar de fora alguns elementos. Certos compromissos teriam de ser atingidos, embora seja adequado apontar este como o melhor FIFA em formato portátil, nisso residindo não só o interesse da EA em regressar às consolas da Nintendo, contando que o jogo possa ser bem sucedido graças a essa possibilidade de transporte, ao mesmo tempo que para a Nintendo é crucial ter um "player" da dimensão da EA a "jogar" na sua consola.
No entanto, cumpre dizer que FIFA 18 na Switch joga-se bem. É uma experiência futebolística desprovida e económica, um pouco "low cost" mas que mesmo assim chega ao seu destino, não sendo de todo desprestigiante. Nas quatro linhas o futebol praticado não tem a fineza dos confrontos praticados nas versões superiores, mas consegue, apesar das limitações, produzir boas sensações, replicando de forma satisfatória as edições mais recentes e alguns elementos da actual edição, como os cruzamentos manuais, maior precisão no passe, sistema de cobertura.
O ritmo é um pouco diferente, sobretudo porque não está presente a captura adicional dos atletas de renome como Cristiano Ronaldo ou Neymar. Ainda assim, as partidas são bastante fluidas, um pouco rápidas é verdade, embora com movimentos precisos e ajustados. As subtilezas como os pequenos toques, dribles e fintas estão presentes. A inteligência artificial não sendo a mais avançada, não é preocupante. Por comparação com a última edição de FIFA numa consola da Nintendo, FIFA 18 está num patamar superior, revelando-se um jogo mais cuidado e satisfatório. Infelizmente, as pequenas cinematográficas antes, durante e depois da partida não são tão desenvolvidas. O aspecto dos jogadores foi simplificado (dá a sensação que o campo é muito grande e os jogadores mais pequenos), sobretudo nas texturas, sendo menos notórias as semelhanças com os congéneres reais, o que é um pouco desapontante. A aproximação às bancadas é menor, não se vêem os treinadores e a sensação de profundidade não é tão grande. Visualmente logo percebemos como esta é uma versão diferente, mas no principal, no factor jogabilidade, consegue exibir um nível razoável e prático.
Sendo que a grande ausência é o modo Journey, desta vez ingressa o modo FUT, um dos modos mais apetecidos que nos deixa construir uma equipa à nossa maneira, com os nossos jogadores favoritos. De realçar que a aplicação do FUT na Switch actua de forma autónoma das versões PS4, Xbox One e PC e não poderão utilizar o aplicativo que vos deixa gerir a equipa à distância. De resto, não é um modo com o mesmo grau de amplitude uma vez que algumas funcionalidades não se encontram presentes como as "squad challenges", os desafios diários e o modo "champions". Trata-se de um modo um pouco limitado, por comparação com as outras edições, ainda assim suficiente para causar uma impressão positiva junto de uma potencial nova audiência.
No tocante ao modo carreira, a versão Switch não apresenta as cinematográficas e toda a negociação envolvente no decurso do período de transferências. Trata-se de uma opção mais básica, com novos objectivos, mas sem a profundidade das outras versões, o que acaba por desapontar um pouco, da mesma forma que os desafios online não permitem partidas entre os amigos, através de rede, embora possam partilhar a experiência se estiverem no mesmo sítio.
Outra hipótese passa por colocar o ecrã da consola sobre a mesa e entregar um joy-con a outro jogador. É uma opção aceitável para partidas rápidas, mas sem outro analógico no comando e com menos botões, preparem-se para uma experiência mais simplificada, sem as subtilezas a que estamos acostumados. A melhor opção passa por jogar com os comandos "pro" mas para isso terão que os adquirir à parte.
Atendendo à presença de outros modos, os torneios, o futebol feminino, as competições e as ligas, pode-se dizer que é significativo o conteúdo, ainda que no plano global esta seja uma experiência de FIFA 18 com menos opções. No tocante à jogabilidade não se pode dizer que seja a mais evoluída, mas reproduz com solidez uma parte significativa do futebol que nos habituamos sob a égide EA Sports. Sem chegar perto das edições mais evoluídas, FIFA 18 na Switch consegue ser agradável, apesar de não estar no mesmo nível nas edições dominantes, tendo claro a vantagem de poder ser transportado para todo o lado. É nisso que a Nintendo deposita as fichas ao receber o popular jogo da EA nas suas fileiras, ao mesmo tempo que esta enquanto editora espera que esse factor proporcione outra performance ao seu produto que a edição FIFA 13 manifestamente não alcançou.