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Final Fantasy XIV: A Realm Reborn - Análise

Renascimento em grande.

O sistema de progressão é um dos lados mais conseguidos de A Realm Reborn. Como todos sabemos, os MMORPG's são jogos por natureza assimétricos, ou seja, tomamos escolhas claramente diferentes de início, e que são determinantes para o resto da experiência. Isto levanta sempre muitos problemas, nomeadamente de equilíbrio de poder entre os jogadores. Num ambiente cooperativo assente na tradicional trinity que nos habituamos a usar (tank, healer, dps), a Square Enix decidiu-se por oferecer total flexibilidade aos jogadores para enfrentar o jogo da forma que escolherem, permitindo mudanças em vários patamares.

Atingir um determinado nível com uma classe desbloqueia jobs, por exemplo, o meu Gladiator desenvolve as suas capacidades para um Paladin, um Lancer num Dragoon, um Arcanist num Summoner ou Scholar, só para dar alguns exemplos. Adicionalmente, este Armoury System que desbloqueia logo a nível 10 permite modificar por completo a classe, permitindo à mesma personagem aceder a todos os Jobs.

Este sistema é engraçado e oferece toda a flexibilidade para os jogadores modificarem o seu jogo sem ter que começar tudo novamente, perde-se algo em compromisso, embora mais para o final é natural que se acabe por definir um papel principal, uma especialidade. Escolhi jogar com um tank no momento que vi que as equipas para Dutys eram constituídas por 4 jogadores, normalmente existe sempre muita procura por tanks e healers, e muita oferta de dps. Considerando que cada grupo apenas tem lugar para 2 dps, imaginei que a espera seria mais ainda longa neste caso. A vantagem é que com este sistema facilmente assumimos qualquer um dos três papéis, desde que tenhamos equipamento para isso claro.

Inicialmente a subida de nível é aborrecida, precisam de lhe dedicar uma boa dose de tempo até Eorzea vos prender definitivamente. As quests envolvem o tradicional grind de todo o tipo de tarefas, existem também os Fate nas várias zonas, que são a versão de A Realm Reborn dos eventos locais já tradicionais dos MMORPG's modernos, e depois claro, vem o end-game.

Depois de atingido o nível 50 o foco principal está na obtenção de melhor equipamento possível. O número máximo no momento dos desafios em "instanced content" são equipas de 8 jogadores, e as recompensas mais elevadas de iLvl 90. De momento os jogadores concentram-se primeiro em terminar a story line de quests, depois correr o Duty Finder em busca de tomestones, e completar assim o seu set Dark Light e a Relic Weapon.

Existem alguns barrier checks como é costume nos MMO's, mas quase sempre gear cheks, não há grandes mecânicas que envolvam um absurdo trabalho de equipa (aka skill). Existe assim muito por onde evoluir no end game, principalmente os raid groups de 24 pessoas prometidos para o futuro. Existirá ainda a possibilidade de criarmos o nosso próprio Chocobo, um sistema se Housing (parece que também virou padrão) e claro, o PVP.

Há muita coisa que gostei de ver em A Realm Reborn, que apesar de estruturalmente ser o MMORPG ocidental que estaríamos à espera, tem muito de inspiração oriental, não fosse ele um Final Fantasy. A mistura de classes com Jobs lembrou-me imenso o homónimo tactics, os logs de combate inspirados nos RPG orientais leva-nos a procurar por todo o tipo de criaturas, as instâncias muito focadas no aspeto narrativo, e ainda o conteúdo fechado até certas condições serem cumpridas. Um pouco de sabor "old-school" num MMO que apesar de não trazer nada de revolucionário, mistura muito bem elementos de vários RPG's do passado.

"…tem muito de inspiração oriental, não fosse ele um Final Fantasy."

O jogo é completamente "cross platform" entre a PlayStation 3 e o PC, com diferenças na qualidade visual, mas grandes limitações na versão de consola, principalmente no que à comunicação e à interface diz respeito. Digo isto não para tomar partido, mas é enorme a diferença de competência que um jogador pode conseguir entre as duas plataformas, se o controlo da personagem é super intuitivo e fluido com um analógico, o acesso a dezenas de keybinds e macros é natural no teclado, e uma verdadeira luta na consola.

A principal conquista de A Real Reborn tem a ver com o facto de parecer um verdadeiro Final Fantasy, é possível aproveitá-lo sem sequer nos lembrarmos que estamos a jogar um MMO. Claro que isto apenas não justifica o pagamento de uma subscrição, modelo que vai exigir um update constante com significância para que os dois públicos mantenham o interesse.

De momento as queues são praticamente inexistentes, e os mundos estão cheios de jogadores, tal como é suposto. Inicialmente sofreu de alguns problemas com os servidores, mas esse problema parece completamente ultrapassado. No geral é capaz de agradar aos imensos fãs de Final Fantasy, que vão encontrar montes de referências e figuras conhecidas da história da Franquia, se querem montar um Chocobo ou uma Magitek Armour, voltar a interagir com Moogles, ou rever Cid e Lightning, vemo-nos em Eorzea.

8 / 10

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