Firewall: Zero Hour - Análise - Guerra 4D
Rainbow Zero Siege.
Depois de ter jogado Bravo Team na Playstation VR há uns meses - título esse que não me deixou propriamente realizado, tendo sido bastante difícil encontrar pontos positivos nele - foi com muita apreensão que comecei a jogar Firewall Zero Hour.
Em primeiro lugar, ambos os jogos seguem uma estrutura semelhante que vai muito além do simples facto de terem sido criados para a realidade virtual: ambos são shooters em primeira pessoa que te inserem em cenário bélicos e que te obrigam a combater os teus inimigos usando uma série de armas à tua disposição.
Ainda assim, Firewall Zero Hour encontra-se num patamar francamente superior quando comparado a Bravo Team, sendo que a diferença principal entre os dois títulos prende-se com o facto de Firewall Zero Hour não possuir qualquer narrativa - trata-se, acima de tudo, de um jogo de estratégia e rapidez onde és obrigado (quer queiras, quer não) a conhecer bem os diferentes palcos individuais onde a acção decorre e a deslocar-te rapidamente de um local para outro como forma de defesa, ataque ou simplesmente para encontrares itens que podem ser bem úteis ao longo da missão, como munição extra ou itens curativos.
Firewall Zero Hour encontra-se num patamar francamente superior quando comparado a Bravo Team.
Mas como funciona Firewall Zero Hour? Bem, neste aspecto, não há muito a dizer. De forma simplificada, és colocado numa espécie de arena - que pode ser um bunker, um estaleiro, uma mansão, um escritório, entre outros tipos de palcos - e poderás escolher se queres ser atacante (que te incumbe de colocar os teus dados no computador inimigo) ou defensor (onde tens que impedir o inimigo de colocar os seus dados no computador). Mediante a tua escolha, as tarefas que terás de realizar serão ligeiramente diferentes: se fores atacante, terás de descobrir uma firewall presa na parede algures no cenário, encontrar o computador, começar a invasão e depois proteger o dispositivo até que a transferência chegue aos 100%.
Se fores defensor, terás de impedir que os teus inimigos cheguem ao computador e descarreguem os seus dados, protegendo-o a todo o custo. É uma mecânica simples, mas com algumas nuances que vais descobrindo à medida que fores jogando.
A fórmula pode tornar-se um pouco repetitiva, é verdade, mas o jogo dá-te várias opções que te ajudam a mitigar um pouco esta condição. Em primeiro lugar, para além da tua arma principal, tens ainda acesso a uma arma secundária, granadas, explosivos C4 e outro tipo de equipamento que te permite organizar o teu ataque ou defesa de forma estratégica - podes, por exemplo, colocar explosivos e outro tipo de armadilhas em portas e paredes para impedir que os teus inimigos avancem e cheguem ao computador.
A fórmula de Firewall Zero Hour pode tornar-se um pouco repetitiva mas o jogo dá-te várias opções que mitigam esta condição.
Para além disso, tens ainda um sistema de progressão que te permite aceder a novas armas e equipamentos para a tua personagem que podem mudar radicalmente a estrutura do jogo. Por exemplo, um desses equipamentos consiste num aparelho que previne que a oposição invada o computador até que o mesmo seja encontrado e destruído. Portanto, o facto de teres que arranjar um local para o esconder ou, em alternativa, destruí-lo dentro de um período de tempo muito limitado adiciona uma camada extra de pressão às tuas tarefas que já por si são bastante assoberbantes.
Mas isso é uma coisa boa. Firewall Zero Hour obriga-te a estar constantemente atento aos teus arredores e a prestar atenção a qualquer som ou sombra que apareça no teu campo de visão. Já se torna um pouco cliché dizer este tipo de coisas (se bem que não deixa de ser verdade) mas o headset juntamente com a pistola Playstation tornam o jogo realmente imersivo. E apesar de poderes também jogar com o comando tradicional, não te aconselho de todo: dei por mim a girar em todas as direcções fisicamente, à procura de inimigos ou do marcador que sinaliza as firewalls e o computador, a olhar por trás do meu ombro para me certificar que ninguém estava a perseguir-me e a tentar matar-me de forma furtiva, a agachar-me, a esconder-me. E isto é a realidade virtual: ou, pelo menos, aquilo que devia ser sempre.
Firewall Zero Hour obriga-te a estar constantemente atento aos teus arredores.
Claro está, a experiência não é perfeita e não deixa de ser assombrada pelos tradicionais problemas associados à realidade virtual: por um lado, é complicado libertares-te da sensação causada pelo facto de estares parado no mundo real mas a movimentares-te dentro do jogo, causando um desequilíbrio extremamente desagradável dentro do teu cérebro que pode não assentar com muita gente, especialmente os novatos da realidade virtual. Por outro lado, a câmara do PSVR nem sempre consegue acompanhar devidamente os movimentos da tua arma, o que pode ser ligeiramente complicado num jogo como este em que a mira é essencial para a tua sobrevivência e acabas por disparar um pouco à toa até que o sistema seja calibrado.
Ainda assim, o facto de Firewall Zero Hour ser um jogo frenético com constantes estímulos provenientes de todos os lados - juntamente com o facto da tua missão ter um temporizador - quase nem te dá tempo para pensares nestas pequenas questões. No entanto, podem acontecer periodicamente, e são particularmente irritantes quando és emboscado por uma série de inimigos e a forma como a arma se comporta dentro do jogo não se coaduna com o movimento dos teus braços.
Firewall Zero Hour foi uma agradável surpresa.
De qualquer das formas, Firewall Zero Hour foi uma agradável surpresa. Assim que consegui cumprir o meu primeiro contrato de forma bem-sucedida, fui coberto por um sentimento de realização e senti-me genuinamente orgulhoso de mim mesmo. Apesar da mecânica básica ser sempre a mesma, o jogo vai-te disponibilizando diferentes itens e personagens que tornam as partidas excitantes. Não é, na minha opinião, o melhor jogo para VR; mas é o melhor shooter disponível neste momento na plataforma. E isso já é de louvar.