FlingSmash
Alguém furou a bola.
A forma como se conjugam os níveis recupera os esquemas de progressão de alguns jogos como Super Mario ou Donkey Kong. Assim, por cada mundo, há três níveis e cada um só fica completo depois de se obter a respectiva pérola. Mas a concha só abrirá depois de recolhidas três medalhas – normalmente e considerando as zonas escondidas o jogador pode recolher mais do que uma mão cheia de medalhas. Findas as três secções do mundo em desafio haverá uma luta contra um “boss”, devendo Zip acertar-lhe as vezes precisas até reduzir o indicador de vida.
No entanto, cada secção é excessivamente curta e entre um a dois minutos o objectivo fica concluído. Além disso, a dificuldade nos níveis iniciais é praticamente inexistente. As medalhas são obtidas sem necessidade de empurrar a bola para pontos extremos e o único desiderato passa por atirar a bola para a frente. Por vezes fica a impressão que o jogo entrou num modo automático e pouco cabe ao jogador fazer senão alguns movimentos repetidos. Mesmo a luta contra os “bosses” iniciais não oferece qualquer resistência. Assim, acaba por ser uma questão de persistência e tempo até esvaziar o indicador de vida ao adversário.
E torna-se tão mais caricato este processo de levar a água até ao moinho, mesmo que a execução dos movimentos de Zip passe por vezes por uma sobreposição de movimentos repetidos, quase frenéticos, não obstante as advertências no sentido de fazer movimentos simples e suaves (há um círculo que mostra a posição do wii remote). Na verdade, sente-se que, com calma e empurrando o Wii remote na direcção certa, é possível atirar a bola na direcção dos objectos e pontos desejados, mas é na abordagem ao ressalto e ao segundo movimento que a situação se complica, com perda de orientação. Confusão que pouco parece afectar os objectivos previstos para cada secção, exceptuando o “boss” do sétimo mundo que obriga a uma gestão cuidadosa dos movimentos e da forma como são executados, sob pena de perda de vidas num curto espaço de tempo.
Mesmo neste quadro onde os extremos como simplicidade e frustração dão as mãos, encontram-se segmentos que poderiam dar outro rumo ao jogo; como o mundo onde a personagem subitamente se transforma numa bola de ferro e passa a executar as regras da física de forma eficiente, ou então quando é empurrada por ondas de vento e cabe ao jogador recolher dessa rapidez os melhores dividendos.
Porém e apesar de algumas boas ideias, na prática o funcionamento raramente seduz e nem os cenários coloridos se destacam. Uma curta chama de beleza que se apaga após os segmentos iniciais. A partir do segundo mundo pouco mais há a reter, nem os desafios intermédios contra algumas criaturas que obrigam a rebentar uma sequência de números ou enfiar a bola numa baliza protegida por uma criatura afastam uma acomodação às regras. FlingSmash é extremamente curto, demasiado circular, e algures entre facilidade sem pejo e rigor desmedido. Nem se percebe como a Nintendo aceitou publicar um “first party” nestes termos, salvo se considerarmos a possibilidade de promoção do Wii remote com Wii motion plus já integrado.