flOwer
Um poema em forma videojogável.
Se há jogos onde não é preciso um manual de instruções, flOwer é um deles. Tudo do que precisam de saber para jogar flOwer pode ser escrito numa única frase sendo o seu mote supremo, o relaxe e a entrada numa experiência absolutamente única e bela.
flOwer é um exercício de tranquilidade, um apelo terapêutico em forma videojogável a esse estado de espírito e a essa forma de saber estar que tanto nos parece querer faltar nos dias de hoje. Mesmo retirando o jogo do contexto no qual se foca, a agitada e confusa vida na cidade onde as plantas e jardins dão lugar a blocos de cimento ao alto, e onde por vezes as cores diferentes são apenas por elas proporcionadas, podemos perfeitamente inserir flOwer no contexto do dia a dia de um comum jogador. Quando os jogos se tornam em experiências cada vez mais elaboradas, e em alguns casos mais exigentes e até causadores de maior stress, temos a possibilidade de equilibrar com experiências como esta onde a simplicidade arrebata o destaque.
Algo que não é nada de estranhar pois estamos perante o mais recente trabalho da ThatGameCompany, os responsáveis por flOw, reconhecido facilmente pelo público PlayStation. flOw apela ao jogador com um esquema simples, fácil e intuitivo no qual o jogador apenas precisa de relaxar sobre a premissa de “a vida podia ser simples” desfrutar de algo igualmente divertido. As bases que sustentam flOw e flOwer são semelhantes e de certa forma equiparáveis. Para compreender como se desenrola este poema videojogável, tivemos acesso a três níveis (versão final será composta por sete) que nos deram uma mais do que clara perspectiva sobre o que esperar do jogo.
Como o nome deixa antever, em flOwer o destaque vai para as flores e para os campos, sendo a nossa missão dar vida e cor aos níveis. A nossa tarefa será levar a primeira pétala de uma flor ao encontro de outras para que mais se juntem e façam com que um mundo praticamente desprovido de cor se torne tão colorido quanto um arco-íris.
Realizar tal é extremamente fácil, pois em flOwer nada é complicado, não fosse este um jogo que pede ao jogador para relaxar. Com o sensor de movimentos o jogador controla a pétala e pressionando qualquer botão faz com que o vento transporte com maior rapidez essa pétala que ao entrar em contacto com flores, ainda por desabrochar, dá-lhes vida e estas libertam uma pétala que se junta ao conjunto que controlamos. Com o desabrochar de algumas flores mais surgem e mais pétalas vão-se juntando, algumas flores surgem em conjunto e uma vez todas desabrochadas fazem com que certas partes dos cenários ganhem vida e cor, com a relva seca a ganhar um tom esverdeado e o céu muda para um belo azul.
Apesar de toda a serenidade que se instala a jogar flOwer, sentimos estar perante uma forma graciosa no combinar da fórmula enquanto videojogo com a experiência. Isto porque apesar de conseguirmos encontrar satisfação em apenas planar pelos campos, enquanto ganhamos uma sensação reconfortante e inspiradora de liberdade, continuamos na mesma interessados no que a objectivos videojogáveis interessam, pois surgem bem implementados. Sentimos a necessidade de realizar o efeito e com o desabrochar das flores, com o surgir de cores e com o ganhar vida dos campos, sentimos uma imensa vontade em continuar a desabrochar todas as flores e ver como todo o cenário se altera. Muito deste efeito satisfatório, e de todo o charme que flOwer ostenta, surge por parte de outra das características mais importantes em flOwer, a forma como o “joga” das cores serve a jogabilidade e o efeito visual.
A cor é um dos principais aspectos de flOwer, um dos seus elementos mais essenciais e o elemento responsável pelo encanto visual que o jogador poderá sentir. As flores são de cores variadas e ao adquirirmos novas pétalas de variadas cores, podemos controlar o que pode ser descrito quase como um arco-íris de pétalas. A própria relva e o cenário, graças aos nossos actos, perdem o tom cinzento e ganham cores diversas. Ver várias flores cor-de-rosa no meio de um imenso de erva azul pode ser mais encantador do que imaginam. No entanto não é só na cor que o cenário muda pois quase como se nos indicassem um certo caos na natureza, alguns elementos dos cenários assumem formas estranhas e com o desabrochar de flores ganham cor e uma nova e mais agradável forma. Num dos níveis, quando as flores desabrocham, não só nasce cor como os aéreo-geradores entram em actividade, pois o vento volta a soprar.
Algo muito curioso é a forma como o próprio menu do jogo vai melhorando e crescendo com a nossa progressão. Começando por ser um velho e desolador quarto com janelas partidas, uma vista terrível sobre a cidade, com um som incessante de carros a passar e ainda tudo a preto e branco, e à medida que vamos progredindo ganhamos uma vista mais bonita sobre a cidade, um som não tão forte de carros, alguns pássaros a chilrear, uma janela maior e melhor com peças de decoração e o mais importante de tudo, cor, muita cor. Não só damos vida a belos jardins e a belos cenários como ao próprio menu.
flOwer é descrito pelos seus criadores como um poema em forma videojogável e surge como uma experiência inspiradora e bastante agradável. Quase de forma instantânea fiquei apaixonado e será de forma ansiosa que o lançamento do jogo será aguardado.