Foamstars está condenado a falhar?
Clone de Splatoon tem sérios problemas a resolver.
Foamstars é a nova tentativa da Square Enix em conseguir um jogo serviço de sucesso, capaz de gerar dinheiro pós-compra e de te manter entretido durante muitos meses. Atualmente disponível sem custos adicionais para todos os subscritores PS Plus, antes de chegar a 5 de março por 29 euros, Foamstars ainda está nos seus primeiros dias, mas o caminho até ao sucesso parece uma montanha enorme para a Square Enix escalar.
Apesar do modo PvE, Foamstars é especialmente focado na vertente PvP e apesar de ser fácil compará-lo a Splatoon, por muito que a Square Enix não queira, existem algumas diferenças importantes. No entanto, o maior feito de Foamstars poderá ser evidenciar o quão brilhante é a abordagem da Nintendo e o quão aquém fica a da Square Enix.
Splatoon é um jogo simples, despido ao básico para ser o mais divertido possível, o mais frenético possível, o que faz da sua simplicidade uma das suas principais armas. As mecânicas são simples, fáceis de aprender e ainda assim, fica a forte sensação que é a tua habilidade que fará a diferença, o que incentiva a jogar cada vez mais. Isto sem contar com os modos divertidos, como Salmon Run, uma espécie de modo horda cooperativo.
Com os seus cenários coloridos e vibrantes, a maioria deles de dia, Splatoon torna-se numa experiência empolgante, na qual o método Nintendo de simplificar para potencializar a diversão é glorificado e lá está, num texto dedicado a Foamstars dou por mim a escrever mais sobre Splatoon porque foi precisamente esse o efeito do trabalho da Square Enix, evidenciar o talento do método Nintendo.
Existem demasiados atritos à diversão, pois a procura por maior profundidade apenas complica a experiência.
A Square Enix aposta na espuma ao invés da tinta, com a ação a decorrer sempre de noite, numa versão própria de Las Vegas, chamada Bath Vegas, Foamstars tem pinta, um humor irreverente e curioso, mas a Square Enix optou por um design visual que promove a confusão, que não cativa o jogador e rapidamente desgasta a experiência. Sempre de noite, com esquemas de cor para a espuma que podem criar atrito visual, o design visual de Foamstars não consegue promover o que de bom foi feito no gameplay.
Foamstars pega na essência de Splatoon e tenta ramificá-la com toques dos shooters de heróis como Overwatch e Paladins. Não há qualquer problema em criar derivados e expandir conceitos, a abordagem pode resultar em novos títulos particularmente interessantes, mas Foamstars chega como um jogo repleto de elementos para corrigir, que afastam o jogador antes de ter tempo para aprender os conceitos fundamentais do gameplay, uma vez que a Square Enix optou por complicar a experiência numa abordagem diferente por maior profundidade.
Disparar e navegar pela espuma espalhada pelos cenários é um conceito fácil de aprender, é uma interpretação da mecânica da tinta em Splatoon (raios, não passo um parágrafo sem falar neste nome), mas com um sistema de heróis, não são as armas que fazem a diferença, mas sim as especificidades de cada personagem. Existem 8, cada uma com habilidades, e cada uma inserida num tipo de alcance (curto, médio, longo) para lhes fornecer vantagens próprias. Uma personagem de curto alcance causará maior dano num confronto próximo, basicamente.
O design visual cria desgaste e não torna empolgante permanecer em Foamstars.
Uma vez que as equipas de 4 não permitem repetir personagens, a maioria do tempo és forçado a jogar com uma personagem que não queres, o que te força a aprender a jogar com várias e quando dás por ela, se calhar é melhor aprender a jogar com uma terceira. É uma forte camada de atrito, desnecessária, que se junta ao design visual para complicar a experiência Foamstars.
Nem sequer vou falar da economia e da ausência de recompensas de real interesse num jogo que futuramente custará 29 euros e apresenta mais de 400 euros em cosméticos opcionais. Sem recompensas gratuitas de interesse, design visual que contribuiu para algum cansaço e gameplay demasiado complicado, Foamstars tem problemas evidentes que a Square Enix precisa resolver e nem mesmo a estreia PS Plus poderá ser suficiente para o tornar em algo mais do que uma mera curiosidade passageira.