Forza Horizon: Expansão Rally - Análise
Série estreia-se fora do alcatrão, mas surpreende como sempre.
Não vai assim há tanto tempo que fiquei maravilhado com Forza Horizon, um novo jogo no género de corridas que trouxe consigo frescura ao combinar a liberdade de um mundo aberto com uma jogabilidade que se aproxima dos jogos da simulação. É o jogo ideal para quem sempre sonhou ter ao seu dispor uma grande máquina com centenas de cavalos e fazer-se à estrada como se não houvesse amanhã.
Mas a Turn 10 e o Playground Studios não querem que a nossa paixão pelos automóveis e emoções fortes que estes originam esfriem, e para além dos novos pacotes com mais carros fantásticos, expandiu o território de Horizon com uma expansão dedicada ao Rally.
Pelas estradas do estado do Colorado já encontrávamos pequenos trechos de terra que podíamos fazer de conta que estávamos a praticar Rally, mas esta expansão traz pistas e trechos verdadeiramente dedicados a esta modalidade do desporto automóvel. O que encontramos aqui é diferente do que encontramos no jogo original. O Rally requer uma abordagem mais séria e permite menos erros do que as corridas tradicionais no asfalto. Os carros exibem um novo comportamento e temos que aprender a conduzir neste novo terreno que não estamos habituados.
A dificuldade é o grande obstáculo a ultrapassar. Ficar entre os dez primeiros, não em primeiro, dá a sensação de vitória e exige um esforço e concentração imensa. Se calhar estão a pensar que estou a referir à dificuldade difícil, que pode ser escolhida nas opções antes do início de uma corrida, mas não, o que disse anteriormente é sobre a dificuldade normal, que fora do Rally dificilmente poderia ser descrita como difícil. Com um grau de exigência maior, dei por mim a recorrer à funcionalidade de recuar o jogo constantemente, dado que reiniciar a corrida é uma opção que só aparece depois de terminarem.
Nesta expansão do Rally é fundamental prestar atenção às instruções do nosso co-piloto e ter precaução sobre a forma que abordamos cada curva. Alguns dos percursos são matreiros e há curvas que enganam na velocidade a que as podemos ultrapassar. Optar por jogar com a linha de ajuda ligada torna tudo menos complicado, porém, em contrapartida, desvanece-se o desafio e a vontade de superar as nossas limitações. Não escondo que se jogarem com todas as ajudas desligadas terão que repetir o mesmo percurso várias vezes para terminarem bem colocados, mas é assim que o prazer se torna maior.
"Optar por jogar com a linha de ajuda ligada torna tudo menos complicado, porém, em contrapartida, desvanece-se o desafio e a vontade de superar as nossas limitações."
Respeitando à modalidade, as corridas são individuais e só tomamos conhecimento da posição em que nos encontramos em determinados locais do percurso, o que nos leva sempre a querer dar o nosso melhor. Levando-nos a ficar malucos para poder retirar aquele segundo ou centésimo de segundo. Quando saímos de uma curva e ficamos com a ideia que poderíamos ter curvado de uma forma mais rápida, queremos de imediato voltar atrás e fazer de novo.
A escolha do carro acaba por ser o fator mais importante e a que deverão dedicar mais tempo. Como acontece no jogo, os carros estão divididos em várias categorias. Cada etapa da expansão Rally é específica para uma dessas categorias e torna-se essencial ter ao dispor mais que dois carros. A expansão traz consigo novos carros dedicados à modalidade (mas que também poderão usar em outras corridas que não seja Rally), mas há a vantagem de poderem usar carros que já possuem com uma pequena modificação automática que o jogo faz para que esses carros possam participar em eventos de Rally, ou seja, podem usar um Lamborghini Aventador num evento de Rally, ou até um Bugatti Veyron.
A disposição do motor e a tração das rodas é um pormenor que não deve ser ignorado. Apesar de poderem usar qualquer carro, é impensável usar um monstro com mais de 700 cavalos e tração traseira num evento de Rally. Carros destes tornam-se uma besta indomável nas curvas e adoram virar a traseira fazendo-nos perder preciosos segundos. A tração às quatro rodas é a melhor escolha, e não se deixem seduzir por clássicos como o Lancia Delta S4, que é um carro muito difícil de conseguir um bom tempo (descobri por experiência própria).
Os percursos que constituem as várias etapas do campeonato Rally em Horizon, que são completamente novos, e não uma re-utilização das estradas do Colorado, são precisamente aquilo que seria de esperar de um jogo de Rally. A estrada é muito apertada e manter o carro nela requer uma concentração constante (de noite ainda pior), as curvas sinuosas são em abundância, e os inesperados relevos do terreno podem resultar num salto espetacular ou num acidente desastroso.
O único defeito que tenho a apontar é que a expansão corta aquela sensação de explorar a estrada por nós próprios. Para participarem nos eventos de Rally têm que selecionar a expansão no menu principal de Horizon, que contrasta com o restantes eventos, em que podem encontrá-los espalhados pelo mundo de Horizon.
De resto, como um complemento esta expansão é um excelente adição a Forza Horizon com um sabor muito diferente do que está incluído no disco, principalmente para aqueles que sempre ansiaram que a série Forza explorasse o território para além do alcatrão das pistas de corrida. Os 1600 pontos Microsoft pedidos são puxados, mas o que recebem em troca tem uma qualidade equiparável ao resto do jogo.