Furi - Análise
Não partas os Joy-Cons.
Furi foi lançado em Julho de 2016 e, desde então, milhares de jogadores já conheceram esta proposta singular da francesa The Game Bakers. Numa era em que os indies apostam em experiências diferentes e singulares, esta companhia francesa aliou-se a Takashi Okazaki, responsável por Afro Samurai, para entregar uma das mais originais apostas indies dos últimos anos. Furi é um modo boss rush transformado em jogo com uma dificuldade implacável e que agora, tal como muitos outros indies, se apresenta na popular Nintendo Switch para alcançar uma nova audiência. O estilo visual, a banda sonora energética e o gameplay frenético parecem perfeitos para a híbrida da Nintendo.
Em Furi segues um prisioneiro que, para escapar do local onde foi aprisionado, terá de enfrentar 10 excêntricos bosses que reflectem o local onde o jogo decorre. A melhor forma de descrever este jogo é como um inteligente híbrido entre hack 'n' slash com twin-stick shooter. Como referido, apenas enfrentas bosses e cada um tem os seus ataques próprios e cada barra de vida representa uma fase diferente, com ataques e comportamentos para descobrir. Furi é um jogo que desde logo se torna curioso e interessante, mas cuja impiedosa dificuldade poderá tornar-se insuportável.
Cada boss tem várias barras de vida e cada uma representa uma diferente fase, com ataques e comportamentos específicos. Através de um gameplay frenético e intenso que testará de forma inacreditável os teus reflexos e poder de concentração, terás de aprender os seus padrões, atacar no melhor momento, da melhor forma, e proteger-te no timing perfeito. Furi vibra com a dificuldade, para que possas sentir uma incrível sensação de realização quando triunfas, mas também poderás sentir que é desnecessariamente difícil.
Especialmente na gestão dos checkpoints e na brutalidade com que os inimigos te atacam. Não existe margem para erro, errar é (quase sempre) perder energia de forma quase injusta, o que te força a gastar uma vida e a ver a barra do boss recuperar em pleno. Recomeça o ciclo, testa o teu conhecimento dos padrões dos bosses, testar os teus reflexos, dispara, ataca, protege-te, esquiva-te, gere o espaço da luta e acima de tudo tenta divertir-te para que a raiva não se apodere de ti e sintas que jogar em modo mobile é demasiado perigoso para a vida da tua Nintendo Switch.
"Perder significa aprender padrões para melhorar nas próximas inúmeras tentativas."
Furi é um desses jogos que faz da sua dificuldade o seu maior argumento e na maioria do tempo sentirás que o jogo merece o teu respeito. Ocasionalmente, poderás sentir um pico abrupto de dificuldade e que o jogo abusa deste elemento, mas é uma experiência coesa. Adrenalina e frustração caminham lado a lado, numa experiência que poderá oscilar rapidamente. Ora estás plenamente concentrado e a esquivar-te de tudo num mar de balas, ora estás a falhar uma defesa que num segundo destrói uma sessão que estava a ser perfeita até esse momento. É difícil de digerir a dificuldade de Furi.
Ao longo do meu tempo com o jogo, o modo de descanso Switch provou ser incrivelmente valioso em Furi: enfrentar um boss, passar pela primeira vez a uma nova fase, levar uma incrível tareia e tentar novamente com os novos padrões memorizados, repetir e parar porque ficamos demasiado furiosos. O modo descanso permite começar desde logo sem esperar muito tempo.
Furi apresenta uma estética visual muito apelativa, que é combinada com uma banda sonora de excelência. As caminhadas do protagonista entre os locais de cada boss fight revelam-te um mundo louco e estranho, tornado-se mais interessante com uma arrojada combinação de cores. Funciona muito bem para tornar o mundo único. Em termos de performance, Furi corre de forma fluída na maioria do tempo e apenas alguns soluços ocasionais traem uma experiência que exige uma resposta rápida dos comandos e uma fluidez absoluta. Um dos problemas que senti ao jogar em modo portátil foi que a ergonomia da consola não era a melhor para Furi, especialmente nos segmentos twin-stick.
Furi é um jogo que se pode transformar numa autêntica angústia e numa experiência frustrante. É um jogo que brilha com a sua vertente estética e energética banda sonora, mas terás de saber caminhar por uma linha ténue entre diversão e frustração. A experiência está desenhada para te forçar a repetir imensas vezes cada boss fight, mas poderá ser demasiado exigente para alguns e a dificuldade poderá afastar outros tantos. Se te sentes incentivado com a ideia de penar muito para até alcançar aquela satisfatória explosão de alegria, Furi é para ti.