Game & Wario - análise
Desenha, joga, toca e ganha!
Há sensivelmente um ano, enquanto o Emanuel Silva e o Fernando Pimenta remavam para a prata nos jogos olímpicos, crescia na minha portátil 3DS um interesse cada vez mais desmesurado pelo jogo WarioWare Inc, um título proveniente do GBA que integrou a oferta de jogos para os embaixadores da Nintendo 3DS. Em pleno verão, aproveitei o tempo livre para passar o jogo, e sem dúvida que foi uma das melhores experiências do ano passado, isto vindo de um jogo editado em 2001. Uns meses antes tinha experimentado a demonstração de Game & Wario, no showroom da Nintendo (pós E3), um título que veio mostrar as diferentes capacidades da consola através de um conjunto diversificado de mini jogos. À partida, existe uma ligação entre ambos. Wario é o vilão protagonista, mas há uma diferença grande. É que enquanto que os jogos da série WarioWare integram um conjunto de mini jogos alucinantes, passados quase de enfiada, que testam os nossos reflexos e às vezes possuem uma apresentação surreal e quase tosca, em Game & Wario, os jogos individuais funcionam de forma mais prolongada, em jeito de desafios que se articulam com as propriedades tácteis do comando e o giroscópio.
Importa assim lembrar a linha que divide os jogos da série WarioWare de Game & Wario. Na prática, a aproximação deste último até é maior ao Nintendo Land, apesar da apresentação e introdução dos mini jogos em Game & Wario nos trazer à memória os desenhos de Beat the Beat: Rythm Paradise. Temos assim um jogo vocacionado para o modo individual, uma vez que dos dezasseis mini jogos, só dois podem ser partilhados até dois jogadores, mas ainda existe um modo composto por mais quatro jogos para dois a cinco jogadores, bem na linha dos títulos "party", o que acaba por ser mais um extra de conteúdo. Todavia, temos de ressalvar que é possível chegar ao fim dos dezasseis mini jogos em pouco tempo. Ainda que cada mini jogo tenha desafios progressivos, a estrutura mantém-se e só o grau de dificuldade é que sobe, nalguns casos acompanhado de pequenas variações da jogabilidade.
Enquanto que Nintendo Land foi a porta de entrada para a demonstração das capacidades e funções bem peculiares da Wii U, Game & Wario é um prolongamento relativamente eficaz dessa tentativa de seduzir o público dos comandos por movimento e diversos mecanismos de interacção entre o GamePad e o televisor (a tal jogabilidade assimétrica que permite ao jogador receber uma informação gráfica no ecrã diferente da que é projectada no televisor). Na verdade, dos dezasseis mini jogos de Game & Wario, poucos são os que primam pela originalidade, capazes de nos agarrar não por curtos períodos de tempo, mas por horas, surpreendendo, que é justamente uma das qualidades dos jogos da série WarioWare. Infelizmente e exceptuando o mini jogo Gamer, onde temos o 9-Volt que decide jogar videojogos debaixo dos cobertores, evitando que seja descoberto pela mãe, a maioria dos outros jogos não atinge o mesmo nível de genealidade e humor. Tanto mais que a máquina do 9-Volt projecta jogos da mesma forma com que se sucedem em WarioWare Inc. É uma sensação fantástica pela velocidade, timming dos comandos e carácter surreal dos mini-jogos, sem esquecer uma devoção retro que deixa a salivar os fãs retro. Do design à construção dos jogos, tudo é perfeito.
Este jogo seria mais forte se muito do humor materializado nas introduções e noutras opções, acompanhasse mais regularmente as mecânicas de jogo. Por exemplo, à medida que forem completando os objectivos dos mini jogos, obtêm um token que pode ser colocado numa máquina onde ganham sempre prémio. Neste caso a máquina assemelha-se com uma galinha, só que esta dá cápsulas em vez de ovos. Nas cápsulas há um prémio, e este pode ser um som de um mini jogo, um desenho, um mini jogo desbloqueado, entre muitos outros que integram uma lista impressionante de coleccionáveis. Se quiserem obter tudo isto terão de jogar bastante, pois os tokens desaparecem num instante.
Sobre os jogos em destaque, já referi porque Game rapidamente ganhou honras de meu favorito. O outro é muito provavelmente, Taxi. As duas personagens são fenomenais; Dribble e Spitz e o objectivo não é menos apelativo. É talvez o jogo mais tenso de todos e aquele que nos obriga a passar do ecrã portátil para a grande tela com muita frequência. Recuperando alguns elementos do clássico micro machines, terão de conduzir um táxi por um cenário em três dimensões, de modo a recolherem passageiros e items antes que uma nave UFO os puxe a bordo. No final terão que destruir o aparelho, apontando o GamePad na direcção da nave e acertando com os disparos.
Na lista dos mais acessíveis, simples e imediatos, seguramente que Design oferece uma mecânica básica, embora apelativa, uma vez que teremos que desenhar no ecrã algumas linhas de acordo com instruções fornecidas pelo Dr. Crygor. A existência de um tempo limite acrescenta algum pânico quando nos pedem, por exemplo, para desenhar uma linha com 30 cm de extensão. Quanto mais perto ficarmos da solução, melhor a pontuação. Bowling é talvez dos jogos mais previsíveis, mas nem por isso deixa de ser desafiante. A intensidade do arremesso da bola depende de um toque no ecrã tácti do GamePad, sendo que a inclinação deste permite a mudança de trajectória da bola. Patchwork obriga-nos a fazer um esforço de construção mental, descobrindo a colocação certa das peças, em ordem a destacar objectos a partir de pequenas peças. Um jogo de tentativa e erro que se destaca pelo bom uso do ecrã táctil.
Kung Fu possui uma mecânica algo estranha, ao relacionar-se com plataformas e uso do GamePad para, através de impulsos, conduzir Cricket através de uma série de plataformas. Observando a existência de uma sombra na plataforma significa que podem fazer uma aterragem rápida após o salto, podendo nesse caso, premir um botão para uma descida mais rápida. Com os olhos postos no ecrã do televisor vemos onde se encontram os pergaminhos, que devemos recolher para satisfazer o mestre Mantis.