Gears of War 3 Beta
À terceira é de vez.
Estar no topo realmente não é nada fácil, que o diga a Epic e o seu Gears of War. Com grande aclamação vem grande responsabilidade e assim que o produto da Epic estabeleceu um novo parâmetro qualitativo na indústria todos sabiam que muito mais seria esperado no futuro. Gears of War tornou-se em algo muito para lá de um simples videojogos, para muitos tornou-se no expoente máximo na diversão, para outros foi ao ponto de se tornar numa espécie de forma de estar na vida. O que é certo é que Gears of War marcou definitivamente a forma como se via e vivia os videojogos enquanto entretenimento caseiro. O género de ação na terceira pessoa ganhou um ímpeto singular, que alguns apenas conseguiam antever nos jogos de ação na primeira pessoa, e quando a inevitável sequela chegou, a sensação foi ligeiramente amarga. O modo para vários jogadores tornou-se numa referência mas tanto tinha de bom como tinha de mau. A correção de erros, ou a falta de, e as melhorias, ou a ausência de, tornaram Gears of War 2 numa espécie de filho mal amado por parte dos fãs.
Se são, ou foram, fãs de Gears of War muito provavelmente romperam ou sentiram a comunidade em vosso redor romper com o jogo e se não o fizeram de vez com a série é porque muito provavelmente regressaram ao primeiro. A comunidade fartou-se das "petas" de Gears of War 2 no modo para vários jogadores e grande parte da culpa estava na referida falta de melhorias que o modo precisa. Servidores dedicados, correção de erros que permitiam exploits e glitches, problemas nas animações, desequilíbrio no poder das armas, incluindo a gestão do alcance de cada um face às suas propriedades específicas. Muito havia para ser melhorado que não foi, muito foi ainda piorado após sucessivas correções que nada mais fizeram do que o afastar do topo dos jogos mais jogados entre a comunidade.
Talvez por isso se sinta que agora ou vai ou racha. Não porque estamos perante o terceiro capítulo da trilogia, até porque a Epic já confirmou que vai deixar a porta da série aberta, mas porque a comunidade ou tem um produto que a faz regressar de sorriso nos lábios ou porque definitivamente pode voltar as costas à série. Para tal a Epic começa bem cedo, o jogo só chega a 20 de Setembro, com uma beta que por enquanto privada, algures durante o mês de Maio vai ser pública. Se nos lembrarmos do período antes do lançamento do anterior jogo podemo-nos lembrar que a Epic comentou não precisar de beta para Gears of War 2. Esse é um erro que já está a ser corrigido. Ora após uma introdução provavelmente demasiado longa de um caloroso fã da série desde sempre, vamos para o que interessa, a beta, o que ela oferece e o que ela representa para o jogador.
A beta de Gears of War 3 permite aos mais curiosos e dedicados descobrir o que está a Epic a fazer para se redimir e descobrir as novidades e as correções implementadas, e até as nuances que estão a formar a personalidade da jogabilidade. Antes de a beta ser aberta ao público e ficar reduzida a dois mapas, foi-nos possível jogar numa fase na qual estavam disponíveis quatro mapas, dos quais vamos falar. Mas primeiro vamos a como Gears of War 3 se joga.
Logo nos menus podemos constatar algo mais abrangente e mais variado, colocando a série da Epic ao nível do que se vê na série Call of Duty desde 2006 e que desde então foi várias vezes emulado e até melhorado. Podemos escolher o personagem base que queremos, existem cinco de momento seja nos COGs ou nos Locust, podemos escolher as duas armas que queremos ter como pré-definidas (algo que agora se pode fazer durante a batalha enquanto esperamos para renascer na batalha) e mudar as skins das nossas armas (podemos ganhar novas ao cumprir objetivos específicos para cada uma, como eliminar determinado número de inimigos com ela). Ao bom estilo do que Call of Duty tornou imperativo, durante as partidas vamos ganhando medalhas que depois podemos visualizar no menu de estatísticas e quadros de pontuação.
Existem medalhas para o mais variado tipo de situações desde ser o primeiro a matar/morrer, eliminar determinado número de vezes o mesmo adversário, ser o jogador com maior número de revives, ter melhor pontuação e toda uma panóplia de situações que servem para desafiar o jogador e que inevitavelmente vão incutir nos mais fervorosos o lema Pókemon, 'tenho que apanhar todos'. Este tipo de novidades pode ter duas leituras, completamente diferentes mas ambas válidas. Enquanto uns vão acreditar que isto é uma cópia de moldes pré-estabelecidos, outros vão optar por elogiar a decisão da Epic de finalmente ter incorporado em Gears of War mecânicas e elementos que já são dados como adquiridos na atualidade dos modos online. O que é indiscutível é que Gears of War 3 na sua componente para vários jogadores assume-se desde já como mais robusta, mais completa e mais recompensadora.
Ultrapassando os menus e as novidades que tem para nos oferecer, é chegada a hora de finalmente entrar no campo de batalhada e aqui Gears of War 3 deixou-nos com grandes expectativas. Mantendo o esquema de cinco contra cinco, o terceiro jogo na famosa série da Epic parece reforçar os valores de jogo de equipa e para tal incorpora um leque de elementos muito bem-vindos e que nos deixam esperançosos para o futuro. Os vários erros relacionados com as animações dos personagens e como pareciam oferecer uma forma completamente descabida de reagir a determinadas situações parecem completamente ausentes. Movem-se de forma que se torna completamente natural e os gestos parecem reforçar uma atitude mais credível. Isto aliado a um maior equilíbrio entre as armas faz com que Gears of War 3 seja um jogo muito mais competente e divertido do que nunca, segundo a beta deixa perspetivar.
Um dos maiores atrativos desta versão experimental é descobrir as melhorias feitas sobre o motor e como recentes adições à tecnologia Unreal Engine 3 iam beneficiar a série. Comparativamente aos anteriores podemos dizer que o mundo de Gears of War ganhou cor. Não só a palete de cores ficou mais rica como a iluminação está indiscutível e largamente superior, beneficiando de técnicas implementadas em jogos como Bulletstorm, entre elas a técnica godray na qual os raios de sol ficam muito reais. Mais do que as cores mais ricas, o que isto representa é um leque de ambientes muito mais variado e largamente superior a tudo o que já vimos na série. A beta apresenta um pouco dessa variedade ao dar-nos mapas que reforçam sem esforço esses valores. De forma igual, as personagens beneficiam de melhorias e assumem agora um movimento mais rápido sobre os personagens do anterior e mais ao encontro do que se pode "sentir" no original. As animações sentem-se mais fluidas e os movimentos mais credíveis. O espetáculo de brutalidade visual sai reforçado e tal com todo o mérito para as melhorias aplicadas sobre o motor.