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Gollum - faltou inspiração na terra da fantasia

Este mundo merecia maior magia e engenho.

Explorar mais eventos e novas perspetivas na Terra-média é uma ideia de grande apelo, mas o design e mecânicas aqui apresentadas deixam a desejar, algo que permanecerá mesmo que todos os problemas técnicos sejam corrigidos

The Lord of the Rings: Gollum, vamos abreviar para Gollum, é o mais recente jogo da alemã Daedalic Entertainment e infelizmente não se tornou num novo exemplo de um projeto numa propriedade bem conhecida engrandecido de forma inesperada por uma equipa desconhecida entre as massas. Infelizmente, Gollum relembra os tempos das adaptações feitas à pressa, sem respeito pela qualidade e apenas focadas em chegar às lojas a tempo da estreia de Hollywood.

Perante uma tão adorada propriedade, Gollum despertou de imediato nos fãs da Terra-média o sonho de ver este universo de fantasia expandido de forma interativa numa nova era de videojogos. Uma era com respeito pelas adaptações, na qual equipas de todas as escalas conseguem surpreender ao conciliar filmes ou séries com experiências de elevada qualidade.

No entanto, mesmo para um estúdio com 15 anos de existência, é difícil afastar a sensação que Gollum é o maior e mais ambicioso projeto da Daedalic, no qual arriscaram mais e desejaram ir além do que já conseguiram para respeitar a grandiosidade deste universo. No entanto, após tantos anos focados em jogos de aventura aponta e pressiona, passar para um título de ação e aventura com esta escala poderá ter sido demasiado.

Sim, por um lado é fácil ridicularizar Gollum, mas por outro é triste quando vemos um estúdio menos conhecido a falhar na sua tentativa de ir além e se superar. As suas próprias ambições e relativa inexperiência com muitas das mecânicas aqui usadas poderá ter sido demasiado. É fácil jogar Gollum e pensar no que podia realmente ser, mas provavelmente é melhor pensar nele como um AA e ajustar as expectativas.

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Gollum é uma daquelas experiências com as quais é difícil não sentir que é uma oportunidade desperdiçada. Eu joguei com a atualização 1.3 instalada na PlayStation 5 e tive uma melhor experiência do que aqueles que jogaram até à sua chegada, mas ainda assim o trabalho da Daedalic deixa imenso a desejar. Em ocasionais momentos, consegues até perceber o jogo que a equipa desejava criar, consegues ver as ideias que iriam resultar numa experiência de forte apelo, mas a execução falhou.

Isto coloca o jogo numa posição frágil e problemática pois mesmo que os problemas técnicos, que ainda persistem, sejam resolvidos, mesmo com uma forte dedicação a polimento e refinamento, o design de Gollum permanecerá aborrecido e com imensos segmentos sem diversão. Gostaria imenso que fosse um caso de "espera por atualizações", mas o pouco que Gollum tem de bom não permite essa postura.

Graficamente deixa imenso a desejar, especialmente com constantes bugs gráficos e problemas de texturas. As animações de fraca qualidade e a movimentação estranha das personagens também não ajudam a afastar a sensação de um design visual sem a inspiração necessária para maravilhar, algo essencial num jogo de fantasia. Junta isto à fraca qualidade gráfica, especialmente em termos de iluminação, más animações e desempenho instável, e ficas perante um jogo que custa a acreditar estar a correr numa consola recente.

Com um design linear, este jogo de aventura leva-te para Mordor para combinar segmentos com escaladas e um forte foco nas seções furtivas. No entanto, prejudica-se a si próprio com demasiadas cenas gameplay banais e nada divertidas. Existem ocasionais momentos interessantes em Gollum: as conversas entre Sméagol e Gollum estão entre eles, e o foco no elemento furtivo forçou a equipa a evitar confrontos diretos com as imponentes criaturas de Mordor, mas ainda assim é fácil sentir que faltou inspiração.

Num mundo de tamanha magia e apelo visual, a Daedalic falha em cativar o imaginário do jogador, em deslumbrar com as paisagens, em criar impacto com os momentos narrativos. Isso foi o que mais me surpreendeu, estava à espera de ficar colado ao duelo mental entre as duas personalidades desta criatura, de ver Mordor criar impacto, mas isso não aconteceu.

Foi frequente sentir que a Daedelic apesar de apaixonada pela propriedade The Lord of the Rings, não conseguiu materializar essa sua paixão pela terra da fantasia, especialmente em termos do aproveitamento de cenas e situações para momentos gameplay. Além disso, jogar secções sem apelo com controlos que deixam a desejar, fica ainda pior.

Uma vez que joguei com a v1.3 instalada, os problemas de desempenho não foram tão severos, mas ainda existem. No entato, é a qualidade geral fraca que realmente incomoda. Os problemas gráficos e as animações deixam imenso a desejar e mesmo que a equipa apresente um nível incrível de refinamento, pouco conseguirá fazer para criar engenho e apelo no seu design. No entanto, tornaria mais aceitável jogar Gollum.

É fácil sentir que falta imenso polimento e estás perant um jogo inacabado

Quando Gollum foi anunciado, despertou imensa curiosidade sobre um jogo com cenas inéditas na Terra-média e a sua jornada por Mordor até tem cenas interessantes. É pena que na maioria do seu tempo seja apenas aborrecido ou que te deixe a sentir que estás melhor a jogar outra coisa que faz muito melhor tudo o que aqui querem fazer.

Prós: Contras:
  • Um jogo na Terra-média que explora eventos pouco conhecidos
  • Algumas cutscenes e momentos de narrativa com apelo
  • Graficamente fraco
  • Animações fracas
  • Mesmo com a v1.3 ainda existem erros ocasionais (até na deteção de checkpoints)
  • Segmentos gameplay nada divertidos
  • A sensação que ainda precisa de imenso polimento

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