Gran Turismo 6 - Antevisão
Senhoras e senhores, liguem os motores
Na passada semana estive no Playce da Sony em Lisboa para jogar Gran Turismo 6. Sim é verdade que o espaço foi montado para mostrar o conceito da marca para a sua PlayStation 4, mas lá nos calabouços também tinham preparado duas estruturas com volante e pedais, desenhadas para experiências de simulação automóvel. Não sou de todo um fã de simuladores de condução, já o referi várias vezes, mas joguei muito os dois primeiros jogos da série na saudosa PlayStation.
Curioso porque a série ainda mantém grande parte daquilo que a tornou célebre na altura, mas ao mesmo tempo, cresceu de tal forma em complexidade, que se esqueceu algures que é um videojogo, e que mesmo na simulação existem limites. Foi o próprio Kazunori Yamauchi, Presidente da Polyphony Digital Inc a admiti-lo em parte, quando disse que o jogo estava inchado e complicado, e que tencionava limpá-lo, restruturá-lo e expandi-lo.
Mas voltando à minha curta experiência, a primeira mudança perceptível tem a ver com a interface, que está mais simples, com os menus maiores e em forma quadrada, fazendo lembrar uma qualquer aplicação para uma plataforma móvel. O jogo terá suporte em dispositivos deste género, não para jogar claro, mas para aceder a ferramentas sociais, ligadas à interação com a comunidade. Curioso porque se este fosse um título para a PS4, o formato dos menus funcionaria muito bem em remote play na Vita, com a interacção por toque com os menus.
É mais um motivo que me leva a acreditar que acabaremos por vê-lo na nova consola da Sony, não faz sentido nenhum ter um Gran Turismo 7 na PS4 num futuro próximo, primeiro porque se trata de um jogo pelo qual os fãs esperam sempre vários anos, e depois porque foi a própria Polyphony quem anunciou a intenção de o tornar expansível, falando em novas pistas e carros introduzidos a um ritmo ambicioso durante os próximos anos, e da possibilidade de conteúdo criado pelos próprios jogadores.
Para o lançamento, Gran Turismo 6 vai ampliar uma já colossal oferta de pistas e bólides, cerca de 1200 carros, mais de três dezenas de localizações e várias disposições de pistas, para que tenham conteúdo por um bom tempo. Das pistas novas destacam-se o circuito de Silverstone, Ascari ou Brands Hatch. Portugal não tem para já qualquer traçado previsto para estar no jogo, talvez mais para a frente num qualquer DLC.
O anterior modo GT é agora denominado de modo carreira, e funciona basicamente da mesma forma que os anteriores, com a excepção de ser um pouco mais linear de início, de modo a guiar o jogador até que este adquira suficientes competências para poder decidir por si como e onde competir de seguida. O momento inicial é fundamental para agarrar o compromisso do jogador, por isso pareceu-me inteligente trabalharem sobre o início do modo mais popular entre a comunidade GT.
As licenças estavam claramente visíveis nos menus, mas infelizmente não pude testá-las durante a apresentação guiada. Esta era uma das mecânicas que mais interesse gerava cá em casa nos primeiros Gran Turismo, e julgo que é uma das formas mais geniais para educar o jogador na competência de conduzir um carro virtual no jogo da Polyphony.
Outro elemento revisto foi a inteligência artificial, para que as corridas conservem algum interesse e imprevisibilidade mesmo correndo contra a máquina. Em teoria será agora comum os carros competirem por lugares entre si e atacarem a nossa posição com maior frequência, mesmo que não cometamos nenhum erro.
"A série ainda mantém grande parte daquilo que a tornou célebre, mas ao mesmo tempo, cresceu de tal forma em complexidade, que se esqueceu algures que é um videojogo"
O novo sistema de física, desenvolvido em estreita colaboração com a fabricante de pneus Yokohama Rubber e a empresa de suspenções KW Automotive, permitirá em teoria um comportamento ainda mais real e prazeroso dos carros. Isto é algo que a Polyphony faz com bastante frequência, conversar com quem no mundo real se preocupa com o comportamento e aerodinâmica dos carros desportivos.
Mas se a fidelidade do comportamento físico do carro pode tornar o nível de entrada demasiado exigente para um jogador que apenas se queira divertir um pouco, já a fidelidade dos ambientes não tem tecto visível, quanto maior, melhor. Sabendo isto, a Polyphony vai até ao limite na recriação das pistas, chegando a adaptar as condições atmosféricas locais, coisas como o estado meteorológico ou mesmo a altitude de cada um dos traçados, impressionante.
Podemos ver as nuvens mais próximas de acordo com a altitude da pista, tudo para que transmita a sensação de correr naquele traçado, para que seja o mais próximo possível do real. Visualmente estará no limite da PlayStation 3, mas não se nota o salto em relação ao anterior à primeira vista. Esse claro, será um julgamento em conta para a altura da análise.
Não pude brincar com o tuning ao carro, mas guiaram-me na compra de uns pneus e suspensão desportiva, coisas que compramos com os créditos que ganhamos nas corridas, ou que conseguimos pelo acto de puxar pela carteira (microtransações). Este é um tema polémico para alguns, pode arruinar completamente um sistema de jogo é verdade, mas ao mesmo tempo, pode ampliar sobremaneira o compromisso com o jogo, se iterado correctamente.
"A Polyphony vai até ao limite na recriação das pistas."
Um sistema destes não deve nunca, permitir que o jogador que se esforça se sinta em desvantagem perante aquele que paga, e não deve consentir que este último seja capaz de atropelar a habilidade do primeiro através do dinheiro. Não nos enganemos no entanto, a monetização contínua é importante para que se mantenha o apoio ao jogo, com o conteúdo que vai sendo adicionado depois do lançamento. É um dos aspectos que merecerá maior atenção para o futuro.
Não podia terminar sem uma palavra sobre o chamado "Vision Gran Turismo", o festival que surge a propósito da celebração dos 15 anos da série, e que consiste no desenvolvimento de carros conceptuais por várias marcas, e cujo alcance ultrapassa mesmo os construtores automóveis. Marcas como a Volkswagen, Zagato, Peugeot, Alpine, Nike, Aston Martin, Infiniti ou SRT participam, e até já pudemos ver o primeiro veículo, o Mercedes-Benz AMG Vision Gran Turismo, mostrado ao mundo há dias.
Com um invejável número de marcas de carros e traçados conhecidos, Gran Turismo 6 prepara-se para iniciar uma nova etapa na simulação de condução. Das suas fileiras já saíram pilotos para as pistas reais, incluindo o Portuguesíssimo Miguel Faísca que corre agora na Nissan. Se isto não é um atestado de competência acerca da fidelidade do simulador da Polyphony Digital, então não sei o que diga. Gran Turismo 6 tem lançamento marcado para o início do próximo mês, cá estaremos à espera.