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GRID 2 - Análise

A derrapar até ao topo da modalidade.

A escolha dos carros foi seletiva, mas suficientemente cuidada. O jogo disponibiliza veículos das várias disciplinas do desporto automóvel, com alguns capazes de fazer as delícias dos fãs. Ao longo dos quatro tiers disponíveis joguei mais primeiro com um Nissan Fairlady Z version S TT, depois passei para o M3 coupé, depois o Honda NSX R, mas para dar mais alguns exemplos, terão bombas como o Aston Martin DB9, Mustang Mach 1, Bugatti Veyron ou McLaren MP4.

As corridas tornam-se mais complicadas à medida que subimos de tier, mas o jogo é bastante flexível em termos de exigência. Para lá do nível global de dificuldade, podemos determinar se queremos jogar com sistema de embates real ou cosmético, e ainda temos o superpoder de fazer o tempo voltar para trás com a polémica mecânica de Flashback.

Entendo a inclusão de uma mecânica destas, é uma forma imediata de feedback, permite corrigir o erro na hora e por isso para educar o jogador é ótima. Tem um preço no entanto, porque eu sei que posso arriscar não travar nesta curva, e se correr mal posso voltar atrás. Ou seja, é possível utilizar a mecânica de uma boa forma, ou de uma forma preguiçosa e que nada tem a ver com o domínio sobre o jogo. Os jogadores? Esses vão utilizá-la nos dois momentos, porque a opção está lá, não é opcional, e isso já é difícil de entender.

A inteligência artificial dos oponentes é interessante, foram centenas as vezes que me atiraram contra um separador ou para fora da pista, passam a vida a "morderem-nos os calcanhares" e fecham as linhas de ultrapassagem quando percebem que estamos perto demais. Sou até capaz de jurar que cismam connosco se lhes dermos um toque, mesmo nas corridas em que é aconselhado "jogar limpo".

"Com a coleção de carros a aumentar, os fãs a subir e o dinheiro a entrar, também as nossas instalações de trabalho melhoram..."

Se há coisa que posso elogiar em Grid 2 é a sensação de velocidade que proporciona, que misturada com a inteligência artificial dos oponentes, e com o sistema LiveRoutes em certos eventos, eleva a tensão para níveis críticos. Este sistema modifica o traçado da pista de uma volta para a outra, neste tipo de corridas não temos mapa e por isso não conseguimos julgar o raio de cada curva antecipadamente, teremos que confiar exclusivamente nos nossos olhos e capacidade de reação. Não é um modo inovador, mas funciona sempre bem e combina com a respeitável variedade de traçados dentro de cada uma das localizações em Grid 2.

Atravessarão várias localizações e eventos da World Series, o Red Bull Ring Circuit na Áustria é um exemplo conhecido, mas existem outros francamente mais interessantes, nomeadamente desenhados pelas ruas de Barcelona, Dubai ou Paris. Alguns dos cenários que servem de pano de fundo aos traçados são visualmente impressionantes, em Paris reconhecemos claramente coisas como os Campos Elísios ou a Torre Eiffel, no Dubai infelizmente não conheço nada mas a arquitetura é tão impressionante como seria de imaginar. Os visuais são sempre acompanhados por uma boa utilização da luz, na pista de Algarve nota-se isto com clareza, nota-se o sol forte do sul de Portugal.

Algo que me irritou durante a experiência com o jogo foram os demorados tempos de loading entre a passagem da garagem para um evento e vice-versa. Até percebo que demore a carregar uma competição, já o "esperar voltar para a hub" é particularmente chato. A própria Codemasters parece ter tido noção disso, já que o tempo do menu de loading é dedicado à apresentação estatística de dados da nossa carreira, como o número de carros que possuímos, ou a velocidade máxima que alguma vez atingimos, algo para manter a nossa mente ocupada enquanto nos cortam o controlo.

Existiram bastantes críticas vindas da comunidade de fãs acerca da ausência de uma câmara de cockpit. Este facto acabou por ser justificado pela Codemasters, que afirmou que apenas 5% dos utilizadores dos seus jogos a utilizam. Pessoalmente nunca gostei de jogar estes jogos noutra perspetiva que não fosse a vista de topo, mas se me colocar uns segundos na pele de um jogador que tenha feito toda a sua carreira pelo automobilismo virtual utilizando esta perspetiva, percebo que a Codemasters poderá ter perdido 5% de potenciais interessados. Escolha deles.

E como este é um jogo que trata tão declaradamente a ligação com as redes sociais e a conquista de fãs online, o modo carreira de Grid 2 teria que ter suporte na rede. Neste caso o serviço RaceNet da Codemasters, que servirá o modo carreira e permitirá acesso a tabelas de líderes globais, assim como a organização de eventos online e partidas contra amigos ou desconhecidos.

Acabei por gostar de Grid 2, é um jogo de carros à minha medida sinceramente, acessível e bastante variado em modos e veículos. Fez-me lembrar a frase da escritora de origem Chinesa Amy Chua, que diz que "nada é divertido, até que sejas bom nisso", foi um bocado assim no meu caso, quando comecei a dominar o drift, começou a verdadeira diversão. Não tem nem terá o impacto no género que teve o seu antecessor, em vez de correr demasiados riscos opta por oferecer muitas opções. É um título que agradará a todos os adeptos do automobilismo, não chega à excelência, mas também não aparenta ter sido esse o alvo.

8 / 10

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