Grid Autosport - Análise
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Um ano depois do reaparecimento desta franquia, a Codemaster volta à carga com a mesma fórmula, dando também a entender a sua aposta de lançamentos anuais para um título que já teve várias caras na sua longa vida. Existe da minha parte um genuíno romantismo e até uma determinada afectividade sempre que surge o nome desta produtora, muito devido a um jogo lançado para o ZX Spectrum no longínquo ano de 1989, o fantástico Grand Prix 2.
Mas deixemo-nos de nostalgias, temos mais um jogo de corridas em mãos, que tenta satisfazer os jogadores pouco interessados em simulações, mais virados para algo menos profundo e até casual. GRID Autosport é de facto algo que está entre a simulação pura e o que geralmente é denominado por Arcade. Nota-se bastante a intenção de criar algo que não concorre directamente com nomes de peso, como Gran Turismo, Forza, e os verdadeiros simuladores maioritariamente lançados no PC. É esta a fatia de mercado que a produtora quer atingir, seduzindo desta forma quem não se identifica com a complexidade e imensidão das ofertas rivais.
O pacote deste ano volta a oferecer um modo Carreira, outro Online, e um terceiro para que o jogador possa praticar a seu belo prazer. Também existe uma opção Splitscreen para jogar com os amigos lá em casa. O modo treino/Custom Cup, é onde se pode adquirir um melhor conhecimento das pistas, dos carros e das várias modalidades, podemos editar ao nosso gosto as competições onde queremos participar. Em Carreira, temos a fórmula de sempre, onde a nossa progressão é efetuada com a aquisição de pontos de experiência que posteriormente irão permitir a subida de nível, e consequente desbloqueio de novos eventos, pista e carros.
O Online foi concebido para oferecer experiências diferentes. Se por um lado temos o multiplayer mais convencional, onde entramos em salas criadas por outros jogadores ou se preferirmos podemos criar as nossas, onde tudo pode ser editado, desde as categorias dos carros, as voltas, a presença ou não da IA, e tudo o que se possa imaginar como opção. São corridas competitivas ao bom estilho clássico. A outra face deste Online é mais virada para a comunidade com o já conhecido RaceNet, onde competimos com e contra a comunidade, comparando estatísticas, socializando com todos os membros, e até adquirir desafios exclusivos. O Online também permite a compra e venda de carros, sua reparação e até efetuar upgrades. Não sendo muito elaborado, o modo para múltiplos jogadores ligados à rede permite aumentar a longevidade e até manter o interesse pelo jogo.
Em termos estruturais, está tudo elaborado de forma simples e de fácil compreensão. Na carreira, há que escolher sempre uma equipa onde vamos correr em determinada liga. Existem objetivos a cumprir para adquirir um maior número de pontos de experiência para que novos eventos sejam desbloqueados, sendo que o nível de dificuldade vai aumentando paralelamente à nossa progressão.
Em determinados eventos temos um companheiro de equipa, sendo a sua presença restringida ao tipo de evento em questão. É evidente e completamente intencional a oferta de um elevado número de competições, que passam por corridas de sprint em circuitos, provas de endurance onde temos que controlar o desgaste dos pneus, provas de drift, e até modos de corrida onde temos um número limitado de voltas para obter o melhor tempo.
A lista de carros disponíveis é vasta, são divididos por categorias relacionadas com as competições onde estes entram, Touring, Open Wheel, Endurance, Tuner, e Street. Há marcas para todos os gostos, desde a Nissan, Mercedes, McLaren, Ford, BMW, Audi, e muitas mais. As pistas estão bem conseguidas, muitas delas já familiares. Temos circuitos convencionais, outros citadinos, de destacar a presença do Autódromo Internacional do Algarve.
A nível da física do jogo, não há muito a acrescentar em relação ao que temos no título do ano passado, e até se quiserem comparar com Race Driver: Grid, penso que regrediu bastante. Os carros são menos pesados, os embates com os adversários causam facilmente o nosso despiste, e a condução está cada vez mais virada para o género arcade e muito mais afastado da simulação.
Visualmente não há melhorias a assinalar. Por vezes dá a sensação que não houve evolução desde 2008, ano de lançamento de Race Driver: Grid. No PC, GRID Autosport corre com uma fluidez estonteante, não sendo capaz de puxar pelas máquinas dos dias de hoje. Temos poucos pormenores nos carros, onde o detalhe foi deixado para segundo plano. Mesmo as pistas estão visualmente demasiado idênticas ao que foi elaborado há 6 anos. De referir que temos de volta a vista do interior dos carros, mas mesmo essa está elaborada de uma forma que esconde praticamente todo o seu interior, com um efeito visual que foca o a nossa atenção na pista. Até um certo ponto tem a sua lógica, mas nota-se que o efeito é mais para esconder um cockpit muito pouco elaborado.
Nem tudo é mau, há aqui muita coisa a explorar, principalmente por aqueles que ainda não experimentaram os títulos anteriores. Quando se entra na mecânica do jogo, em que conseguimos dominar e entender a sua jogabilidade, há realmente uma boa sensação, são umas horas bem passadas de volta de GRID Autosport.
Infelizmente o tempo que passou desde GRID 2 não foi suficiente para justificar mais uma rodada da mesma fórmula com apenas alguns ajustes. Existe um sabor de algum desleixo em todo o jogo, dando a entender que esta entrega é feita um pouco à pressa. De referir que nem existe uma versão PS4 e Xbox One, que a meu ver foi uma decisão acertada devido ao grafismo já algo datado do jogo. Sinceramente, há momentos em que se chega a pensar que é um DLC de GRID 2.