Guardians of the Galaxy review - diversão limitada
Ação e aventura que entretém, mas com problemas à mistura.
Marvel's Guardians of the Galaxy, Os Guardiões da Galáxia da Marvel, se preferires, são o mais recente esforço da Square Enix e Eidos Montreal para transportar para os videojogos os super-heróis da Marvel Comics. Após os Vingadores, é a vez dos Guardiões conquistarem o direito aos seus videojogos e para um fã das bandas desenhadas desta companhia, é praticamente impossível não ficar empolgado. A popularidade das produções da Marvel Studios está a permitir que projetos como este aconteçam e é um momento de entusiasmo assistir à chegada de um jogo focado neste caricato grupo de personagens, que provavelmente desfruta de maior sucesso no mundo do cinema do que nas BDs.
Este jogo é uma experiência de ação e aventura para um jogador, com a perspetiva na terceira pessoa, que promete levar-te por alguns dos mais marcantes locais de um canto da galáxia Marvel Comics. Controlando Peter Quill, o Star-Lord, exploras a nave Milano (a casa dos Guardiões) e outros locais que te vão deixar maravilhado, conversas com diversas figuras e frequentemente terás de escolher uma resposta para sentir que causaste impacto nos acontecimentos, sem esquecer que terás de combater ao lado de Drax, Gamorra, Groot e Rocket que precisam de ordens tuas para usar habilidades especiais e se tornarem realmente úteis nestas batalhas. Na maioria do tempo a IA é má e eles nem fazem nada, mesmo com chuva de inimigos à sua frente. É um dos maiores problemas do jogo, mas já lá irei.
Algo que deves ter muito em conta é que este Guardians of the Galaxy é um jogo totalmente linear (com alguns cantinhos para esconder segredos e te fazer explorar mais os arredores, mas sem disfarçar a linearidade total), numa experiência que quase poderias sentir ser uma espécie de Uncharted adaptado para o espaço e para este grupo de personagens. A linearidade numa experiência singleplayer não é um ponto negativo, não me compreendas mal, mas quando a experiência parece expandir-se por capítulos a mais, esse design poderá tornar-se cansativo quando começas a aproximar-te do final. Especialmente porque o sistema de combate também não enverga profundidade suficiente para justificar entre 12 a 14 horas de gameplay e poderás sentir que existem mecânicas artificiais para dar a sensação de progresso ao estilo RPG.
Linearidade cinematográfica
Guardians of the Galaxy é um jogo totalmente linear, mas enverga um grande sentido cinematográfico, e se optares pelo modo a 4K, a qualidade visual consegue tornar-se sensacional. O preço são 30fps e isso torna a ação muito menos divertida. É uma pena que o modo a 60fps exija um sacrifício tão grande da qualidade de imagem, mesmo numa PS5, onde o jogamos. Existem planetas com paisagens incríveis, criaturas enormes e edifícios que preenchem o ecrã, Guardians of the Galaxy é um jogo bonito de ver, no modo qualidade de imagem, onde a performance pode tornar-se horrível. O design linear coloca o foco na ação e nos personagens de uma forma que permite à Eidos Montreal controlar com uma mão mais firme a experiência e se gostas de jogos deste estilo, vais gostar dos momentos em que exploras os cenários com as botas gravitacionais de Quill e tentas resolver alguns puzzles para progredir.
A Eidos Montreal trabalhou o jogo para se assumir quase como um filme, uma experiência cinematográfica interativa multifacetada pois além dos níveis em si, onde decorre a ação, tens imensas cutscenes, imensos diálogos interativos e a possibilidade de passar tempo na Milano antes de entrar em cada nível. No entanto, não tens a possibilidade de escolher o planeta para onde queres ir, regressar a outro planeta por onde já passaste ou sequer explorar livremente os locais. Aqui a Eidos Montreal assume total controlo para te conduzir ao longo de uma experiência totalmente linear e recompensa-te com um formato focado na narrativa e nos momentos épicos.
O design de níveis alterna entre seguir em frente no nível, procurar itens necessários para adquirir mais habilidades para Quill combater, descobrir fatos extra espalhados pelos níveis, pedir a ajuda dos outros membros para chegar a novos locais (existem vários puzzles simples) e claro, os combates de grande intensidade que exigem estratégia e dar ordens a Groot, Rocket, Gamorra e Drax.
Combates intensos e ligeiros elementos RPG à mistura
Tratando-se de um jogo totalmente linear, já contas que os elementos RPG sejam muito ligeiros onde o XP para desbloquear habilidades ou itens para melhorar Quill são limitados pelo design em si. No entanto, os combates conseguem ser muito divertidos e mesmo controlando apenas Quill, a constante necessidade de comandar os outros membros dos Guardiões e o foco em fraquezas variáveis para os diferentes tipos de inimigos ajuda a aumentar profundidade de um sistema relativamente simples. O sistema de combate poderá contribuir imenso para a sensação que o jogo tem um capítulo ou dois a mais, mas as boss fights (que pecam por escassas) e alguns momentos que exigem estratégia ajudam e muito a contrariar essa possível sensação.
Controlando Quill, disparas as suas armas para despachar inimigos e quando queres, podes invocar o menu dos Guardiões e pedir que usem uma habilidade específica. Todos os inimigos têm um elemento ao qual são sensíveis e a profundidade procurada pela Eidos Montreal passa por te colocar perante inimigos que te obrigam a usar o disparo alternativo das armas de Quill para atordoar os inimigos e causar mais dano, até surgir um indicador na sua cabeça para usares um golpe especial e o eliminar. Se alguns inimigos são sensíveis ao gelo e perdem de imediato o escudo quando usas esse disparo alternativo, que os congela no lugar onde estão, o disparo elétrico faz com que a eletricidade se expanda para os inimigos à volta que ficam atordoados durante vários segundos. Existe ainda o disparo do vento que puxa para ti os inimigos distantes e o do fogo, que deixa os inimigos a arder e a sofrer dano durante algum tempo.
Enquanto disparas para causar dano e te moves acrobaticamente pelos cenários, graças às botas de Quill, terás de alternar constantemente entre os 4 tipos de disparos especiais, o que imprime alguma estratégia nos procedimentos. Foi altamente divertido sentir que os meus reflexos e atenção foram constantemente desafiados para triunfar. No entanto, senti que ao desbloquear somente o disparo do fogo no Capítulo 13 (de um total de 16), a Eidos Montreal manipulou artificialmente a dificuldade, uma vez que muito antes disso surgem inimigos sensíveis ao fogo. Isto apenas como um exemplo. Se os 4 tipos de disparos especiais surgissem mais cedo, os combates mantinham a diversão e livravam-se da sensação de dificuldade artificial embutida pela Eidos Montreal, para tentar criar a ilusão que a experiência pode durar mais tempo e que existe progressão de mecânicas para o justificar.
Quanto aos elementos RPG, recebes XP no final de cada combate e se perderes, reinicias o checkpoint e tens de enfrentar novamente os inimigos e conquistar a mesma XP. Não há forma de contornar o design estabelecido e tentar ficar mais forte antes do estipulado pela equipa de desenvolvimento. As habilidades permitem desencadear mais movimentos especiais de cada um dos 5 Guardiões e também ajudam o jogo a brilhar.
Guardians of the Galaxy está repleto de momentos brilhantes e divertidos, alguns deles nos combates. Descobrir o que cada habilidade de Drax, Groot, Gamorra ou Rocket faz é muito importante pois as alturas em que a estratégia é necessária são mais do que muitos. Podem fazer a diferença. Algumas habilidades de Groot prendem os inimigos no local, Rocket pode usar granadas que causam dano de área, enquanto Gamorra e Drax podem causar imenso dano a um inimigo. Fiquei surpreendido com a profundidade que a Eidos Montreal conseguiu injetar num sistema de combate que é relativamente simples.
Um jogo empolgante quanto baste, mas uma imensa falta de polimento
Com momentos visuais incríveis, uma experiência incrivelmente cinematográfica para um jogador e um sistema de combates divertido que exige estratégia, Guardians of the Galaxy tem tudo para triunfar, mas a Eidos Montreal parece ter falhado algumas coisas no design. Mesmo que os elementos RPG não consigam cumprir em pleno a tentativa de tornar a experiência menos simples do que na verdade é, diria que é a falta geral de polimento que mais me marcou no jogo e tirou-lhe muito do brilho que está escondido.
Marvel's Guardians of the Galaxy é um jogo bem ao estilo que adoro. É uma experiência linear e singleplayer, que adapta os Guardiões da Galáxia das bandas desenhadas e com muito para gostar. No entanto fica a sensação que o gameplay é simples demais, não consegue sustentar o jogo durante tantas horas e que alguns capítulos estão a mais. Além disso, problemas nas animações e colisões reforçam a sensação que o jogo precisa de uma grande dose de polimento extra. Estamos a horas do lançamento e parece que a equipa precisava de mais alguns meses para o polir. Se gostas das BDs da Marvel e de experiências para um jogar de ação e aventura com ligeiríssimos elementos RPG, talvez possas passar facilmente por cima dos problemas, mas a verdade é que prejudica mais do que gostaria de admitir o desfrutar da experiência.
A Eidos Montreal comunicou que dentro de horas será apresentada uma importante atualização e após a testarmos voltaremos para partilhar as descobertas. Se parte dos problemas forem melhorados e a qualidade geral envergar muito mais polimento, poderemos atualizar a análise.
Prós: | Contras: |
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