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Guitar Hero Live - Análise

Um regresso sem o fulgor do passado.

Guitar Hero tem um bom regresso, mas não devia estar tão focado no online e no seu serviço de stream.

Depois de anos a tentar (por falta de tempo) aprender a tocar guitarra minimamente, a série Guitar Hero veio resolver este meu problema. Não que o jogo possa substituir a guitarra real, mas sim porque trouxe aquilo que desejava na aprendizagem. A sensação de sentir a música e notas. Para um casual como eu, isso chega perfeitamente. Por esta razão a série de jogos foram muito queridos cá em casa, em grandes festas com amigos onde formamos o nosso grupo. Guitar Hero em modos avançados não é fácil, mas quanto mais difícil, menos próximo está da guitarra real, pois passa a ser um bater de teclas, algumas vezes sem sentido.

Já se passaram cinco anos após o último lançamento principal, Guitar Hero: Warriors of Rock, e estamos muito perto da comemoração do 10º anos da série. Guitar Hero Live traz consigo muitas novidades na forma como se joga Guitar Hero. Para os veteranos tudo parecerá normal, até pegarem na guitarra. Agora não temos as cinco teclas (notas) no comprimento do braço da guitarra, mas sim seis teclas, alinhadas em duas filas de três teclas. Estas teclas têm uma representação no ecrã pela cor preta e branca, linha superior e inferior, respectivamente.

Esta mudança levantou muita discussão entre os fãs da série, e o mesmo aconteceu na redação e amigos. Será este formato mais próximo em simular o braço e cordas da guitarra e respetivas notas? Para quem jogou imensas horas todos os jogos da série, é algo complicado começar a tocar e pensar em notas "de baixo". Antes a primeira corda era sempre da mesma cor, alterando-se o ritmo pela conjugação das restantes quatro cordas (teclas). Assim, nunca apareceria na mesma posição outra tecla, o que não é o caso em Guitar Hero Live. Temos virtualmente três cordas no braço da guitarra, mas que em cada corda poderá andar duas teclas, em separado ou ao mesmo tempo.

Este novo formato de gameplay parece à partida mais fácil, isto depois de limpar da mente o formato antigo. Mas as impressões iniciais eram enganosas. A questão resume-se na forma como fazemos as notas das músicas. A sensação de estarmos a fazer acordes é agora maior, porque tal como numa guitarra verdadeira, agora temos as cordas de cima e de baixo. Parece algo confuso, porque na verdade em termos virtuais é como se tivéssemos as cordas ao contrário.

Seis botões, seis notas. Novos desafios.

A tarefa no gameplay torna-se mais real e recompensadora quando conseguimos trocar rápidamente de corda, ou conseguimos fazer acordes como branca 1, preta 2, e branca 3, passando rápidamente para um acorde de preta 1, branca 2, e preta 3. Guitar Hero Live não é um jogo fácil nas dificuldades maiores, como nunca o foi em toda a série Guitar Hero. A mudança na forma como jogamos é uma mudança positiva, mas não deixa de ser uma mudança polémica.

Outras das novidades em relação aos restantes jogos da série é a forma como os ambientes de cada música estão criados. Se no passados tínhamos os bonecos virtuais como cabeças de cartaz, agora temos verdadeiras bandas de carne e osso a representar as diversas músicas do set-list inicial. O jogo está dividido entre GH Live, que é o modo carreira, onde temos que percorrer diversos festivais (já lá vou) e o GH TV, onde temos acesso a música fora do disco propriamente dito. A lista de músicas no GH Live não é a mesmo do GH TV, aliás, é bastante reduzida. O GH TV é no fundo o Online do jogo.

Sobre o GH Live, temos diversos palcos em duas "tour" disponíveis. Cada palco representa um estilo de música, onde iremos tocar pelo menos três músicas diferentes nesse ambiente. Agora estamos literalmente dentro do grupo, onde na perspectividade de primeira pessoa temos a visão de como é estar num palco com uma enorme multidão à nossa frente. Este formato é vencedor, porque pela primeira vez na série temos pessoas reais a tocar connosco, e a interagir connosco, a puxar por nós, ou simplesmente a fazer cara feia. O mesmo acontece com o público. Se estivermos a tocar bem o público demonstra isso com gritos, aplausos, com caras contentes e a delirar com a nossa atuação. Se começarmos a falhar notas o público começa a mostrar por gestos, cartazes e bocas que estamos a tocar mal. O mesmo para os nossos colegas de grupo. Para podermos recuperar rapidamente a atenção do público, podemos ativar o conhecido Hero Power (antes Star Power), o qual aparece quando conseguimos cumprir uma sequência pré-determinada na perfeição.

Todo o conceito está interessante e realmente funciona. Pena é que cai rapidamente na monotonia porque depois é sempre a mesma coisa. Sabemos que o cantor irá saltar nesta parte da música, ou que o baterista irá se levantar neste preciso momento. Todas as músicas desbloqueadas no GH Live poderão ser jogadas em Quickplay de forma individual, mas o cenário e atuação é o mesmo do set do GH Live. Todas as músicas poderão ser acompanhadas por um vocalista, podendo usar um micro USB para o efeito. Não existe planos por parte da Activision em incluir novos instrumentos no jogo, tal como acontecia no passado.

O número de músicas conhecidas, ou minimamente conhecidas, neste modo é bastante reduzido. Guitar Hero Live tem poucas músicas disponíveis no modo carreira, parecendo que a Activision não quis investir em mais músicas porque isso obrigaria a mais atuações dos músicos. Mas por outro lado, temos a sensação que é uma tentativa camuflada para nos enviar para o GH TV, onde podemos comprar não músicas mas sim GH Plays, que são nada mais que o valor monetário para podermos jogar nas músicas online, isto se quisermos tocar músicas especificas

Estes GH Plays são ganhos também durante o nosso progresso no modo carreira e GH TV, onde vamos amealhando consoante o nosso desempenho. O GHTV é um serviço de stream de video clips, onde podemos tocar em cima do vídeo da música ou no caso de não existir video clip, temos a versão Live. Temos acesso a dois canais de música, com a sua programação especifica e podemos tocar as músicas que estão no momento a ser transmitidas, atingindo 200 músicas neste momento. É como se fosse um canal de música, mas neste caso podemos tocar a música em direto, sempre comparando em tempo real com outros jogadores que estejam online. Para cada música existe uma lista online do top para cada grau de dificuldade.

Existe ainda uma moeda in-game, que pode ser usada para podermos comprar antes de cada música no GHTV algum Hero Powers, como por exemplo a bomba para apagar todas as notas numa determinada sequência. Quando terminarmos a música somos presenteados com mais moeda do jogo e pontos para podermos subir o nível de XP. Apesar de parecer confuso termos diferentes tipos de prémios quando acabamos a música, quanto mais jogarmos mais vamos perceber o seu efeito. Os XP por exemplo ajudam a ganhar itens in-game no GHTV, pois é no fundo o nosso status online. Os Hero Cash (outra moeda in-game) poderão ser usados para comprar acesso mais rápido ao GH Premium ou convertidos em GH Plays. Também podemos comprar Hero Cash com moeda real, custando por exemplo 0,99 euros por 300 Hero Cash, e poderá atingir os 19,99 euros para 6900 Hero Cash. Se usarmos um pouco de matemática, se quisermos comprar um GH Play temos que gastar 45 Hero Cash, que no fundo são 0,14 cêntimos, na pior das hipóteses.

Existem outras microtransações no jogo que são usadas para comprar moeda in-game, que por sua vez poderá ser usada para mais GH Plays. E aqui está um dos principais problemas do Guitar Hero Live. As músicas debaixo do Quickplay vindas do modo GH Live são poucas e principalmente não muito conhecidas para podermos continuar a tocar para ganhar pontos e por sua vez GH Plays para podermos aceder às músicas online na sua vertente livre. Se gostam de dedicar muito tempo até atingir um bom nível de perfeição, terão que constantemente jogar o modo GH Live e o stream de música para poderem ganhar os GH Plays, pois a velocidade que gastam os GH Plays é bastante superior à velocidade que ganham. Logo, se quiserem continuar a jogar terão que obrigatoriamente comprar GH Plays, com moeda real. Por outro lado, visto ser um serviço "sempre online", se os servidores estiverem em baixo, não terão acesso às músicas via stream.

Por fim ainda temos mais uma camada de acesso as músicas, o GH Premium, que é uma secção no GH TV que te dará acesso a conteúdo exclusivo, como músicas ou concertos ao vivo. Teremos acesso a esta secção após atingirmos o nível seis do ranking GH. Nesta nova secção podemos adquirir estas novas músicas dentro de um limitado tempo, e termos que, ou comprar com Hero Cash ou completar desafios propostos pelo jogo. Quanto mais investirem mais terão acesso. Ainda dentro das transacções com moeda real, podemos comprar o GH Pass, que dará acesso a 24 horas de música ilimitada (sem gastar GH Plays) durante 24 horas, isto por "apenas" 5,99 euros.

Se colocarmos de lado todo este sistema monetário, Guitar Hero Live é recompensador, mas demasiado pequeno no modo campanha, apesar de ser uma lufada de ar fresco na forma que se apresenta. O GH TV é um misto de sentimentos, porque apesar de termos acesso aos dois canais de stream de música, somos obrigados a tocar todas as músicas, ou deixar passar (perder literalmente tempo) até que apareça uma música que nos agrade. Se forem daqueles que gostam de escolher livremente a música que quiserem tocar, terão terão que obrigatoriamente gastar GH Plays, isto no modo GH TV, e isso poderá afastar-nos rapidamente do jogo. Guitar Hero tem um bom regresso, mas sinto que poderia ter chegado mais livre e não tão focado no online e no seu serviço stream.

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