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Harvest Moon: A New Beginning - Análise

Singularidades da vida no campo.

Desde o lançamento do original Harvest Moon para a Super Famicom em 1996 que a popularidade da série não tem cessado. A aproximar-se do vigésimo aniversário, muitas plataformas da Nintendo acolheram uma versão melhorada do clássico. Das clássicas às mais recentes, passando pelas plataformas portáteis, nenhuma máquina da Nintendo nasceu e morreu sem receber um jogo do simulador da vida agrícola. Agora é a vez dos europeus terem acesso ao segundo Harvest Moon lançado para a 3DS.

O que ajuda a explicar boa parte do sucesso do jogo, principalmente no Japão, é a combinação de uma série de conceitos; desde vida social, passando pela gestão e role play, esta fusão de géneros aprofunda a dimensão do jogo. Apesar de partir do mesmo princípio que norteou o jogo original - comandar uma quinta - materializa muitos detalhes que requerem uma disponibilidade constante do jogador. Como se o trabalho do jogador não fosse uma tarefa em vão, os frutos recolhem-se depois de alguma dedicação. E quanto maior for a quinta, dotada dos animais e das plantações necessárias ao seu sustento, mais justa será a recompensa.

Em Harvest Moon até as vacas ficam a brilhar.

Tal como sucede no original, aqui o jogador também começa por trabalhar numa quinta que oferece pouco. O espaço está vazio, sem animais e sem vida. Não há cultura e a vizinhança é escassa. É isso que nos informa, depois de pregar um susto ao cair redondo num trilho perto da quinta, a primeira personagem que conhecemos no jogo. Com ela iremos, ponto a ponto, conhecer as regras gerais e particulares da quinta, seus arredores, os nossos aposentos, entre deslocações a tudo o que é relevante conhecer. A primeira hora e meia de jogo, transforma-se assim num extenso manual interactivo. É verdade que podia ter sido organizado de outro modo, menos extenuante, mas esclarece as regras elementares de funcionamento do jogo e deixa-nos preparados para a gestão da quinta.

A New Beginning tem o mérito de apresentar uma série de novos elementos que desenvolvem claramente a experiência, no entanto, ainda não é um jogo revolucionário, pois continua a ganhar força a partir de pressupostos já desenvolvidos noutros jogos. Em suma, é uma boa oportunidade para os jogadores que desconhecem a série e mesmo os fãs, vão encontrar aqui alguns motivos que justificam a aquisição.

A personalização da personagem, assim como da quinta e da aldeia, são algumas das tarefas que temos à nossa disposição antes de avançarmos para as relações sociais. Esta interacção revela-se, novamente, de grande importância. Isto porque ao desenvolvermos as relações de amizade com personagens da aldeia que nos fornecem bens e até serviços, podemos obter recompensas regularmente, também elas úteis para o desenvolvimento da quinta, como ferramentas, roupas, sementes, entre outros. A disponibilidade permanente para as relações sociais com os vizinhos é fundamental para atrair novos residentes, mas para isso terão que ampliar a quinta e cumprir uma data de objectivos. No entanto, esta margem de progressão não é rápida, nem se consegue ao fim de poucos dias. Os efeitos práticos tendem a prolongar-se no tempo, numa evolução lenta.

A estação do ano, identificada junto do dia e hora do mês. O jogo tem relógio interno.

Uma opção interessante é a possibilidade de trabalhar na cozinha e desenvolver uma série de receitas. Na posse dos ingredientes necessários podemos obter o combustível necessário para um dia de trabalhos. No canto superior esquerdo podemos observar o nível de bem-estar e saúde do jovem agricultor. Na quinta e à volta da quinta, quase tudo é novo. Um toque no ecrã inferior mostra-nos o mapa da aldeia, que nos permite visualizar localizações importantes e pontos onde temos de cumprir os objectivos.

Visualmente, a New Beginning apresenta-se melhorado, em correspondência com os padrões de produção para uma Nintendo 3DS, servindo-se do ecrã estereoscópico a fim de proporcionar mais profundidade, detalhe e pormenores. O design realista convence, transmitindo uma sensação mais clara da vida rural e doméstica.

Tal como o subtítulo do jogo sugere, este jogo é quase um novo início para uma vida activa no campo. Melhorado e à altura de uma produção 3DS, pode ser a alternativa que alguns jogadores procuram relativamente a Animal Crossing. A atenção às actividades e o ritmo lento de algumas tarefas podem não ser do agrado de todos, embora os adeptos dos jogos de gestão e dos simuladores sociais, encontrem nesta quinta um desafio à altura das expectativas.

6 / 10

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