Harvest Moon: The Lost Valley - Análise
Pedra sobre pedra.
Com o uso da licença Harvest Moon, a Natsume acabou de publicar em território europeu, The Lost Valley, o novo simulador da vida social, mais precisamente um jogo que versa sobre a pacatez da vida no campo, entre a paz de alma transmitida pelos animais, a sombra dos olmeiros, a frescura dos legumes e o trabalho duro. Num tempo posterior à explosão de FarmVille, o género continua em alta. Depois do inesquecível Animal Crossing: New Life, a irreverência de Tomodaki Life, a feira popular de Disney Magical World e de certa maneira a originalidade de Fantasy Life, isto só para a 3DS, há mais um concorrente preparado para disputar os votos dos jogadores. Estará Harvest Moon: The Lost Valley numa posição privilegiada para se conquistar o mercado ou será apenas um novo capítulo numa série que desde há algum tempo tem dado alguns sinais de abrandamento?
A produção está a cargo da japonesa Tabot. Inc, que desde o começo depositou esperanças num novo arranjo para a série. Isso é particularmente notório na introdução, quando a nossa personagem parece despertar num verdadeiro pesadelo. Abandonada num território coberto de neve, sob o que mais parece o efeito de uma praga, a situação é no entanto reversível, desde que seja levada a cabo uma profunda transformação ao nível do solo, recorrendo ao seu aproveitamento, a tal estrutura que rapidamente entra em sintonia com o que é marca como a preparação da terra, a rega e a manutenção das culturas, numa lide quase diária.
Ao longo do tempo a personagem irá encontrar npc's, visando questões do quotidiano como auxílios à produção e outras tarefas com base comercial, podendo no entanto ganhar uma maior profundidade, com um eventual relacionamento amoroso, do qual podem brotar rebentos. Esta é a porção clássica que em toda a sua extensão é praticamente uma herança da série, como aliás se mantém o típico sistema de produção. O jogador atira as sementes à terra, rega-a e colhe os frutos, que irá depois vender aos feirantes de uma vila próxima.
"o jogador pode criar socalcos e assim dar um aspecto diferente a toda a área circundante à sua habitação"
Uma particular novidade na série introduzida pela Tabot é a possibilidade de modelação do solo. Através de um mapa quadriculado, e com algumas influências de Minecraft, o jogador pode criar socalcos e assim dar um aspecto diferente a toda a área circundante à sua habitação, através de um sistema de que bloco sobre bloco e pedra sobre pedra melhora a aptidão do solo para diversos fins. Esta alteração é interessante pela forma como afectamos o terreno, mas acaba por impedir que os npc's e negociantes se instalem à nossa volta, prejudicando a interacção e gerando os inconvenientes dos contactos em momentos específicos ao longo do dia.
Além disso, o tratamento dado a actividades do quotidiano revela-se algo superficial, com sistemas de jogabilidade simples e pouco criativos, eventualmente a pensar numa audiência infanto-juvenil. O design e motor de jogo oferecem uma produção 3D, agora com algumas diferenças, como as cabeças de tamanho exagerado, num aspecto potencialmente cómico e orientado para os mais pequenos. Concluindo, Harvest Moon The Lost Valley começou com algumas pretensões de sucesso, porém, fica um pouco aquém dos objectivos traçados, redundando numa obra já vista, com algumas novidades que não se repercutem sobremaneira no quadro final. Os fãs mais acérrimos e os mais pequenos terão um jogo capaz de lhes proporcionar umas valentes horas, já a restante audiência pode gastar os seus votos noutras opções que tivemos oportunidade de aludir atrás.