Here They Lie é terror inspirado em The Shining
Jogo dos estúdios Santa Monica chega em 2016 para o VR.
Se o Playstation VR rima ou não com jogos de terror é algo que ainda vamos descobrir. Mas que os estúdios viram potencial nesta combinação, disso já não há qualquer dúvida. Não são poucos os que arriscam. Fazem-no porque querem ser os primeiros a acertar - porque querem ganhar a lotaria e definir as regras daquele que pode ser o futuro da indústria. A combinação parece óbvia. Se o medo é a receita, então a realidade virtual é o ingrediente secreto para uma imersão cada vez maior.
Here They Lie é o típico Survival Horror, naquilo que parece ser uma adaptação direta deste género à realidade virtual. Progressão na primeira pessoa em cenários apertados, geralmente monocromáticos, e de ambiente tenso. De lanterna na mão, nesta demonstração da E3 o jogador parte à procura da mulher de amarelo, como lhe chama o produtor do jogo, John Garcia-Shelton. No portfólio, este homem tem franquias como Call of Duty ou Medal of Honor. Agora pertence à Tangentleman, uma produtora recentemente criada, associada dos estúdios Santa Mónica, da Sony.
A equipa criativa conta ainda com membros ligados a jogos como Tomb Raider ou Spec Ops: The Line. Garcia-Shelton explica que estão a tentar um jogo inspirado em outras obras da indústria, como Amnesia e Outlast, e no cinema, em filmes como o The Shining. Dá para perceber porquê. Na demonstração que experimentei há um momento em que tudo fica a vermelho. O sangue que cobre o chão ganha destaque num ambiente geralmente a preto e branco. Do sangue surgem corpos e dos corpos surgem chamas. É o tipo de ambiente que tende a criar desconforto.
O jogador procura o incerto. Uma mulher que foge. O porquê fica para descobrir com o desenrolar da aventura. As portas fogem, os cenários alteram-se e o incerto mantém-se. Com o Playstation VR na cabeça, o comando serve basicamente para ligar e desligar a lanterna e controlar o andar da personagem. A direção fica a cargo da movimentação da cabeça. Jogabilidade simples, ainda que meio primitiva. Há muito ainda por fazer. À conversa, depois de experimentar a demo, Garcia-Shelton agradece o meu feedback. Afinal, há controlos que ainda não estão bem refinados e que podem vir a receber alterações.
O joystick direito, utilizado para uma rápida mudança de direção, é fácil motivo de desorientação. Quem lá antes passou sentiu o mesmo. A versão final poderá ter alterações, explica-me o produtor do jogo. Esperemos que sim. Embora não surpreenda tecnicamente, há um certo encanto no ambiente de jogo, que pode dar origem a um bom produto final. Mas há também muito para melhorar, numa obra que ainda se parece demasiado com uma demonstração técnica.
Na verdade, está até por decidir se será um jogo digital ou físico. A data de lançamento é outra incerteza. A janela de lançamento do VR parece um objetivo, mas apressar a produção poderá ser um erro a pagar caro. Por outro lado, atrasar o lançamento poderá significar perder terreno numa corrida apertada pela dianteira do restrito grupo de jogos que definem novas tendências - e todos sabem que o lançamento de um novo produto, o Playstation VR, é uma boa altura para brilhar.