Hey! Pikmin com impressões positivas na 3DS - Antevisão
Não é uma produção 3D mas tem os seus méritos.
Criado por Shigeru Miyamoto para a GameCube, em 2001, Pikmin logo entrou para o quadro das produções originais da Nintendo. Um jogo capaz de combinar vários elementos, desde os jogos de acção, à estratégia, passando pelo domínio dos rts, as aventuras do capitão Olimar conquistaram um espaço não só na plataforma doméstica 128 bit da Nintendo. Depois da sequela, em 2004, foram precisos mais nove anos até a Nintendo lançar uma nova produção, desta vez para a Nintendo Wii U, sempre sob a supervisão do criador de Super Mario.
Anunciado o ano passado um novo jogo da série para a Nintendo 3DS, não foi uma surpresa a transição para o formato portátil, se considerarmos que não é bem o mesmo jogo que conhecemos, mas uma versão criada por um outro estúdio, o Arzest, que já nos trouxe jogos como Yoshi's New Island e Mario & Sonic at the Rio 2016 Olympic Games. Respeitando uma série de princípios do núcleo da série, talvez o ponto mais importante seja a mudança de perspectiva, para o formato "side scroll", menos exigente que uma produção 3D.
Ao princípio estranha-se e depois entranha-se. É uma das máximas que tem ecoado na mente sempre que faço mais uma partida desta nova versão. O jogo começa por nos mostrar o capitão Olimar num dia normal de trabalho, até que num regresso a casa, de volta ao conforto da família, a sua máquina fica sem Sparklium, o combustível necessário para operar o aparelho. Despenhado num planeta alienígena, Olimar descobre que umas pequenas criaturas respondem ao seu apito e seguem-no para onde quer que vá. Alem disso, são umas criaturas muito atenciosas e prestáveis, realizando uma série de coisas e tarefas, como construção de pontes, recolha de bagos que servem como combustível, entre muito mais.
O jogo não tem uma apresentação tão brilhante como os anteriores, embora a fase inicial, como "tutorial" se encontre bem feita, de forma prática e elegante. É verdade que não é tão subtil ou eficaz como os anteriores jogos, mas ainda assim serve um efeito bastante útil: dar a Olimar as ferramentas com que poderá obter os recursos necessários para regressar a casa. O objectivo passa por acumular 30 mil unidades de Sparklium, uma tarefa nada simples, mas que nem por isso deixa de estabelecer um desafio à medida dos mais destemidos.
A mudança de perspectiva, para uma espécie de 2D e meio, muda um pouco o conceito do jogo. Ainda que possamos afectar os Pikmin a certas acções, a ausência de profundidade afasta um pouco aquela sensação de mundo vasto e denso, onde os perigos espreitam de todo o lado. Também desapareceram os abundantes pormenores, como a vegetação, a água e toda uma descrição visual arrebatadora (a versão Wii U ainda é uma das minhas favoritas). Hey! Pikmin é deveras mais comedido e orientado para a acção, mas nem por isso nos parece um jogo menos interessante.
Apesar de um começo simplificado, indispensável para adaptar o jogador às novas regras, o jogo revela subtilezas e pequenos aspectos que nos deixam optimistas quando ao resultado. Os comandos são eficazes, usando o stick esquerdo para movimentar Olimar para a esquerda e direita. A personagem não salta e terá que contar com o préstimo dos Pikmin a fim de ultrapassar barreiras ou espaços vazios. A interacção com o cenário é levada a cabo no ecrã inferior (táctil), onde podemos clicar não só nas opções disponíveis, como o apito para chamar os Pikmin ou o foguete (jetpack) nas costas de forma a alcançar plataformas superiores ou no interior de algumas cavernas, mas também numa série de elementos do cenário.
A jogabilidade está por isso muito diferente, mas bem executada, permitindo uma boa exploração das áreas, sendo esse um dos factores que dinamiza e torna mais interessante uma inspecção minuciosa de cada porção de terra. Quanto aos Pikmin, as pequenas criaturas que nos acompanham, apresentam-se com diferentes cores, e por isso com diferentes habilidades. A dada altura teremos que ajustar as acções consoante os Pikmin que temos à disposição. Para combater o fogo, os Pikmin vermelhos podem dar uma ajuda, enquanto que os azuis conseguem nadar. Esse ajuste deriva dos jogos anteriores e permanece como ponto óptimo no equilíbrio do desafio.
Grande parte do tempo é passado a explorar e a recolher pequenas ou grandes peças, que podem depois ser transformadas em combustível. Existem imensas áreas secretas, merecedoras de uma exploração, ainda que seja possível percorrer o trilho normal dentro de cada área (as áreas dividem-se por níveis). Não obstante as limitações a que foi sujeito para caber numa portátil como a 3DS, Hey Pikmin parece um jogo bastante competente. Resta saber como evolui e se outras mecânicas serão adicionadas. As primeiras impressões são positivas. Não sendo um jogo à altura dos anteriores da série, nem por isso deixa de oferecer um ar da sua graça.