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Hifi Rush review - Entra no ritmo

O novo jogo da Tango oferece música e diversão.

Crédito da imagem: Xbox
Eurogamer.pt - Recomendado crachá
Um hack and slash musical e extravagante. Apesar de um ritmo inconsistente, HiFi Rush acaba numa nota alta. Divertido, desafiante, e contagiante.

Podemos catalogar Hifi Rush como a primeira grande surpresa de 2023. Foi revelado no evento de Janeiro da Xbox e Bethesda e ficou disponível no próprio dia. O energético trailer, a banda sonora, a jogabilidade rítmica, e o aspeto visual fizeram furor e acho que não houve ninguém que não ficasse com vontade imediata de experimentar este jogo surpresa.

Hifi Rush emana diversão. Basta olhar para os seus traços de desenho animado e cores vibrantes para saber isso. O conceito de jogabilidade rítmica, em que tens de atacar ao som da banda sonora, fortalece esse sentimento. Tudo à nossa volta vibra ao som da música, desde os elementos que embelezam o cenário à própria animação do protagonista, que até parado está sempre a dar com o pé e a estalar os dedos.

A energia é tanta que até apetece levantar do sofá e começar a dar uns toques de dança. É contagiante. É inacreditável que este título venha da Tango Gameworks, um estúdio cujos jogos até agora pendiam para o lado sombrio e do terror. Mas é um bom momento para recordar que Shinji Mikami, o produtor executivo de Hifi Rush, já tinha revelado uma paixoneta pelos jogos menos sérios com Shadows of the Damned.

O que é Hi-Fi Rush?

Há múltiplas influências notáveis. É como se Sunset Overdrive, Devil May Cry, e Metal Hellsinger tivessem feito uma menáge e dali surgiu Hi-Fi Rush (se isto fosses possível). A personagem principal, Chai, sofre uma operação acidental numa fábrica da Vandelay Industries que lhe coloca não só um braço mecânico, como um reprodutor de música no lugar do seu coração.

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Denominado de "defeito" depois desta operação, Chai tenta escapar à eliminação por parte da Vandelay . Em pouco tempo, dá por si envolvido numa disputa entre a empresa e Peppermint, uma das companheiras nesta aventura e que nos empresta a sua adorável gata robótica, a 808. A narrativa é tonta e não se leva demasiado a sério, o que é perfeito para este estilo de jogo.

Desmantela a Vandelay

O primeiro nível é um tutorial glorificado. Depois, HiFi Rush transforma-se num "Kill Bill" em que tens de ir derrotando os dirigentes da Vandelay (cada um mais louco do que o outro). Os níveis são uma mistura de secções de combate, plataformas, e QTEs. Embora as primeiras horas sejam divertidas, os níveis que compõe o recheio (o que está no meio) chegam a ser cansativos e monótonos.

O problema de alguns níveis é que são excessivamente prolongados e repetitivos. O jogo repete o mesmo design, torna-se previsível, e tem alguns pontos de frustração. Cheguei a perder completamente a vontade de jogar passado uma hora. Na parte final, isto é, nos últimos três níveis, Hifi Rush redime-se e entrega uma experiência a bom ritmo, sem momentos chatos, e a transbordar de excentricidade. A jogabilidade demora a atingir o pico.

Peppermint é a tua primeira companheira na aventura e tens a habilidade de a invocar em combate, momentaneamente (há um curto período de cooldown). Mais à frente, há outras personagens que se vão juntar a ti e que também te podem ajudar em combate. Com as peças de engrenagem que vais acumulado, podes comprar novos combos, ataques, e chips que te beneficiam de várias formas, como por exemplo, recuperar mais saúde com itens, reduzir o cooldown dos companheiros, etc.

Só a mais de metade do jogo é que o combate atinge a sua forma plena. Pode ser caótico demais, pela quantidade de inimigos à tua volta. Normalmente não o seria, mas a identidade rítmica de Hi-Fi Rush torna os combates extra desafiantes. E o que piora a situação são os inimigos com escudos, que requerem que invoques os teus companheiros mais do que uma vez antes que possas causar dano. Para um jogo de ritmo, a verdade é que Hi-Fi Rush tem um ritmo irregular.

Acaba em nota alta

Demorei cerca de 10 horas para terminar Hi-Fi Rush. Explorei os níveis com a maior atenção, sempre à procura dos itens que aumentam a quantidade de saúde de Chai e a barra de eletricidade, essencial para ativar o super-ataque. Depois do final, desbloqueias uma dificuldade ainda mais elevada, chamada Mestre do Ritmo, em que é Game Over imediato se o teu ritmo descer abaixo da classificação D. As classificações no final dos combates, e no final de cada nível, são claramente uma herança de Devil May Cry. Há também uma torre de desafios em que vais enfrentando vagas com inimigos cada vez mais difíceis.

Visualmente, é fabuloso. A palete de cores vibrantes fazem com que não passe despercebido, mas a qualidade da arte também merece menção. | Image credit: Bethesda

HiFi Rush é uma ideia bem executada e refrescante. Misturando elementos de outros jogos, toca um riff contagiante. Tentar manteres-te no ritmo enquanto combates contra hordas de robôs é um novo tipo desafio até para os fãs de hack and slash que já estão habituados a estas andanças. Pelo meio, há pequenas frustrações. Alguns níveis são um pouco longos para a variedade de gameplay e acabam por cair na repetição. Depois, a parte em que tens de desviar-te ou bloquear os ataques dos bosses ao ritmo de uma batida prévia, pode ser frustrante.

Mas compensa noutras coisas. As personagens são carismáticas e humoradas. A banda sonora, com músicas oficiais de Nine Inch Nails, The Black Keys, e The Prodigy, é sensacional. No final, sobra vontade para repetir os níveis, explorar o que ficou para trás (há umas portas que só podes abrir depois do final do jogo), e afinar o ritmo dos nossos combos. Hifi Rush é diversão garantida.

Prós: Contras:
  • Mistura de hack and slash com ritmo é uma fórmula vencedora
  • A jogabilidade tem profundidade e variedade
  • Chai, os seus amigos, e os chefões da Vandelay são carismáticos
  • A banda sonora deixa-te a vibrar
  • O aspeto de desenho animado e cores vibrantes combinam com a personalidade do jogo
  • Há mais conteúdo depois de terminares pela primeira vez
  • Alguns níveis são demasiado longos e tornam-se repetitivos
  • Há QTEs frustrantes nos bosses e certos inimigos
  • Em certos combates, sentes que é impossível manteres-te no ritmo devido à quantidade de inimigos

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