Hitman HD Trilogy - Análise
O legado do agente 640509-040147
As análises destas conversões de jogos antigos para a alta definição são estranhas, a maioria das vezes a jogabilidade permanece inalterada, o conteúdo é o mesmo, o desafio é o mesmo, a única coisa que muda é o aspeto visual, que muitas vezes acaba por ter pior aparência do que o pedaço de memória guardado nas nossas mentes.
Esta trilogia em HD de Hitman ainda é mais estranha, tendo em conta que oferece um título lançado ainda durante a atual geração de consolas, o Hitman: Blood Money. É certo que fora concebido e lançado também na geração anterior, mas não deixo de estranhar que se considere um título que descansa na minha prateleira de jogos para Xbox 360 como um clássico.
Pior ainda é o facto de se tratar exatamente do mesmo jogo, ou seja, a versão presente nesta coleção é a mesma que saíra para a 360 em 2006. Neste sentido, as principais novidades desta conversão para HD são mesmo as versões de hitman 2: Silent Assassin e Hitman: Contracts, títulos de outra era que surgem agora numa definição superior em widescreen.
O primeiro jogo da série, Hitman: Codename 47 não está incluído, mas tendo em conta que algumas das missões desse jogo estão presentes no Contracts, se estivesse no embrulho, ele seria ainda mais estranho. A coleção é portanto indicada principalmente para quem nunca jogou os títulos Hitman anteriores ao Absolution, mas não traz particular interesse para quem os conhece, até porque são os mesmos jogos, só que em HD. As mesmas texturas e animações têm agora uma maior clareza, o que acaba por tornar a sua idade ainda mais percetível.
Para quem anda adormecido, o protagonista é o agente 47, um assassino a contrato que trabalha para a ICA (International Contract Agency), e cujo nome de código está ligado ao facto de possuir artificialmente um cromossoma especial (47), que lhe garante uma capacidade física e mental acima do comum dos mortais. Apesar de ter sido criado para ser uma máquina de matar, 47 demonstrou possuir sentimentos nobres, facto que Hitman 2: Silent Assassin faz questão de salientar logo de início, com o agente a viver em clausura num convento onde confessa os seus crimes.
Sendo um assassino que trabalha a contrato, os níveis dos jogos estão divididos em missões (contratos) onde 47 tem um alvo para abater. O principal interesse é que estas oferecem escolha entre duas abordagens diferentes, uma para aqueles que desejem abraçar por completo as mecânicas stealth, e uma outra para os que apenas queiram eliminar tudo que se coloque entre si e o seu alvo. A primeira hipótese lança-nos numa jornada stealth "old-school", onde temos que planear ao pormenor os passos a seguir para alcançar o alvo sem que ninguém perceba.
"Apesar de ter sido criado para ser uma máquina de matar, 47 demonstrou possuir sentimentos nobres."
A razão pela qual digo "old-school" prende-se com a rigidez com que alguns destes assassinatos funcionam, temos que decorar o percurso dos guardas, eliminar e esconder corpos e de preferência, acabar com o alvo sem disparar um único tiro. Isto sim é Hitman. O problema é que na maioria das vezes isso requer uma boa dose de tentativa erro, um método de aprendizagem há muito afastado do género, e que aliado a uma inteligência artificial arcaica transforma uma experiência de jogo desafiante numa sessão de frustração.
A segunda hipótese segue mais a linha de ação, se necessário eliminando uma cidade inteira para chegar à frente do alvo e dizer "sim, tu vais morrer!". Este caminho foi ganhando alguma preponderância à medida que as mecânicas de combate melhoraram de jogo para jogo, acompanhando também o crescimento dos jogos de ação e shooters na terceira pessoa. Basta uns minutos com Silent Assassin para perceber a evolução monumental que as mecânicas deste género tiveram na última geração.