Horizon: Zero Dawn - A obra-prima da Guerrilla Games
O trunfo de 2017 da PS4.
É impossível não ficar impressionado com Horizon: Zero Dawn. Depois de termos experimentando extensivamente este jogo durante cerca de quatro horas, a propósito de uma viagem a Amesterdão para visitar a Guerrilla Games, podemos dizer com segurança que merece sem dúvida uma posição entre os títulos mais aguardados de 2017. Até agora o nome da Guerrilla Games estava associado a Killzone, a série pela qual este estúdio era responsável já desde a PlayStation 2, mas com sede de algo novo, a Guerrilla Games criou Horizon Zero: Dawn, que é completamente diferente de tudo o que fez até hoje. Passar de um uma série de jogos de tiro para um jogo em mundo aberto não é fácil, mas diria que a Guerrilla cumpriu com mérito a tarefa.
Embora Horizon Zero Dawn tenha sido mostrado ao mundo pela primeira vez em Junho de 2015, em plena E3, na realidade o projecto começou a ser concebido há cerca de seis anos. A dedicação e a paixão de Guerrilla Games por este projecto é palpável e o resultado é um dos jogos mais impressionantes que já vimos na PlayStation 4. Desde o primeiro minuto que a qualidade gráfica, apoiada por uma direcção artística deslumbrante, nos deixa vidrados à televisão e incrédulos. Embora no evento existissem duas consolas PlayStation 4 Pro, onde podíamos testar o jogo e conferir as diferenças, as sessões para experimentar Horizon: Zero Dawn decorreram numa PlayStation 4 normal. A qualidade visual é de tal forma impressionante que nos podiam ter enganado se nos tivessem dito que estava a correr na Pro.
A Guerrilla Games afirma que a PlayStation 4 normal sempre foi a plataforma principal de desenvolvimento para Horizon: Zero Dawn e isso nota-se bem na versão que jogámos (que ainda não era final). Há suporte para a PlayStation 4 Pro é claro. Neste caso o jogo vai correr com maior resolução e terá melhores efeitos visuais, mas não ficarão defraudados se jogarem na consola original, longe disso. O mais impressionante de Horizon é a forma como a Guerrilla Games conseguiu embutir tantos detalhes em cada imagem. A Guerrilla Games sempre demonstrou talento no que toca espremer o hardware das consolas da Sony, mas Horizon: Zero Dawn é capaz de ser o seu trabalho mais impressionante até à data. Conseguir esta qualidade num jogo em mundo aberto e com esta escala não deve ter sido fácil.
Não é novidade que Horizon: Zero Dawn tem bom aspecto, afinal, os trailers e vídeos da jogabilidade já o indicavam. Mas e o resto? Os jogos não são feitos só de gráficos e, ultimamente, a interactividade, o elemento que liga o jogador àquilo que está a decorrer na televisão, é o factor mais importante. Horizon: Zero Dawn não falha neste aspecto. O jogo tem uma estrutura em mundo aberto, e eventualmente dá-vos a liberdade de explorar este curioso mundo criado pela Guerrilla Games, mas inicialmente apresenta-nos Aloy, a personagem que controlámos. Isto é extremamente importante e a forma como é feita a introdução estabelece uma ligação imediata com Aloy. Sem querer estragar alguma surpresa, posso adiantar que o início é um prólogo que molda Aloy e o seu futuro.
Portanto, apesar da sua estrutura em mundo aberto, Horizon: Zero Dawn não menospreza a narrativa. A forma como a história é contada dá-nos um contexto e uma ligação ao mundo. As sidequests também ajudam, revelando mais curiosidades acerca deste mundo fascinante que está inserido num contexto pós-apocalíptico em que a humanidade voltou quase à idade da pedra, organizando-se em tribos e caçando com arco, flechas e lanças. Em vez de animais, o mundo é populado por estranhas criaturas robóticas, umas maiores do que outras. O processo de criação de cada uma destas criaturas de origem desconhecida é complexo e trabalhoso. A Guerrilla Games estudou vários animais reais para inspiração e todas as animações foram feitas à mão. Cada criatura demorou cerca de três meses a ser criada e a dado momento existiam 60 animadores na Guerrilla Games para dar vida a estas fascinantes criaturas.
Tudo o que Aloy faz resulta em experiência ganha para subir de nível. Horizon: Zero Dawn não é um RPG puro e duro, mas adopta vários elementos deste género, apesar de se desenrolar mais como um jogo de acção / aventura em mundo aberto. As habilidades que podem desbloquear são úteis de várias formas. Podem saltar e abrandar o tempo enquanto estão a apontar com o arco ou fazer menos barulho quando saltam de uma pedra para o chão. A progressão de habilidades eventualmente possibilita-vos que enfrentem criaturas mais difíceis e maiores dimensões. Ainda assim, Aloy nunca fica exageradamente poderosa. É possível recuperar vida apanhando ervas específicas, mas com um pequeno descuido perdem imensa vida e podem mesmo morrer e ter que recomeçar do último checkpoint. Diria que a dificuldade está no ponto certo. Não é um jogo exageradamente difícil, mas também não é fácil demais para não retirar o gozo dos desafios.
A arma principal de Aloy é um arco e flechas (que têm de ser fabricadas com os recursos que apanham). Mais tarde, podemos fabricar até flechas flamejantes, que são eficazes contra certos tipos de criaturas. No entanto, a ferramenta mais útil de Aloy é um pequeno dispositivo situado na sua orelha. Este dispositivo de origens misteriosas permite que Aloy faça rapidamente uma análise aos pontos fracos das criaturas e lhe diga qual é o caminho que vão percorrer, ou seja, é uma forma de prever onde se vão deslocar a seguir. Desta forma, Aloy pode manter-se em modo sorrateiro, caminhando agachada de arbusto em arbusto até atingir o seu objectivo. Quando temos que enfrentar poucas criaturas, não é propriamente necessário esconderem-se, mas na presença de grandes grupos, é sem dúvida uma grande ajuda.
"Horizon: Zero Dawn é um jogo com uma escala enorme"
A narrativa de Horizon tem um caminho traçado e está confirmado que apenas terá um final, contudo, o jogador pode envolver-se na história através de algumas decisões. Numa situação, podia escolher agir agressivamente ou pacificamente. Para já é impossível saber ao certo o impacto que estas decisões terão no final, mas John Gonzalez, o escritor da história, adiantou que as decisões têm alguma influência na sequência final. Para aqueles que gostam de explorar tudo, fiquem desde já a saber que podem completar a sequência final e depois continuar a jogar na mesma gravação. Assim que chegarem ao final, o jogo reverte para o checkpoint anterior (antes do final) mas não vos retira os prémios que acabaram de ganhar.
Apesar de termos jogado cerca de quatro horas, sentimos que ainda vimos muito pouco de Horizon: Zero Dawn. A Guerrilla Games preferiu não revelar concretamente quantas horas de longevidade poderemos esperar, mas frisou que é um jogo muito grande. É precisamente isso que sentimos depois desta experiência. Horizon: Zero Dawn é um jogo com uma escala enorme e ficamos com uma vontade imensa de continuar a jogá-lo. É um daqueles jogos que nos deixa agarrados e que se torna irresistível em pouco tempo. Inicialmente estava céptico, afinal, a Guerrilla Games não tinha experiência neste género e passou demasiado tempo agarrada à série Killzone, mas agora não existem duvidas quanto a Horizon: Zero Dawn. Neste momento é o trunfo da PlayStation 4 para 2017. É um daqueles jogos que vende consolas. A versão que jogámos (ainda inacabada) estava sólida em todos os aspectos, apesar de alguns soluços na fluidez que ocorreram numa determinada área. Agora resta aguardar pela versão final e descobrir os segredos que o mundo de Horizon ainda esconde.
Horizon: Zero Dawn será lançado a 1 de Março para a PlayStation 4.