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I Am Alive - Análise

Quanto tempo conseguiriam sobreviver num cenário pós apocalíptico?

Do mesmo modo, este sistema bastante real e algo tenso do indicador de vida, funciona de forma similar quando escalam se encontram a escalar paredes. A fadiga acumula-se, há uma tensão crescente provocada por um elemento sonoro que dá dimensão ao perigo e enquanto não chegarem a solo firme e descansarem a barra decrescerá até que fiquem sem forças para continuarem pendurados. Alguns percursos convidam ao erro e nessa altura poderão usar alimentos que vos deixam recuperar do esforço por algum tempo, permitindo que a barra volte a encher. Poderão beber líquidos e recorrer a outras soluções, mas se não conseguirem recuperar a saúde, a barra de energia enfraquecerá progressivamente e só poderão restaurar o estado inicial se encontrarem comida e kits de saúde. Dada a sua escassez, é complicado voltar à forma ideal sem antes passar por grandes dificuldades. Esta agrura na progressão torna toda a tarefa de sobrevivência mais estimulante e imprevisível para quem controla a personagem.

Contudo, a ausência de gravação automática origina um regresso até ao último ponto de gravação quando perderem a vida, o que nalguns casos pode ser frustrante especialmente se fizeram tanto pelo meio. Se salvarem outras pessoas ganharão "retrys", o que é sempre útil para prevenir esse efeito, mas estes também escasseiam e não raras vezes morrerão de forma sucessiva enquanto não descobrirem a melhor forma de lidar com as várias ameaças. Para debelar situações complicadas o protagonista conta inicialmente com dois meios de defesa. Uma pistola e um ferro pontiagudo que pode ser bom para cortar cortar o pescoço dos inimigos e rebentar cadeados. A pistola quando apontada aos inimigos gera um efeito imediato de receio. Alguns ficam receosos e afastam-se, mas se deixarmos de lhes apontar a arma eles podem atacar pelo que convém gerir com cautela a situação.

Entrar a disparar como noutros jogos também não resulta e pagarão com a vida se arriscarem ataques como faz o Rambo. As balas são raríssimas e cada uma deve ter um destino fixado previamente, tudo dentro de um quadro altamente estratégico. Por vezes acabamos cercados por um grupo que avança na nossa direção. Convirá lançar primeiro um ataque surpresa e depois alvejar com sucesso o líder do grupo. Os restantes elementos poderão abdicar do ataque e muitas vezes ajoelham-se clamando misericórdia. Mas também podemos atrair alguns deles para um buraco e empurrá-los na direção do abismo ou de encontro a uma fogueira, para que fiquem emulados pelo fogo.

Estes confrontos são normalmente delicados e há toda uma tensão que comanda o momento e um tempo limite para decidir, já que eles avançam na nossa direção. Assim que atacamos um deles, os restantes atuam em conformidade e por isso devemos agir depressa e com a certeza quanto aos efeitos das ações. No fundo esta ausência de munições e limitação nas opções de ataque torna a experiência mais próxima de um "survival horror" que nos condena quando agimos de forma precipitada, mas que deixa uma boa sensação por nos termos desenvencilhado de uma situação perigosa tomando as decisões certas. À medida que avançam no jogo terão mais objetos de interação. Um arco será útil para abater inimigos à distância e há ainda um gancho que serve para chegar a plataformas distantes.

O argumento de I Am Alive não é particularmente complexo. Arranca quando a personagem chega a casa, dentro de uma cidade fictícia transformada num cenário pós-apocalíptico e ficamos a saber que a esposa e filha deste nosso sobrevivente se encontram evacuadas num abrigo. Contudo, a informação tem já quase um ano e não há ninguém em casa. O protagonista transporta consigo uma câmara de filmar. Através dela grava momentos significativos da sua luta pela sobrevivência, que são utilizados pelo produtor do jogo para fazer um "fast forward". Pelo meio conheceremos Mei, uma criança que nos leva até ao encontro do seu pai, que é uma das pessoas com quem acabamos por ter mais algum desenvolvimento, já que o pai de Mei conhece melhor a cidade, sabe de pontos onde existe maior segurança e providencia auxílio. Mas a luta aqui acaba por ser de natureza assumidamente individual. A interatividade é escassa e mais do que despertar laços afetivos há um simbolismo dominante nas pequenas conversas e nas ajudas prestadas aos sobreviventes de boas intenções.

I Am Live é uma experiência concebida para ser superada individualmente, sem mais. Há um sistema de pontuação que visa promover uma segunda passagem, embora não leve muito tempo até à conclusão. Não é revolucionário no género, muito menos nos revela novidade no ambiente e até nos elementos da jogabiliadde. O que o torna especial e único, no meio de tanta oferta onde os seus heróis são mais do que tudo super heróis, é a fragilidade do protagonista e da sua luta constante pela sobrevivência num espaço onde os recursos são escassos, anotados e os perigos emanam de qualquer esquina e de qualquer forma. Esta é uma luta muito séria pela sobrevivência e mais uma vez será posta à prova a capacidade do ser humano

8 / 10

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