inFamous 2: Festival of Blood - Análise
Cole, o inVampiro.
Mamas, álcool e fama são, surpreendentemente, o mote para esta aventura. A chegada de uma nova rapariga à cidade é motivo de interesse para Zeke que, sem papas na língua, rapidamente a convida para beber um copo. Face à falta de um tema mais surpreendente do que as aventuras do seu amigo Cole, Zeke decide contar à rapariga uma das muitas aventuras da dupla. E porque não contar uma mesmo surpreendente? Vampiros, terror e sangue, muito sangue, são o prato principal deste enredo que conta como Cole desceu ao submundo e voltou para derrotar Bloody Mary. Que comece o festival.
A veracidade desta aventura pouco interessa aqui. Caberá a cada um decifrá-la. A estória é contada por Zeke algures durante a estadia da dupla em New Marais, e remonta para uma época próxima, na qual Cole vagueia pela cidade em busca de populares para salvar. A entrada numas catacumbas acaba por ditar a sua captura. Levado até Bloody Mary, velha e desgastada, esta suga-lhe o sangue e, graças ao poder do mesmo, volta à vida. Assim começa o seu reino de terror.
O espaço temporal do enredo coincide com uma época festiva na cidade. Pyre Night em New Marais só pode ser sinal de festa, e as decorações não enganam. Adornados a rigor estão os populares, mas também cada canto da cidade.
A apresentação de uma outra vertente da cidade de New Marais (cuja inspiração em Nova Orleães atinge aqui o seu auge), pouco explorada na aventura inicial, é somente por si um motivo de interesse nesta expansão. Vão encontrar uma cidade em festa, à imagem daquilo que esta havia sido em tempos, segundo os relatos de Cole aquando da chegada a New Marais na aventura principal. As pessoas bebem, dançam e divertem-se na noite. A cidade ganha vida com fogos de artificio, disfarces, maquinaria ou balões assustadores.
E se o que deverão procurar nesta aventura são premissas alternativas, então Festival of Blood só poderá agradar desde o seu verdadeiro inicio. A apresentação de um enredo fictício, até para os padrões da série, oferece desde logo uma série de possibilidades que se materializam com inovações, seja a nível da jogabilidade, colecionáveis ou na própria criação de uma cidade que vive muito do novo ambiente.
A jogabilidade que caracteriza a aventura principal mantem-se, já que ainda vão precisar de andar pela cidade, prédio ante prédio, mais que não seja para encontrar novas presas. É que cole tem agora uma nova habilidade, que lhe permite voar entre morcegos pela cidade, rápido e eficazmente, a troco de um combustível: sangue. Esqueçam o Karma, entre ser bom e mau, escolham ser vampiro. Tudo o que interessa é a sobrevivência de Cole, e se tiver de morder cem pessoas, sem hesitar será.
Por entre todas as novidades, uma mecânica surge com grande familiaridade. A aventura volta a desenvolver-se ao ritmo de uma contagem decrescente, coincidindo desta vez com a chegada do sol. Cole tem 8 horas para salvar a sua pele, literalmente. Aqueles que outrora protegera, são agora vistos como um mal menor para o salvamento da humanidade. Cole está obrigado a sugar os populares de New Marais, para que ele próprio sobreviva e consiga por fim colocar um ponto final no reino de terror de Bloody Mary.
Mas para isso terá que derrotar os seus aliados. Vampiros, vampiras e morcegos primogénitos estão à solta pela cidade; e o ambiente criado é realmente bem conseguido. São vampiros à moda antiga, com estilo, com armas e com dentes afiados. A banda sonora a condizer só contribui para a atmosfera criada.
A aventura desenvolve-se a bom ritmo, mas revela-se curta. As mecânicas característica aos restante jogos da série são todas elas aqui aproveitadas, através de diálogos entre os dois amigos ou as sequências animadas já tão familiares. Pelo meio existem ainda algumas missões que fazem uso do sistema de criação de níveis, pretendo mostrar um pouco daquilo que pode ser criado. O enredo prossegue à medida que as origens desta Bloody Marry são explicadas, criando uma sequência de acontecimentos que não deverá demorar mais do que 2 a 3 horas. Pelo meio serão ainda convidados a completar alguns desafios que permitem a Cole ganhar e melhorar poderes, tais como morder 100 pessoas ou matar 20 grupos de vampiros.
A longevidade da aventura será prolongada consoante a vontade do jogador embarcar nestes desafios e entregar-se ao ambiente. Se assim for, poderão até passar um bom momento a explorar a cidade, em busca de pistas para que descubram ensinamentos e gravações ou os jarros canopos, que permitem estender as habilidade de vampiro. O arsenal de ataques disponibilizado no jogo é curto, mas os poucos que irão aprender são diferentes do jogo original. Ainda assim, e mesmo a aventura não sendo muito grande, é relativamente cedo que conseguirão cumprir a grande maioria destes objetivos, ficando depois uma certa sensação se inutilidade. A falta de missões secundárias acabar por ser também uma falha.
Festival of Blood representa aquilo que um DLC deve oferecer. É uma experiência diferente, um pouco à imagem daquilo que a Rockstar conseguiu recentemente com Undead Nightmare. Fãs da série ou curiosos do "vampirismo" não deverão colocar grandes reticências em relação ao agrado que daqui poderão obter. Ainda que seja uma aventura relativamente curta e parca em recursos para estender a sua durabilidade, o ambiente aqui criado por si só apela à experimentação. A possibilidade de jogar sem adquirir qualquer uma das outras inserções na série ou a oportunidade de utilizar o controlador Move poderão ainda agradar a alguns.