It Takes Two é o melhor jogo cooperativo de sempre
Diversão desenfreada para dois jogadores.
Josef Fares, mais conhecido pela controversa frase "F*ck The Oscars" durante os The Game Awards de 2017, tem um talento especial para fazer videojogos cooperativos. É verdade que o seu currículo na indústria dos videojogos não é longo - até agora foi director em três jogos - mas tem surpreendido a cada investida. O seu primeiro jogo, Brother: A Tale of Two Sons, não tinha modo cooperativo - o jogador tinha que controlar cada irmão em analógicos separados - mas estabeleceu as mecânicas e conceitos para futuros projectos.
Foi com A Way Out, a história de dois prisioneiros que escaparam da prisão, que Josef Fares realmente se envolveu no conceito de criar videojogos de raiz para serem jogados em modo cooperativo. Apesar de não ter gostado da direcção narrativa de A Way Out, é um jogo fantástico para partilhar com outra pessoa, com mecânicas divertidas e desafiantes que criam momentos de elevada tensão e dependência do teu parceiro. It Takes Two, embora seja uma nova propriedade intelectual, pode ser visto como uma sequela espiritual de A Way Out.
It Takes Two ficará disponível a 26 de Março e a convite da Electronic Arts assistimos a uma breve apresentação do jogo e, mais importante, tivemos acesso a uma demo bastante extensiva do jogo. Por norma, costumo ser mais reservado nos elogios tecidos a versões inacabadas, mas esta demo de It Takes Two convenceu-me completamente. Foi uma explosão de diversão como não sentia há muito tempo e deixou-me ansioso para contar a toda a gente que este jogo merece experimentado.
É um jogo para dividir, mas será que é fácil para uma pessoa inexperiente?
Fazendo justiça ao nome do jogo, são precisas realmente duas pessoas para jogar. It Takes Two é um jogo para ser partilhado com outra pessoa, de preferência alguém que tu conheças pessoalmente e que esteja, pelo menos, ligeiramente familiarizada com videojogos e os respectivos controlos. Digo isto porque inicialmente tentei jogar com alguém em que a experiência com videojogos era praticamente nula e foi difícil fazer progressos. O jogo requer destreza em controlar a personagem e câmera ao mesmo tempo e tem muitas secções de plataformas que são um autêntico pesadelo para "virgens" em videojogos.
"É um jogo para ser partilhado com outra pessoa, de preferência alguém que tu conheças pessoalmente"
Embora o aviso possa parecer despropósito - afinal, as pessoas que nos seguem dominam muito bem os videojogos - podes querer partilhar It Takes Two com a tua esposa(o), namorada(o), familiar ou amigo e nem sempre as pessoas que nos são próximas partilham a mesma paixão e experiência por este tipo de entretenimento. Isto não retira qualquer mérito ao jogo - se bem que poderiam existir mais opções de ajuda nas definições - até porque me diverti imenso, bem como a pessoa inexperiente com quem estava a dividir It Takes Two. Foram gargalhadas atrás de gargalhadas, em que até as mortes tinham piada.
Mecânicas variadas e desafios constantes
It Takes Two conta a história de um casal em processo de divórcio. Depois de darem a triste notícia à filha, as suas lágrimas e desejo de que os seus pais fiquem juntos acabam por convertê-los em dois bonecos que têm de colaborar para voltarem às suas formas normais. A narrativa é muito divertida e descontraída, mas com mensagens reais para manter uma relação saudável, acabando por mostrar os desleixos de ambas as partes que ultimamente acabaram por destruir a relação. É por isso um jogo perfeito para dividir com a tua cara metade, caso já a tenhas encontrado.
"A narrativa é muito divertida e descontraída, mas com mensagens reais"
Na questão da cooperação, It Takes Two vai ainda mais longe do que A Way Out, requerendo muita mais coordenação e dependência de ambas as partes. Os confrontos com os bosses são o pináculo da cooperação e todos aqueles que encontramos ao longo da demo têm mecânicas completamente diferentes. Cada capítulo ou nível troca de temática e mecânicas. O jogo mantém-se fresco e cheio de surpresas, mantendo as emoções altas. Quando finalmente te habituas a uma das mecânicas, é introduzida outra completamente diferente.
Por exemplo, na primeira parte há que ser sugado por tubos de aspirador enquanto o outro jogador segura na ponta de saída para sermos catapultados para altas plataformas. Na parte seguinte, um jogador consegue manejar a parte de metal de um martelo, enquanto o outro consegue atirar parafusos que servem para prender plataformas no sítio. Por outras palavras, as mecânicas são diferentes conforme a personagem e precisas de combiná-las astutamente para passar os muitos desafios.
Podes jogar online ou em ecrã dividido
It Takes Two tem ambas as opções para jogar em modo cooperativo: podes jogar à distância através do modo online (o que dá jeito em tempos de pandemia), mas também é possível jogar localmente em ecrã dividido (esta foi a nossa experiência). Outra vantagem de It Takes Two, herdada de A Way Out, é que só precisas de uma cópia para dividi-lo com um amigo. Basicamente, contrariamente a outros jogos, o teu amigo não necessita de adquirir o jogo para ter acesso a It Takes Two. Alguém que não tenha comprado o jogo pode passá-lo do princípio ao fim desde que o outro jogador o tenha comprado.
"Contrariamente a outros jogos, o teu amigo não necessita de adquirir o jogo para ter acesso a It Takes Two"
Embora só tenha experimentado uma demo, o jogo pareceu-me altamente polido. Como dizia um famoso jogador de futebol, "prognósticos, só no fim do jogo", mas com base naquilo que joguei, It Takes Two tem estofo para se tornar num dos melhores jogos de 2021. É altamente divertido, o conceito funciona na perfeição, a jogabilidade é tão boa quanto os jogos de plataformas da Nintendo (o próprio Josef Fares admitiu que It Takes Two é um tributo aos jogos desta companhia) e parece ter uma história apoiada numa mensagem importante.