J-Stars Victory VS + - Análise
Naruto vai a Namek treinar com um assassino amarelo.
Os deuses só podem estar loucos. Pelo menos uma certa entidade divina Japonesa que decidiu cumprir a tradição e iniciar um festival muito especial. A cada 45 anos os principais personagens das mais populares mangás da Shonen Jump são chamados para um universo onde além de participarem num festival realizado especificamente para a comemoração, ainda se gladiam na esperança de descobrir o mais forte. Aqui temos na sua essência os protagonistas, os que defendem o bem, por isso o tom é muito leve e até divertido, mas isso não impede que alguns personagens de personalidade mais sombria também marquem presença. O que interessa é que o festival decorra com grande diversão e estrondo.
Este é enredo encontrado pela Spike Chunsoft e Namco Bandai para J-Stars Victory VS + que é na verdade um jogo lançado originalmente em Março de 2014 para a PlayStation 3 e Vita no Japão. Agora, mais de um ano depois, o jogo é lançado na Europa com direito a uma versão PlayStation 4 e ainda a um novo modo, o Arcade. Mais importante que tudo isto é o simples facto de o jogo ser lançado fora do Japão pois a quantidade de licenças encontradas destro deste disco é tamanha que o desafio poderá ter sido inacreditável. Se Tatsunoko vs. Capcom deve ter dado uma enorme trabalheira à Capcom então este J-STARS deve ter deixado a Namco Bandai à beira de um ataque de nervos.
O que interessa é que é hora de celebrar esta celebrização. Se são fãs de mangás ou animes, provavelmente vão conhecer a maior parte destes 52 personagens aqui presentes. Confesso que muitos não conhecia muito bem e o melhor do jogo é que me aguçou a curiosidade para partir à descoberta de ainda mais séries. Naruto, One Piece, Dragon Ball Z, Jojo's Bizarre Adventure, Os Cavaleiros do Zodíaco, Bleach, Beelzebub, Assassination Classroom, Fist of the North Star, Gin Tama, Dr. Slump, Hunter × Hunter, YuYu Hakusho, Toriko, Rurouni Kenshin e muitas outras mais são as séries cujos protagonistas foram convocados para o festival.
Isto no modo J-Adventure pois se quiserem podem partir para outros modos, apesar de não existir grande variedade. Ligeiramente colmatado neste nova versão com a inclusão do modo Arcade. Existem quatro histórias diferentes que se centram em personagens específicos e ao longo de uma agradável jornada vamos falar com personagens bem conhecidos. Pelo meio também será testado o nosso conhecimento pelas séries que adoramos pois constantemente vemos referências aos seus universos em específico.
"Se são fãs de mangás ou animes, provavelmente vão conhecer a maior parte destes 52 personagens aqui presentes."
Além destes modos temos ainda o Victory Road que é interessante pois força o jogador a cumprir com certos objectivos para triunfar. Adicionalmente, temos a possibilidade de combater com amigos localmente e online. Será nestes modos de jogo que iremos passar o nosso tempo para ganhar dinheiro e comprar novos personagens ou extras para aumentar a longevidade do jogo. Afinal de contas temos 52 personagens cujos estilos de combate e propriedades únicas fazem com que se sintam altamente diferentes de controlar. Algo que honra e bem a personalidade e atributos conhecidos de cada um dele. O tom alegre e divertido do jogo apenas ajuda a que o jogador se sinta completamente em casa como se estivesse rodeado de amigos.
Estes diferentes modos de jogo estão unidos por um elemento central que define toda a experiência: os combates. Com J-STARS é impossível não ficar electrizado com a corrente de espectacularidade que corre em praticamente todos os cantos do jogo. Isto é verdade e algo largamente ampliado para o público alvo do jogo, simplesmente não fará sentido jogarem isto se não forem fãs desta cultura, ainda assim existem certos elementos a ter em conta que podem definir a forma como a experiência será encarada por cada um de nós.
Em arenas que podemos percorrer livremente, quatro personagens enfrentam-se numa luta de imenso caos e dinamismo. Posso dizer que a sensação que a experiência base oferece consegue ser cativante mas a curto-médio prazo. J-STARS não procura ser um sistema de combate altamente profundo que irá desafiar o jogador processualmente: aquela sensação de quanto mais aprendemos mais existe para aprender e mais o jogo exigirá de nós. J-STARS apresenta as suas bases simples e a partir daí sabemos tudo o que temos que fazer. O que dependerá no futuro são os personagens que gostamos de usar e a dificuldade do modo em si.
Tal como seria de esperar, jogar com Son Goku não é o mesmo que jogar com Saint Seiya, ou quanto mais com um Naruto ou Kuroko. Da mesma forma que Kenshin Himura não oferece a mesma experiência que Ichigo Kurosaki, é tal como deveria ser, cada personagem oferece uma sensação diferente ao jogador. Ainda assim, o melhor que o jogo consegue fazer é mesmo transmitir a curiosidade de querer jogar com personagens diferentes e que até queremos experimentar aqueles que nem conhecemos. Igualmente louvável é que cada personagem honra em pleno aquele com o qual crescemos ao longo dos episódios e nos afeiçoamos.
Como referi, aqui entram em arena quatro personagem, dois por equipa, mas apenas controlamos um, o outro fica a cargo do CPU. Além destes dois guerreiros, cada equipa conta ainda um um terceiro personagem de apoio que será invocado quando o jogador desejar. No meio de tanto caos e tanto ataque especial, temos que derrotar duas vezes o adversário para que a barra correspondente fique do nosso lado e sejamos coroados vencedores. Caso consigam encadear combinações suficientes ou então ter maior prevalência no ataque, a barra de especial enche e ficamos prontos para desencadear um brutal especial que recria os melhores momentos de cada série.
O esquema de combate e controlos é altamente intuitivo, rapidamente aprendemos a controlar os personagens. A forma de pensar no jogo também é facilmente ensinada a cada um. Recorrer ao lock-on para fixar no adversário, ser rápido a atacar para poder apresentar um bom especial. O sistema de desvio e protecção está implementado em grande sintonia com a barra de stamina, não podemos permitir que esgote senão ficamos expostos sem reacção e para tal não podemos proteger em demasia ou então lutar como loucos sem procurar gerir estes parâmetros.
"Igualmente louvável é que cada personagem honra em pleno aquele com o qual crescemos ao longo dos episódios e nos afeiçoamos."
No fundo J-STARS acaba por trocar a profundidade por uma abordagem directa e furiosa. Não vale martelar botões mas não podem ter receios de atacar, é darem enquanto podem e não permitir que vos acertem. Acreditem que nas dificuldades superiores isto pode ser desastroso e um Son Goku de nada vos vale contra uma Arale se não tiverem o devido cuidado na gestão do combate. A sensação que rapidamente se aprende a combater e que nada de novo surgirá em seguida é que pode magoar um pouco o jogo mas o que importa é que é altamente divertido.
O maior problema de J-STARS poderá estar mesmo no ritmo dos combates que ocasionalmente poderá sentir-se...errado. Frequentemente senti que os combates caiam num ritmo repetitivo sem qualquer chama, algo que contrasta com os personagens e o tom do próprio jogo em si. Foi pena sentir que em alguns momentos a experiência se tornava monótona e mais me divertia nos menus a ler conversas ou a navegar pelo mundo do modo J-Adventure, do que propriamente a combater e a desencadear aqueles devastadores especiais.
Certamente que a vertente gráfica faz mais mal do que bem pois sente-se satisfatória e mais nada. Frequentemente nem competente consegue ser e apesar de se encaixar num estilo muito específico, facilmente encontramos jogos anime da anterior geração com visuais melhores. É pena que a Namco Bandai não tenha apostado num outro motor gráfico pois poderia ser bem fantástico. Competente na maioria do tempo, ocasionalmente mostra algum brilho, mas no geral insuficiente pois até nos faz pensar em jogos com mais de dez anos. Se o jogarem na PlayStation 4 a coisa ainda fica pior.
J-STARS Victory Vs. + é aquele tipo de jogo de nichos, talvez muito mais que a grande maioria que se diz encaixar nesse parâmetro. Não precisa de qualquer selo de recomendação para o seu público alvo e nem as suas falhas vão importar. É pena não ter os visuais de um Naruto Ultimate Ninja 4 conciliado com esta experiência e o sistema de combate, seria estrondoso. De qualquer das formas, é um jogo que se sente como uma carta de amor para todos os fãs da cultura mangá/anime e que ficará muito bem na colecção de qualquer um deles. Para a restante maioria, que nem sequer conhece aqui qualquer outro nome à excepção de Vegeta e Goku, não serão as debilidades técnicas que vos vão incomodar pois jamais iriam olhar para o jogo.