Johnny Scraps - Análise
Porquinho fantástico.
Um porco pode parecer uma das personagens mais improváveis de salvar o mundo, mas o porco de Johnny Scraps: Clash of Dimensions, o primeiro jogo do estúdio português Immersive Douro, não é um qualquer. Já alguma vez conheceram um porco com poderes dimensionais? Não? Foi o que pensei.
Os seus poderes dimensionais dão-lhe a habilidade extraordinária de se transformar num porco gigante bípede que usa um escudo e uma arma fabricados com os ossos das suas vítimas. De um porquinho adorável e aparentemente inofensivo passa para um gigante furioso, como se tratasse do famoso Hulk. Mas esta não é a sua única habilidade, sendo ainda capaz de chamar um homem das cavernas para transformar os fósseis reanimados por um cientista maluco, que quer controlar o mundo, em cubos de gelo.
Agora que já estão familiarizados com a personagem que vão controlar, falemos sobre o jogo. Johnny Scraps: Clash of Dimensions é um jogo estruturado por desafios e por níveis de dificuldade. Depois de concluído o prólogo, há desafios agrupados em dez níveis de dificuldade organizados por ordem numérica. Se alguma vez jogaram Angry Birds, vão reparar que a progressão é semelhante. Antes de avançar para o próximo grupo de níveis, precisam de completar uma certa quantidade de níveis. No caso de Johnny Scraps: Clash of Dimensions, isto funciona por medalhas.
Os desafios propostos são muito variados. O mais direto é eliminar todos os inimigos que aparecem, mas há mais complicados como defender uma estátua, eliminar os inimigos apenas com a ajuda dos obstáculos do ambiente, sobreviver durante um determinado período de tempo, escapar ileso nos combates Instakill, em que morremos só com um ataque, entre outros.
É na jogabilidade que Johnny Scraps: Clash of Dimensions falha. Movimentar a personagem é uma tarefa complicada devido as limitações do joystick virtual usado. Ao contrário de outros jogos para smartphones/tablets em que é possível colocar o dedo sobre o joystick e fugir aos seus contornos, sem haver complicações em continuar a movimentar a personagem, neste jogo basta mover um pouco o dedo para fora do espaço onde está colocado o joystick para a movimentação parar, o que acaba por ser tornar bastante frustrante.
Este problema em movimentar o porco acaba por estragar por tabela o resto da jogabilidade. Johnny Scraps: Clash of Dimensions requer muita movimentação para escapar aos ataques dos adversários ou para chegar a tempo a eles, no caso dos desafios que impõe limitações de tempo. Só depois de muita habituação é que se consegue jogar minimamente.
Os controlos são simples. Existe um botão para atacar, outro para desviar/defender e mais dois dedicados aos poderes dimensionais. Mas não é um jogo fácil, podem ter que repetir dezenas de vezes um nível para finalmente obterem sucesso. É possível que os jogos difíceis sejam divertidos, no entanto, Johnny Scraps: Clash of Dimensions não consegue bem este feito. A jogabilidade tem esta potencialidade, mas tinha que ser mais afinada, não funcionando como deveria.
Depois, os inimigos são sempre os mesmos e o ambiente pouco ou nada varia a nível visual, o que dá a ideia de estarmos a fazer sempre a mesma coisa, ainda que os diferentes desafios ajudem ligeiramente a desvanecer esta sensação.
Johnny Scraps: Clash of Dimensions está num estado jogável, mas era preciso mais polimento e ambição para chegar ao próximo patamar. Mas claro, este é apenas o primeiro jogo estúdio do Immersive Douro. Futuramente podemos vir a ser surpreendidos.