Jojo's Bizarre Adventure: Eyes of Heaven - Análise
De fãs para fãs.
Jojo's Bizarre Adventure é uma das minhas mangas/animes favoritos e ao contrário do habitual, o meu gosto nasceu quando joguei o jogo da Capcom na Dreamcast, algures no ano 2000. Sem qualquer conhecimento do material fonte, procurei descobrir um novo fighting game da companhia de Street Fighter e a partir daí iniciei a minha jornada pelo louco, irreverente e totalmente excêntrico universo de Hirohiko Araki. Jojo's Bizarre Adventure: Eyes of Heaven é o mais recente esforço nos videojogos e sendo o primeiro para a nova geração de consolas, exclusivo PlayStation 4 na Europa, e vindo mais uma vez pelas mãos do Cyberconnect 2, que nos foi deslumbrando com os seus jogos de Naruto, não podia estar mais entusiasmado.
Eyes of Heaven introduz-nos um fighting game com bases muito próprias que tentam combinar o tradicional gameplay do Cyberconnect 2, consagrado nos jogos Ultimate Ninja Storm, mas adaptado para captar a essência de Jojo's Bizarre Adventure e respeitar o incrível potencial dos seus personagens. Além disto, coloca-nos perante um enredo original de forma a permitir que o jogador viaje por todos os oito capítulos da série de uma forma que não seria possível seguindo os eventos que conhecemos na manga, ou anime.
Seja Phantom Blood, Battle Tendency, Stardust Crusaders, Vento Aureo, Stone Ocean, Steel Ball Run ou Jojolion, o jogador irá viajar por todos os arcos de história em Jojo's Bizarre Adventure e encontrar todos os principais personagens. Alguns momentos são verdadeiramente geniais, como o confronto com D'Arby, mas no geral esta história original foi mesmo criada para permitir combates impossíveis ou improváveis, em que o jogador poderá combater com duplas de sonho.
Jojo's Bizarre Adventure é excêntrico, irreverente e singular. A sua essência foi captada na perfeição.
Como seria de esperar, Eyes of Heaven vive muito da exposição de cada um ao material fonte e só mesmo os mais acérrimos fãs de Jojo's Bizarre Adventure poderão desfrutar do jogo em todo o seu potencial. É destinado precisamente a eles. Ainda assim, os que não acompanham a manga mas estão neste momento a vibrar com Diamond is Unbreakable na TV, ou seguiram as outras temporadas da anime, vão conseguir divertir-se. Existem momentos mais intensos do que outros e claro que será um prazer ajudar Ceasar Zeppeli a vingar-se de Wamuu, entre outros.
Toda a louca e excêntrica jornada dos Joestar foi convertida para um fighting game em que equipas de dois personagens se enfrentam até que uma das equipas derrote a adversária. Os golpes mais icónicos e característicos executados pelos Stands ou pelos personagens mais hábeis foram convertidos na perfeição e o jogador poderá sentir-se como um dos personagens da manga. Apesar da grande sensação de fidelidade nos combates, o sistema em si poderia beneficiar com maior fluidez e maior profundidade. Rapidamente se poderá tornar repetitivo e mesmo que os personagens sejam diferentes, parece que ao jogar com um estamos a jogar com todos. Não pelas animações mas pela forma como abordamos os combates.
O jogador pode utilizar o botão de ataque para construir um combo ou poderá utilizar de imediato alguns dos movimentos mais importantes de cada personagem. No entanto, o sistema rapidamente perde o encanto e torna-se num hábito sem chama. Atacamos o inimigo, fugimos um pouco da área onde caiu para não sermos atacados naquele pequeno momento em que fica como que invulnerável, e lá vamos nós pelas costas para iniciar um novo combo. Ocasionalmente engatamos logo uma habilidade especial e é só repetir. Os melhores momentos são mesmo os Dual Heat Attack e os Dual Combos, em que os dois personagens combinam os seus movimentos ou executam um especial espectacular.
É mesmo pena que o sistema de combates não seja mais profundo pois tornaria o jogo realmente divertido e não apenas uma experiência para fãs. Mais parece que a Cyberconnect2 pegou no seu trabalho em Naruto Ultimate Ninja Storm, mudou os visuais e aplicou alguns ajustes para cumprir com os requisitos de lutas entre Stands. As Mob Battles, segmentos em que temos que derrotar vários inimigos, revelam bem a rigidez dos controlos e a necessidade de melhorias.
Um dos aspectos mais impressionantes neste Eyes of Heaven é mesmo a qualidade visual e sonora. O Cyberconnect2 sabe como respeitar as propriedades que ama e sendo eles próprios fãs de Jojo's Bizarre Adventure, sabem como fazer algo que nos agrada a todos. O design visual encaixa que nem uma luva no jogo e os personagens parecem mesmo saídos da manga, sendo fácil ficarmos a admirar as sequências em que a história se desenrola. De igual forma, os combates são fluídos e os movimentos que vimos na manga são recriados de bela forma para permitir que o jogo ostente um nível de fidelidade impressionante.
Eyes of Heaven é uma carta de amor para todos os fãs de Jojo's mas o molde Cyberconnect2 poderá tornar-se cansativo para alguns.
Se toda a componente visual encaixa na perfeição na essência de Jojo's Bizarre Adventure, até os menus do jogo, também as vozes dos personagens e banda sonora o conseguem fazer. As vozes dos actores da anime conferem mais autenticidade ao jogo e as músicas enquadram-se bem. No entanto, alguns podem achar que alguns temas estão demasiado "Naruto", ou seja, o estilo característico do Cyberconnect2. O estilo do jogo é perfeito, fará vibrar os fãs, e algumas músicas vão mesmo ficar no ouvido.
Eyes of Heaven é um jogo também ele interessante na sua longevidade. O modo História, o prato principal, demora perto de 16 horas para ser terminado e isto se não quiserem recolher todos os extras. Se quiserem obter a melhor pontuação em cada batalha terão que as repetir mas mesmo sem isso ficam com uma sensação de satisfação. Pena que a única alternativa real a este modo sejam os combates online pois não será fácil encontrar com quem jogar este novo Jojo's Bizarre Adventure.
Jojo's Bizarre Adventure: Eyes of Heaven está para os fãs de Jojo's Bizarre Adventure como Ultimate Ninja Storm 4 está para os fãs de Naruto: uma deslumbrante carta e amor que só um grupo, neste caso ainda mais, restrito de jogadores conseguirá desfrutar em pleno. Existem arestas por limar e acima de tudo fica o pedido de maior profundidade e velocidade no sistema de combate mas tudo o resto é perfeito para os fãs. As inúmeras referências, a sensação de uma história em jeito "best of" para permitir parcerias e combates impossíveis de outra forma, e o capturar na perfeição de toda a irreverência e excentricidade da obra de Hirohiko Araki merecem o respeito dos dedicados fãs.