Joy Ride Turbo - Análise
Agora já podes usar os dedos.
Em Novembro de 2010 a BigPark deu-nos Kinect Joy Ride para fazer companhia ao periférico que veio trazer os controlos por movimento à Xbox 360 da Microsoft fazendo assim com que um jogo de carros fosse associado ao Kinect. A receção não foi a esperada e muito foi criticado no jogo, especialmente uma certa falta de controlo e resposta perante os controlos por movimento que eram a sua "face" e provavelmente para a grande maioria de jogadores adeptos do Kinect este Joy Ride não ficou na memória. Apesar de tudo o trabalho da BigPark dava força e vigor ao empenho da Microsoft em tornar o Kinect numa ferramenta de diversão social e familiar, para amigos e família, logo é compreensível que o nome não tenha sido largado num poço e que a Micrsoft continue a dar apoio.
Assim sendo, avançamos para 2012 e temos a chegada de Joy Ride Turbo que nos apresenta algumas mudanças na filosofia com que a Microsoft decidiu abordar o jogo. Ao invés de um título físico a Microsoft optou por o tornar num título digital vendido a um preço muito em conta mas sem qualquer ligação ao Kinect e aos controlos por movimento. Mantendo o seu empenho social e casual, com recurso aos Avatars e a visuais bem estilizados, Joy Ride Turbo apresenta-se então como uma espécie de reinício para a série da BigPark e quanto a nós a nova abordagem parece funcionar bem melhor.
Uma das maiores mudanças que vão desde logo encontrar com Turbo em relação ao original é que os controlos por movimento foram completamente deixados de lado e temos agora um jogo de condução ao estilo Mario Kart com controlos por comando, com botões e isso. O que este esquema de controlo tradicional imprime à série Joy Ride é uma experiência mais fácil de controlar com um feedback mais agradável para o jogador que mantém na mesma todo o tom casual e descontraído da visão original.
Joy Ride Turbo apresenta três vertentes para cativar o seu jogador a primeira tem como nome Championship Series. Aqui os jogadores vão entrar em eventos compostos por várias pistas cuja dificuldade vai aumentando gradualmente. Tudo completamente enquadrado com a fórmula base estipulada por jogos que determinaram o género e aqui começamos com os primeiros problemas com o jogo. Turbo é um jogo de Kart Racing no qual jogamos com os nossos Avatars do Xbox Live e apesar de oferecer alguma diversão momentânea, rapidamente sentimos que não existe aqui nada de novo e diferente do que já tivemos inúmeras vezes, apenas sem a profundidade e exigência dos grandes.
Os controlos são intuitivos como deveriam ser e até temos um sistema de drift intimamente ligado ao turbo cuja barra quando preenchia nos permite viajar a velocidades extremas por algum tempo. A isto juntamos a possibilidade de executar acrobacias no ar quando fazemos aqueles grandes saltos em pontos específicos nas pistas para reunir turbo e a presença de itens especiais para apanhar que nos oferecem armas de ataque assim como a presença de itens que nos permitem obter peças para adquirir outros carros mais potentes.
Tudo inspirado nos mais aclamados jogos do género e tudo bem divertido como sempre mas aqui estamos perante o que a BigPark tomou emprestado de outros estúdios e dos parâmetros básicos do género. Tudo o que aqui temos devia ser suficiente para criar um jogo de excelência mas então onde começa Turbo a fraquejar? Turbo começa a mostrar sinais de fraqueza a curto prazo quando temos um design de percursos sem inspiração, até monótono diga-se, que apenas se destacam pelos seus visuais coloridos e constantes efeitos. Rapidamente perdemos qualquer sensação de diversão na condução o que é pena pois sentimos mesmo que existe ali um sistema e mecânicas de jogo que poderiam ser a base de algo muito maior.
Saber onde aplicar um drift, ultrapassar com recurso ao turbo um adversário para lhe roubar a vitória, alternar entre travar no momento adequado para melhor linha de condução na abordagem a uma curva, gosto na aprendizagem dos percursos. Tudo isto são elementos de destaque num jogo como este mas o problema é que Turbo nunca chega propriamente a conferir tal na sua plenitude e o jogador fica como que numa luta para tentar tirar mais do jogo pois sente que não está a ter o que deveria. A questão é se o jogo tem para dar mas não o estamos a conseguir ou se simplesmente não tem mais do que isto. A resposta é que não.
"Segue as bases do género no uso das mais conhecidas mecânicas de jogo mas esqueceu-se de desafiar e divertir o jogador. "
A condução rapidamente perde o desafio e a diversão, deixando-nos a pensar se alguma vez os teve, e a alternativa é entrar nos modos opcionais. Aceder ao Xbox Live Arcade vai-nos colocar contra adversários humanos espalhados pelo mundo fora e tal ajuda a melhorar a experiência de jogo no geral mas nada que a altere na sua essência. A única verdadeira alternativa é o Stunt Park e aqui temos um vislumbre de como tudo poderia ter sido caso o processo criativo tivesse sido mais arrojado.
Aqui o jogador é colocado dentro de um cenário de enormes dimensões e pode percorrer livremente para recolher moedas e troféus. Os percursos são loucos e bem divertidos, especialmente porque podem ser percorridos sem restrições e os desafios são bem divertidos. Obter alguns troféus vai exigir um pouco mais do jogador e quando os consegue existe uma sensação de contentamento face ao produto. É pena que não tenha sido mais trabalhado para se tornar mais do que um modo opcional e talvez esteja aqui o futuro da série na procura do seu lugar mais destacado.
Como referimos Joy Ride Turbo recorre a visuais estilizados em tom cartoon, é uma forma de o tornar mais adorável pela pequena, e o certo é que cumpre com belo efeito. O tom em jeito de desenho animado, reforçado pelo visual dos veículos que parecem carros de brincar, as loucas acrobacias, os nossos Avatars, e a forma como os cenários reagem em alguns momentos funcionam todos em conjunto para conferir a Turbo um colorido e carismático visual. Pena que o resto não seja tão singular e firme quanto esta componente.
Joy Ride Turbo poderia ter sido muito mais do que uma casual experiência para a pequenada. Segue as bases do género no uso das mais conhecidas mecânicas de jogo e vai até mais além ao apresentar percursos com vários caminhos alternativos onde encontramos itens para conseguir novos carros mas entretanto esqueceu-se de desafiar e divertir o jogador. A dificuldade não é o que se esperava e sentimos que estamos perante um produto que fica confuso na hora de decidir o seu público alvo.
Joy Ride Turbo livra-se dos controlos por movimento e adotou o formato digital, permitindo que se torne muito mais acessível e divertido desde logo. É um produto que pelas suas limitações e falhas se torna mais aconselhável aos mais pequenos e casuais o que acaba por ser infeliz pois podia ter-se tornado num vício e num dos destaques do serviço. Com maior exigência e profundidade na gameplay, com mais opções de jogo e uma maior sensação de recompensa oferecida ao jogador pelo seu empenho e Joy Ride Turbo teria sido algo para durar meses.