Katamari Forever
Roll over Beethoven.
No que respeita à jogabilidade não há grandes novidades. Para colocar a Katamari a rolar devem orientar os dois analógicos no sentido pretendido, e embora tenham outras opções que tendem a facilitar o deslocamento da bola e uma inflexão no andamento para uma zona que pretendem (como o quick dash para subir rampas ou fazer cair grandes objectos; o quick turn para uma volta de 180º), poderão ainda fazer saltar a bola, bastando para tal que agitem o comando ou pressionem o botão R2. Desta forma não só alcançam um imediato sentido posicional dentro da área de jogo como podem aceder a zonas com mais objectos para recolher e anteriormente inacessíveis devido à falta de diâmetro da bola. Outra inovação no esquema de colagem de objectos passa por recolher corações, espalhados pelos níveis, que imediatamente transformam a bola num autêntico aspirador, absorvendo tudo o que estiver ao redor durante um curto período de tempo.
Tal como nos jogos anteriores, o limite de tempo para conclusão dos desafios põe à prova a capacidade para recolher objectos, mesmo quando os desafios e requisitos de nível se tornam específicos, como seja recolher uma grande quantidade de objectos valiosos ou pressupor um diâmetro específico da bola sem a indicação do mesmo em tempo real. Este tipo de exigências obriga a rolar com critério, escapando ao ímpeto de fazer rolar para crescer e pondo um travão no processo de recolha. Num dos níveis, totalmente às escuras terão de “caçar” pirilampos para garantir um certo nível de luminosidade. A consistência e heterogeneidade das áreas de jogo primam pelo carisma e abundância de objectos de uso quotidiano. Tudo é familiar; desde o quarto de crianças desarrumado, à cozinha, sala, mesa de jogos de dinheiro. As portas abrem-se e num instante acedem aos alpendres e passeios, jardins e parques, lagos e marina. A escala é imparável. E se num tempo prévio os humanos e outros animais podem servir de estorvo à recolha dos pequenos objectos, em pouco tempo opera-se uma reviravolta e logo as pessoas desatam a correr quando uma bola gigante avança na sua direcção, gritando e agitando as pernas depois de consumidas pelo apetite do esférico.
Do mais exíguo espaço até à área mais abrangente há um notável nível de detalhe e pormenorização nos objectos espalhados. O design mantém-se fiel ao estilo e arte do Katamari original, mesmo se a orientação dos gráficos se define em função de três filtros que podem ser acrescentados à versão definida. Desde um aspecto cel-shade, até um estilo de cartão, tábuas e ripas de madeira, estas opções que podem ser percorridas dentro de uma animação estável.
A atenção dada aos temas musicais é já uma marca em Katamari. Aquelas sonoridades produzidas a oriente, cantadas em japonês, perpetuam-se e ainda há um entusiasmo pela forma como alguns clássicos voltam a passar naqueles momentos de tremendo consumo. A colocação das leaderboards não apaga o desgosto da ausência de um modo on-line que daria mais alento no confronto com outros jogadores. Em aberto continuam as parcerias locais com amigos Se este conceito de jogo por um lado exibe sinais claros de uma certa revisão, sobretudo para os adeptos da série, não deixa de ser uma experiência que funciona como um justo tributo ao trabalho inicial de Keita Takahashi.