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Kid Icarus - Wii U Virtual Console - análise

As asas servem para voar.

Continuando pelo baú das memórias do passado e notáveis produções da Nintendo, justamente do período que corresponde à recuperação da indústria dos jogos, debrucemo-nos sobre Kid Icarus, produzido pela Nintendo e lançado para a NES em 1987, o ano que também conheceu Metroid. O jogo está agora disponível no serviço Virtual Console da Wii U, representando uma oportunidade para reviver ou experimentar pela primeira vez esta aventura do jovem Pit. É curioso, contudo, registar como Kid Icarus e Metroid encerram significativas semelhanças. Primeiro, a equipa de produção dos dois jogos é praticamente a mesma; a direcção coube a Satoru Okada (também director de Metroid), enquanto que a produção ficou a cargo de Gunpei Yokoi, que também fora crucial no desenvolvimento de Metroid. Depois, encontramos Yoshio Sakamoto na componente do design e temos praticamente os mesmos artífices que fizeram de Metroid um sucesso. Não é, por isso, surpresa nenhuma que ambos os jogos sejam tão próximos e tenham ambos sido bem sucedidos.

O começo da aventura de Pit, no underworld. Muitas portas de acesso a salas onde existem tesouros e câmaras repletas de inimigos.

Até o código de desenvolvimento de Kid Icarus é o mesmo de Metroid. Com efeito, Kid Icarus também permite uma progressão em moldes horizontais e verticais, para além de encontrar algumas equiparações com os Metroid, numa categoria de inimigos flutuantes cujo desenho é deveras próximo. A construção gráfica e apresentação das áreas são também semelhantes às de Metroid. No entanto, as equiparações ficam-se por aqui, porque muito embora seja um jogo de acção e plataformas, a vocação de Kid Icarus é diferente em direcção à acção e shooter em duas dimensões, e o arco narrativo viria a seguir uma temática mitológica, assente num tempo e num espaço partilhado por deuses e mortais.

É uma aventura na qual começamos por baixo, no "underworld" e terminamos em cima, no mundo dos deuses. Preso no "underworld", o jovem anjo Pit conta com o precioso apoio de Palutena, a deusa da luz, ela também aprisionada no "underworld" por Medusa, a deusa das trevas. Obtendo os tesouros sagrados e vencendo Medusa, Pit consegue restaurar a paz na terra dos anjos. O argumento sustenta-se muito bem, ao mesmo tempo que vemos o anjo-herói equipado com um arco que lhe permite disparar flechas. As parcas asas restringem-lhe o voo, mas consegue saltar mais do que Mario, e também colecciona preciosos items que lhe permitem melhorar a saúde, um pouco como Link.

A batalha que todos querem atingir. O confronto com Medusa.

O que há de mais particular na progressão da personagem, à medida que reforça o seu indicador de saúde, é a habilidade de equipar determinadas armas. Estando na plenitude das suas forças físicas, Pit pode aceder ao Sacred Bow, o arco mais evoluído de todos, que lhe permite confrontar, com outra segurança, os inimigos dos mundos derradeiros. O percurso de Pit não é particularmente extenso. O que faz desta uma aventura demorada são os constantes picos de dificuldade. Os adversários navegam e flutuam, tornando especialmente árdua a tarefa de limpeza do caminho. No mundo gelado, é grande a tendência para se escorregar e os bosses finais não perdoam o mínimo deslize. O sistema de password original pode ser recuperado, mas esta versão da Virtual Console permite gravar o jogo a qualquer altura.

Apesar das semelhanças com Metroid, Kid Icarus tem no argumento o ponto de partida para uma apresentação gráfica diferente e lá para o fina mostra até sinais de alguma especialidade, já que se aproxima muito mais de um shooter, elemento que viria a tornar-se uma marca da série. No geral, uma referência das produções para a NES. Como jogo de acção, plataformas, shooter e role play, é mais um pequeno tesouro desta Virtual Console Wii U, cada vez mais guarnecida de clássicos relevantes.

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