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Kirby: Rainbow Paintbrush - Antevisão

Guia Kirby até ao fim do mundo.

Rainbow Paintbrush, exclusivamente para a Nintendo Wii U, integra-se num segundo lote de experiências da série Kirby. Return to Dreamland (Wii, 2011), o último grande capítulo da série para uma plataforma doméstica, assentou num modelo mais tradicional, com as típicas plataformas, herança dos clássicos da NES e Game Boy. Já o anterior Kirby Epic Yarn (também lançado em 2011 para a Wii), um dos jogos mais originais da série, sobretudo pela construção dos cenários, com recurso a linhas e tecidos para uma apresentação deveras ternurenta, um pouco à semelhança da personagem, a simpática bola cor-de-rosa que engole facilmente os inimigos, arriscou mais. Só que os produtores concentraram-se tanto na produção desse universo genuíno e original, ainda que baseado em plataformas, que acabaram por descurar elementos como a dificuldade, tornando a experiência francamente acessível e frágil, sem que os bosses fossem sequer particularmente exigentes. Apesar disso, não deixa de ser um jogo emblemático, merecedor de uma inserção do disco na consola, quanto mais não seja para transmitir uma boa sensação.

Kirby and the Rainbow Paintbrush é o primeiro jogo da série a entrar na Nintendo Wii U e vai chegar no próximo mês. Curiosamente, norte-americanos e japoneses jogam o mesmo jogo, com o título modificado para Rainbow Curse, desde o começo do ano. Depois da festa em família e convívio entre amigos de Mario Party 10, o desafio em moldes tradicionais regressa com Rainbow Paintbrush, mas e como já dissemos, esta é uma nova entrada na série, apostando num diferente método de controlo da personagem central. Próximo do conceito imprimido em Kirby: Power Paintbrush (DS, 2005), o jogo pega em tudo o que de bom tinha o título da portátil e desenvolve-o. O primeiro ponto mais saliente é a construção dos cenários e diferentes mundos por que se dividem os níveis, com recurso ao barro, uma matéria especial, tratada com bons efeitos, sortindo abundantes cores numa construção engenhosa e refrescante.

Kirby prossegue ao longo das linhas coloridas mas é fácil ficar preso em obstáculos no percurso, por isso, desenhem bem.

Rainbow Paintbrush proporciona um novo destaque ao pincel mágico, ou pincel colorido se assim quisermos, com o qual desenhamos linhas por onde Kirby irá rolar de forma automática, isto depois de o activarmos com um simples toque. Esse toque é o necessário para o colocar em movimento e eventualmente rolar com mais alguma velocidade se tocarmos nele com mais intensidade, podendo assim rebentar com os inimigos no seu encalço e até abrir caminho por entre os obstáculos. É uma fórmula que não se ergue sem riscos, atendendo à impossibilidade de controlo directo da personagem, e ao pânico que isso reflecte nos momentos mais delicados, sobretudo quando é necessário desenvolver uma movimentação rápida entre plataformas ou num combate contra o "boss".

Com mais de meio jogo já percorrido, Rainbow Paintbrush transmite claros sinais de uma produção sólida, desafiante e com uma progressão em termos de mecânicas e opções de movimentos bastante interessante. Cada mundo é constituído por quatro níveis, sendo que o último corresponde à batalha final contra um "boss", o teste derradeiro de tudo o que aprendemos, especialmente as variantes à mecânica central.

Os primeiros mundos apresentam níveis de construção mais simples, o suficiente para nos acomodarmos ao sistema, especialmente a adaptação ao limite de produção de linhas do arco-íris. Não sendo possível desenhar linhas infinitas e não permanecendo para sempre (apagam-se assim que o medidor recarrega e nos permite desenhar mais linhas), temos de o guiar de encontro a itens, arcas do tesouro, reforços de saúde e marcadores, por forma a nos mantermos dentro do jogo. Controlar a velocidade de Kirby (a rolar) é outro ponto essencial. Curvas ascendentes reduzem a velocidade, mas enquanto a linha persistir, a pequena bola não deixa de rolar.

O modo multiplayer está disponível numa grande quantidade de níveis e permite que os jogadores tenham acesso a diferentes personagens.

O jogo está cheio de itens para recolher, arcas do tesouro, imensas figuras coleccionáveis, músicas deste e de anteriores jogos, e até um diário. Mas o melhor está nos power ups e nas transformações naturais de Kirby. Para o transformarmos numa bola gigante é necessário recolher 100 estrelas. Existem as mais pequenas e outras maiores, que incrementam depressa o número necessário. Depois, com uma nuvem azulada à sua volta, só precisam de pressionar um bocado mais a stylus sobre Kirby para que este aumente de tamanho e saia disparado quando soltarem o marcador, quebrando tudo à sua volta.

As outras transformações, como tanque ou submarino, têm lugar em níveis específicos. Nestas duas formas, Kirby dispara automaticamente projécteis. Isto permite-nos desenhar uma linha no ecrã para que a personagem prossiga e ao mesmo tempo traçar outra linha de modo a canalizar os projécteis numa direcção, de encontro a um alvo que queiramos atingir. Os níveis são longos e bem construídos. Dá a sensação de um teste constante, com sucessivos "twists", como o que permite desenhar linhas sobre uma queda de água para que Kirby possa passar, a deslocação de blocos sólidos fazendo desaparecer uma substância gelatinosa que os suporta. Num nível é necessário deslocar uma bola em movimento até que ela vá de encontro a um interruptor, de modo a abrir uma porta. Quando nos sentimos mais confiantes com a mecânica, o jogo investe em novas soluções.

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A experiência individual só funciona no GamePad, relegado a uma posição de "tablet", isto é, pouco vemos o que se passa no ecrã do televisor, pois a atenção tem de ser 100% sobre o ecrã do comando. Jogando na forma "multiplayer", com mais 3 jogadores munidos de Wii remotes, recebemos o apoio dos nossos colegas, com outras linhas e ataques aos adversários, interrompendo muitas vezes a sua deslocação. Para lá da extensa lista de coleccionáveis, o jogo oferece constantemente novos desafios, alguns bem exigentes.

Veremos como o jogo progride até aos últimos níveis. Distante da fórmula tradicional da série, a abordagem importada de Power Paintbrush adquire uma nova extensão e uma estética ancorada no barro, um elemento que mesmo sem operar significativamente dentro de partes jogáveis, oferece uma sólida fundação aos diversos mundos disponíveis.

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