Kirby's Blowout Blast - Análise
Lufada de ar quente.
Kirby, a luzidia bola cor-de-rosa, é uma das personagens mais destacadas do universo da Nintendo. Vem de muito longe, quando os jogos de plataformas e acção ainda estavam a dar os primeiros passos. À semelhança de outras personagens criadas na década de oitenta, cresceu em ambientes a duas dimensões, antes de passar para perspectivas tridimensionais e chegar ao actual momento. Ao longo dos tempos, esta fofa personagem foi alvo de bom tratamento por parte dos produtores, embora seja justo dizê-lo, nem sempre tenha sido protagonista das melhores experiências.
Recentemente, a série Kirby entrou num ritmo de produção quase anual, desde 2014. O Hal Laboratory retoma muitas mecânicas antigas ao mesmo tempo que procura inovar, incorporando novos elementos na jogabilidade e criando desafios consistentes. Foi o que aconteceu com Kirby: Planet Robobot (3DS), que sem ser particularmente inovador, cumpriu algumas metas.
Infelizmente, não se pode dizer o mesmo de Kirby's Blowout Blast. Desde os primeiros níveis que se descobre a manta curta. As mecânicas foram encolhidas, os níveis repetem-se e não há nada de muito refrescante a acontecer a não ser o incremento da pontuação. Nem um quarto de hora de jogo e já estamos aborrecidos, da mesma maneira que está visto tudo o que o jogo tem para mostrar.
Ajudará a explicar este sucedido se tivermos em conta que o jogo é distribuído apenas em formato digital, por um módico preço. Mas um valor mais reduzido não quer dizer jogo de segunda classe. Bye-Bye Box Boy, igualmente do Hal Laboratory, é vendido em formato digital na eShop a um reduzido preço, mas distingue-se facilmente pela qualidade, sendo um dos melhores jogos que podem encontrar na eShop.
Kirby's Blowout Blast completa-se em pouco tempo. Os níveis são curtos, existem apenas 5 áreas e os combates contra as criaturas derradeiras não se afiguram muito complicados. Conjugada com a curta duração do jogo, acrescem poucas opções para manobrar Kirby. Basicamente ele inspira e absorve quase todos os objectos móveis, ficando com um tamanho correspondente para depois libertar uma bala colorida que atira choca com todos os inimigos que se encontrem na sua direcção.
Na prática este sistema é pouco desafiante, pois não só é fácil recolher inúmeros objectos como nem é necessário grande pontaria para se conseguir um elevado "score". Por isso a dificuldade é escassa e numa primeira fase, percorrer os cinco mundos, é quase um passeio com uma perna às costas. Este esquema é aplicado de forma permanente e apenas se verifica um incremento de dificuldade quando passamos para os níveis "EX", depois de obtermos o ouro em todas as anteriores fases.
O incentivo ao "score", à melhor pontuação possível, é constante, mas não liberta o jogo da escassez de mecânicas. Os níveis são curtos e os processos estabelecidos ao começo repetem-se até ao final, sem grandes nuances. Parece mais que estamos a jogar uma demonstração ou mini-jogo em "loop", apenas com o incremento da dificuldade e do número de personagens presentes no ecrã, maior à medida que avançamos, a impedir a progressão.
Talvez a Nintendo tenha pensado nos mais pequenos quando lançou Blowout Blast, dada a pouca dificuldade e grande acessibilidade. É uma produção que se afasta um pouco daqueles patamares de qualidade a que nos habituamos encontrar nos jogos com o selo da Nintendo. Ainda que haja alguma empatia pela dimensão artística, não se pode dizer o mesmo sobre o grafismo, algo rudimentar e genérico. Tudo somado resulta numa experiência de curta duração e pouco desafiante, sem o brilho que Kirby já nos mostrou ser capaz. Percebe-se que a Nintendo está determinada em produzir ao máximo para a Switch, e ainda que não queira abandonar a 3DS, as suas produções começam a escassear e a receber menos tratamento.