Kung Fu Rabbit - Análise
Precisamos de um coelho como este.
Oriundo das plataformas iOS e Android, Kung Fu Rabbit chega agora à eShop da Nintendo Wii U para entregar mais acção e plataformas. Trata-se de uma produção indie do cTool Studios e reestruturada nesta versão Wii U pelo estúdio francês Neko Entertainment. No final, esta versão é um pouco diferente do jogo original, já que se encontra totalmente compatível com certas funções do GamePad da WiiU, nomeadamente o off-TV, que permite jogar através do ecrã do comando e ainda conta com uma adaptação à alta definição do ecrã e ajustamento dos botões do comando em sintonia com opções através do ecrã táctil.
O herói do jogo é um coelho especialista em artes marciais Este mestre do Kung Fu, melhor dizendo, ficou sem os seus pupilos após uma entidade maligna de origens desconhecidas os ter levado para longe do seu dojo. Sem uma figura que os guie, são pobres criaturas indefesas, pelo que se afigura decisivo recuperá-las. A missão está assim bem ilustrada: percorrer muitos espaços e trazer de volta ao dojo todos os pequenos coelhos.
Kung Fu Rabbit é um jogo de plataformas com uma mecânica bastante simples e que incorpora influências de Super Meat Boy e League of Evil. O objectivo para cada nível passa por libertar os coelhos, enquanto pelo meio se fintam e decepam inimigos de forma criteriosa, ao mesmo tempo que se coleccionam preciosas cenouras, essenciais para melhorar as habilidades da personagem através de poderes que actuam de forma temporária ou permanente. Numa integração entre saltos, plataformas e deslize por superfícies, o contacto com elementos como um líquido oleoso escuro (uma substância similar à que parece revestir os inimigos) colocado sobre algumas superfície ou com os adversários, implica a morte imediata e um regresso imediato ao ponto de partida. Não existem indicadores de saúde nem um número de vidas mínimo, pelo que o jogador pode repetir o mesmo nível as vezes que quiser.
"Se os primeiros níveis se revelam simples e bastante acessíveis, lá para o meio do segundo mundo fica mais complicado."
A estrutura dos níveis força o jogador a superar os obstáculos com cuidado e muitas vezes sem um trajecto linear. Os afastamentos da provável trajectória até à meta oferecem recompensas, pois muitas cenouras estão colocadas em pontos distantes que envolvem algum esforço suplementar para as obter. Colhendo o máximo de cenouras por nível o jogador pode desbloquear novos níveis num outro cenário. O combate obedece também ao regime de ataques furtivos e capturas surpresa, quase sempre através de ataques pelas costas ou por cima. A ideia é surpreender os adversários.
Se os primeiros níveis se revelam simples e bastante acessíveis, lá para o meio do segundo mundo fica mais complicado, não só porque as armadilhas aumentam, com paredes que adquirem invisibilidade de forma intermitente e blocos que desaparecem após um contacto. Implicando acções rápidas e de grande destreza técnica, é nesta altura que nos sentimos tentados a recorrer à lista de power ups que suavizam os picos de dificuldade, como o poder que nos permite continuar a partir do último ponto onde perdemos a vida, ou então uma melhor capacidade de combate que praticamente elimina a necessidade de usar ataques surpresa para eliminar os inimigos. Existem muitos poderes, alguns até vão longe de mais, mas existe sempre um preço a pagar por cada um e a moeda de troca são as cenouras, pelo que convém ter sempre atenção às escolhas que se fazem uma vez que os fundos não são ilimitados.
Kung Fu Rabbit truinfa no design e no campo visual, com fundos e cenários em 2D exuberantes, reveladores de uma arte inspirada no Japão feudal dos samurais, e quase sempre com cores luxuosas, oferecendo diferentes combinações que ganham vida no televisor ou no ecrã do GamePad. Apesar de existirem quatro mundos e cada um com os seus 20 níveis, não é tão grande a variedade de espaços e cenários, uma vez que tendem a repetir-se. As músicas também são algo repetitivas, podendo cansar se jogarem por longos períodos. Felizmente existe a opção para tirar o som.
Talvez por causa das características do jogo, dei por mim a passá-lo através do ecrã do GamePad na função off-TV, recorrendo aos botões para controlar a personagem e ao ecrã táctil para seleccionar opções. E se dúvidas ainda restavam em como os jogos para smartphones/tablets ficam melhores com recurso aos botões, este aproveitamento que Kung Fu Rabbit faz da Wii U dissipa-as totalmente. Claramente um jogo a levar em conta.