Legendary
Caixa de Pandora revela muito pouco!
Muitos são os jogos que passam pelas nossas mãos, uns interessantes e até surpreendentes, porém existem aqueles casos em que as produtoras deveriam pensar primeiro antes de os lançar para o mercado. Existem jogos que a sua qualidade é no mínimo muito duvidosa, nos dias que correm e com a crise global ainda há quem desperdice tempo, esforço e recursos em algo que nunca deveria “nascer”.
Depois da enorme desilusão que foi o horrível Turning Point: Fall of Liberty a Spark Unlimited tentou de alguma maneira redimir-se com este Legendary, mas o que à partida poderia ser uma espécie de tábua de salvação veio a tornar-se em mais um pesadelo digno de um mau filme de terror.
Em Legendary somos Charles Deckard que após ter sido contratado por uma organização, a Black Order, entra no museu de Nova Iorque para furtar um artefacto, a caixa de Pandora. Durante o furto Deckard liberta todo o mal que a caixa continha, forças maléficas invadem o museu, o terror espalha-se e a cidade é invadida por criaturas demoníacas.
Durante o assalto o nosso personagem toca na caixa de Pandora com a sua mão, o que faz com que esta liberte todo o seu conteúdo. Após esse contacto ele ganha poderes sobrenaturais, passando a ter a capacidade de absorver toda a energia libertada pelos monstros que vai aniquilando, essa energia tanto pode ser utilizada para restaurar a sua vitalidade como para mover objectos ou afastar os inimigos. Esses poderes foram muito pouco aprofundados pela Spark pois rapidamente nos apercebemos que para combater é bem mais eficaz um machado ou uma arma de fogo (pistolas, metralhadoras, caçadeiras e até bazucas).
Apesar de um enredo bem conseguido e de uma sequência inicial que até nos agradou, Legendary rapidamente mostra todas as suas falhas. Visualmente o jogo prima pela banalidade, texturas muito fracas e cenários muito pouco detalhados. As animações são também um dos seus pontos fracos, as personagens movem-se de uma forma muito pouco realista. Para ajudar à festa temos também uma liberdade de movimentos muito limitada, somos sempre obrigados a seguir um determinado caminho que nos é delineado por objectos colocados estrategicamente.
Durante a nossa jornada vamos encontrando várias criaturas que teremos que aniquilar, vamos lutar contra lobisomens, Griffons, Minotauros entre outros. Mas não lutamos apenas contra criaturas demoníacas, pelo caminho também vamos encontrar inimigos pertencentes a organizações que nos tentam impedir de alcançar o nosso objectivo. Tudo isto até seria normal num jogo deste género, mas o que torna Legendary tão fraco é o facto de tudo se passar de uma forma muito previsível e sem qualquer tipo de desafio. Para isso basta observar a inteligência artificial dos inimigos que se resume a uma palavra, cómica.
Como já referenciamos, tudo no jogo é demasiado linear, o caminho a seguir é-nos sempre indicado (basta pressionar um botão para saber por onde ir). Temos portas para abrir, válvulas para fechar, tudo muito primário e previsível onde a nossa imaginação e inteligência nunca são postas à prova. Ficamos com a sensação de que Legendary foi feito para pessoas com pouca inteligência pois tudo é demasiado fácil.
Surpreendentemente estamos perante um jogo que utiliza o Unreal engine 3, o que não deixa de ser estranho para tão fraca qualidade visual. Legendary mais parece um jogo feito no final dos anos 90, um exemplo do grafismo medíocre é a qualidade visual dos NPCs que é simplesmente horrível. Poderíamos estar aqui eternamente a apontar muitos dos defeitos de Legendary mas seria demasiado penoso e os jogadores não o merecem. Para resumir apenas referimos que os Glitches são uma constante, com objectos presos nas paredes, o sistema de colisões é ridículo e o controlo da nossa personagem é completamente arcaico, um simples salto pode ser um autêntico desafio à nossa paciência.
Legendary é um jogo sofrível que nos traz à memoria o horrivelmente desapontante Turning Point: Fall of Liberty. Se forem masoquistas este é um jogo para se torturarem até cair para o lado, se forem jogadores normais e inteligentes fujam a sete pés deste autêntico hino à mediocridade. Com tantos jogos de boa qualidade no mercado este Legendary certamente não fará parte da nossa lista de presentes que temos para pedir ao Pai Natal.