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LEGO Batman 2: DC Super Heroes - Análise

Legos da justiça.

A Traveller's Tales é conhecida pela adaptação de séries icónicas para aventuras com figuras Lego, num modelo que tem sofrido muito poucas alterações ao longo do tempo. Sempre num estilo simplista, que junta humor com um pouco de plataformas, puzzles, e claro, as adoradas figuras de plástico. Este LEGO Batman 2: DC Super Heroes é desde logo o melhor título de Lego que joguei até à data, e é também aquele que traz mais mudanças para a fórmula que celebrizou estes títulos.

Grande parte do sucesso destes jogos advém do charme que é ver universos como Harry Potter ou Star Wars retratados em formato Lego, sempre com cenários inspirados diretamente nos filmes correspondentes. DC Super Heroes funciona basicamente na mesma linha, retira inspiração da banda desenhada da DC (Detective Comics), apresentando uma respeitável variedade de heróis e vilões durante todo o jogo.

O trama começa com a entrega do prémio de "homem do ano", onde os nomeados são Bruce Wayne e Lex Luthor. Pelo meio aparece o Joker, que rouba o prémio para si e inicia a caça ao Lego em Gotham City. Com a ajuda de outros antagonistas clássicos da DC como o Riddler, Harley Quinn ou Two Face, os dois vilões acabam por unir esforços para infernizar o homem morcego. Por outro lado nós próprios teremos o contributo de nada mais nada menos que o Super-homem, assim como a aparição de outros membros da liga da justiça, ainda que com muito menor preponderância.

A exploração sempre foi um aspeto central nestes jogos, nomeadamente na busca de todas as peças de Lego espalhadas pelos níveis. A fórmula continua inalterada, no entanto, existe um foco muito maior na navegação e exploração da tradicional "zona hub" que encontramos sempre nestes jogos, Gotham City neste caso. A cidade está retratada em Lego de forma muito conseguida, com direito a várias zonas de interesse para explorar, incluindo a mansão da família Wayne, o jardim zoológico e a bat cave.

Os níveis encontram-se algures na própria cidade de Gotham e continuam centrados em pequenos puzzles aliados ao impulso colecionista em apanhar todas as peças Lego disponíveis em cada área. Se se sentirem encravados ou perdidos dentro de um dos níveis é porque não rebentaram com tudo. Na maioria das vezes o sucesso é conseguido pelo método de tentativa/erro, no resto das vezes fomos nós que deixamos escapar um qualquer objeto nas redondezas.

Continuam a existir áreas onde necessitamos de uma personagem especifica para aceder, no entanto, desta vez o foco principal para a progressão nos puzzles está diretamente relacionado com o tipo de poderes e/ou engenhocas que utilizamos. Batman e Robin fazem uso de vários fatos e brinquedos que permitem fazer coisas como ficar invisível, lançar rockets para destruir certas estruturas, ou até utilizar um íman colado nos pés para subir por estruturas metálicas. Já o super-homem tem mais sorte, e já por natureza conta com um leque de vários poderes por onde escolher.

Na sua maioria os puzzles continuam simples, no entanto, a diversão destes não está propriamente no desafio que proporcionam, mas antes no efeito visual das peças de Lego a formarem um objeto perante nós. Está na surpresa quando vemos a construção final, está na imaginação quando vemos peças de Lego desmontadas e imaginamos todas as formas possíveis para elas. Digamos que os puzzles não pretendem ser um teste, mas antes um momento de entretenimento interativo.

Chamar simplista ao combate é lisonjeador, apenas existe um botão de ataque e os adversários são tremendamente previsíveis. Pior só mesmo o nosso colega controlado pela inteligência artificial, que se comporta- como se não tivesse cérebro, por vezes aplica uns golpes nos adversários, mas na maioria das vezes fica ali parado, apenas a ver-nos espalhar justiça pelas ruas. Uma menção honrosa para o controlo dos veículos, existem vários durante o jogo, com maior ou menos preponderância, desde a nave em forma de morcego, o "Robincopter", ou até mesmo um carrinho de venda de gelados (sim, gelados).

Felizmente, e como tem sido costume nos jogos da série Lego (julgo que podemos denominá-los de série), é possível jogar a aventura de forma cooperativa com um amigo. Não existe grande diferença em termos de gameplay considerando que podemos alternar entre as várias personagens quando jogamos sozinhos, mas é imensamente mais divertido jogar com companhia. O único problema é que estamos limitados a este modo local, ou seja, têm mesmo que voltar aos velhos tempos da noitada em casa do amigo a jogar na mesma televisão.

Um dos aspetos que mais ajudou a definir a personalidade destes jogos da Traveller's Tales, é o humor silencioso que utilizava a linguagem corporal juntamente com alguns sons para retratar de modo muito inteligente alguns momentos hilariantes. Ora este tipo de humor ficou um pouco de lado neste DC Super Heroes, já que pela primeira vez, o estúdio decidiu oferecer voz própria a cada um dos heróis e vilões de plástico.

"Visualmente está na linha dos anteriores títulos Lego, com a vantagem de termos a cidade de Gotham livre para navegar."

Isto poderá não ser consensual, mas parece-me um passo sinceramente acertado, principalmente quando falamos de personagens tão distintas como são os heróis de banda desenhada. Basta uns minutos com DC Super Heroes para perceber como as vozes ajudam a marcar as diferentes personalidades das personagens, Batman tem uma voz sóbria que condiz com o seu rosto fechado e forte caráter, a voz de Joker é a voz de um lunático sempre de bem com tudo, e a voz do super-homem é de morrer a rir por ser um exagero do retrato do herói perfeito, sempre pronto a ajudar o cidadão em apuros.

Visualmente está na linha dos anteriores títulos Lego, com a vantagem de termos a cidade de Gotham livre para navegar. O detalhe continua a ser o ponto forte dos variados cenários, sempre com Legos de imensas cores e formatos. A câmara, que tradicionalmente era um dos principais problemas da série, comporta-se melhor do que nunca, e salvo alguns ângulos mais irritantes nos telhados da cidade, não tive grandes problemas no enquadramento com a ação.

A aventura é algo curta, mas como sempre, nestes jogos a longevidade é mais devida ao valor de repetição ("replay value") do que ao tamanho original da aventura. Vão querer repetir os vários níveis para aceder a zonas antes inacessíveis, e vão passar muito tempo a navegar por Gotham em busca daquela peça perdida. Não sei quanto tempo ainda resistirá a fórmula destes jogos Lego, mas a Traveller´s Tales parece apostada em ir aperfeiçoando aspetos específicos a cada lançamento. Continua um jogo sólido, capaz de agradar a todos, e quase obrigatório para os fãs de banda desenhada.

8 / 10

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