LEGO The Hobbit - Análise
Uma jornada surpreendente.
Não restam dúvidas que os jogos de LEGO vieram para ficar e que futuramente continuarão a surgir apostas em novas licenças. Ainda nem a meio de 2014 vamos e já foi lançado o segundo jogo de LEGO, o primeiro baseado no LEGO The Movie e este segundo nos três filmes The Hobbit, um capítulo no universo de Tolkien que conta os eventos antes da trilogia The Lord of the Rings, com Bilbo, Thorin e companhia a assumirem os papéis centrais.
O público-alvo de LEGO The Hobbit é evidente, são aqueles que gostaram do filme e agora querem reviver ou prolongar experiência. O jogo substitui com sucesso as habituais e péssimas adaptações do cinema que deixam aterrorizados quem as joga e nunca mais olha para os jogos de filmes da mesma forma. Admito desde já que adorei os filmes, tanto da primeira como desta segunda trilogia, e digo com segurança que dificilmente uma das tradicionais adaptações poderia ser melhor que este jogo LEGO, que me surpreendeu pela positiva.
LEGO The Hobbit assume à partida que viram o filme e que portanto já conhecem a história, perdendo pouco tempo a explicar o que está acontecer. Estão presentes as cinemáticas que dão contexto ao que está a acontecer e que aproveitam para introduzir o humor já típico dos jogos de LEGO. Esta abordagem mais directa e menos detalhada no contar da história permite que o foco esteja na parte do jogar e na diversão.
Todos os jogos de LEGO são parecidos, mas este LEGO The Hobbit tem novidades que possibilitam uma fuga à rotina estabelecida. O jogo recria fielmente, como se tratasse de uma fotocopiadora versão LEGO, muitas das sequências de ação do filme, mas entre as sequências, nas partes de mundo aberto, há imensas side-quests e puzzles para completar, revelando um lado pouco desenvolvido de um RPG.
Um grande número destas side-quests passa por entregar o item pedido pelas personagens encontradas nas estradas a caminho da Lonely Mountain. Por sua vez, para obterem os itens precisam de recursos, encontrados ao partir os muitos objectos espalhados pelo mundo (desta vez não se partem apenas em Legos). Uma vez reunidos os recursos, precisam de regressar ao ferreiro capaz de os transformar nos itens. Assim que desbloquearem a viagem com as águias, regressar atrás torna-se muito mais fácil e rápido.
Uma parte considerável dos puzzles secundários, aqueles que não precisam de completar para progredir na história, só podem ser passados na segunda playthrough ou numa parte mais avançada do jogo, quando desbloquearem as personagens com as habilidades certas. Quanto à dificuldade dos puzzles, vão encontrar uns que são bastante fáceis enquanto outros vão precisar de alguns minutos para perceberem o que têm de fazer.
O que o jogo tem que o filme não consegue dar é uma exploração à vontade de locais marcantes na Middle Earth. Falo de Hobbiton, Rivendell, Bree, Elvenkings Halls e a ruinada cidade de Dale, destruída por Smaug quanto tomou de assalto a montanha dos anões para se deleitar no ouro e outras riquezas. Sítios como estes estão cheios de segredos à espera de serem descobertos e estão fiéis à caracterização do filme, sendo imediatamente reconhecíveis e convidando silenciosamente o jogador à exploração.
O que torna a exploração cativante são as áreas secundárias encontradas nos grandes espaços como as cidades mencionadas acima ou nos prados da Middle-Earth. Basta olhar para o mapa para reparar nas portas assinaladas, que dão acesso, depois de um curto loading, a áreas mais pequenas onde normalmente encontram side-quests, puzzles ou segredos. A Middle-Earth criada pela TT Games para LEGO The Hobbit vai além do que nos é mostrado nos filmes e oferece mais do que seria de esperar.
LEGO The Hobbit não é propriamente um jogo em mundo aberto. O que tem são grandes áreas onde a exploração é livre, mas todas elas estão ligadas, só estando separadas por loadings. Para não fatigar o jogador e deixe que este se divirta, há intercalação entre as áreas em mundo aberto e os habituais níveis de LEGO, que contrastam por serem lineares mas com a já típica quantidade absurda de colecionáveis.
Devido à natureza dos puzzles, que requerem as habilidades de duas personagens diferentes para serem resolvidos, foram tomadas liberdades, como acrescentar uma personagem jogável a uma cena que no filme só tem uma personagem. Um exemplo desta liberdade é quando Bilbo separa-se do grupo e encontra pela primeira vez Gollum. No jogo Bilbo é acompanhado por um orc que o ajuda a resolver os puzzles. Não é nada que arruíne a história e detetar as diferenças entre o filme e jogo até se torna num entretenimento adicional.
"Já está confirmado que o terceiro filme será adicionado ao jogo como um conteúdo adicional, ficando no ar a dúvida se será pago ou gratuito."
Controlar as diferentes personagens do grupo liderado por Thorin Oakenshield é o que torna LEGO The Hobbit num jogo tão variado. Num ponto mais avançado, também controlamos a dupla de elfos introduzidos no segundo filme. Cada personagem tem os seus próprios ataques, habilidades e animações, mas o combate continua a ser um ponto fraco, resumindo-se a carregar no quadrado. Neste LEGO The Hobbit foi acrescentada a opção de combater em duplas, mas é uma ligeira novidade que acaba por não alterar a jogabilidade.
A grande questão é relativa ao terceiro filme. LEGO The Hobbit só inclui ainda os eventos dos primeiros dois filmes porque a última parte só estreará nos cinemas no final do ano. Já está confirmado que o terceiro filme será adicionado ao jogo como um conteúdo adicional, ficando no ar a dúvida se será pago ou gratuito. O justo seria esta última opção, mas nos dias que correm, o mais provável é que a Warner Bros. opte pela primeira.
LEGO The Hobbit não reinventa a roda dos jogos LEGO mas isso nem sequer era o esperado. A cada novo jogo LEGO a TT Games incorpora pequenas novidades e nuances que torna cada jogo um pouco diferente mas familiar. A passagem do filme para a versão LEGO está excelente e adorável. Redescobrir o mundo de Hobbit é o convite feito. Qualquer fã de Tolkien deve-se sentir no mínimo tentado a aceitar.