Lemmings Touch - Análise
O mesmo de sempre, um novo esquema de controlo.
Lemmings é um clássico da indústria dos videojogos que já percorreu praticamente todas as plataformas dedicadas que podemos imaginar desde que surgiu pela primeira vez em 1991. É uma boa forma de encontrar divertimento casual e imediato até que nos apercebemos que serão precisas grandes doses de paciência e cuidadoso planeamento. Em Lemmings deixamos de ser meramente um jogador e passamos a ser um estratega que terá que impedir que as dóceis, mas burras, criaturas que dão nome à série percam a vida. Amealhar a maior pontuação possível e completar o nível no menor tempo possível são dois objetivos adicionais.
Este é um conceito que praticamente todos conhecemos, o nível começa com uma pequena quantidade de criaturas que vão aumentando a cada segundo. No entretanto, temos que assegurar que conseguem chegar ao final do nível, tendo que os ajudar a executar as mais diversas ações para que possam progredir, e para onde progredir, em segurança caso os perigos sejam mortais. É uma daquelas experiências únicas que provavelmente apenas alguns sabem explicar mas com a qual praticamente qualquer um se pode apaixonar.
Nesta versão portátil temos todo um foco nos controlos táteis que a PlayStation Vita oferece. Este fruto da parceria entre o d3t e a SCE tem como intuito mostrar que a plataforma consegue oferecer toda uma experiência que em regra geral atribuímos aos formatos mobile. Só que aqui com toda uma profundidade nos comandos que dificilmente seria possível obter nos tão procurados tablets e smartphones. Será que Lemmings Touch consegue o pretendido?
A verdade é que sim mas não tanto quanto se desejaria. Lemmings Touch é no verdadeiro sentido da palavra a experiência Lemmings com controlos táteis e apesar de tal se revelar irresistível, e por demais divertido, a verdade é que os controlos tradicionais com os botões não deixam de invocar a sua acessibilidade e facilidade. O que torna o ponto principal desta proposta num elemento menos aliciante do que desejaria. Especialmente ameaçador para o próprio quando sentimos que a experiência de jogo não teve um pensamento tão cuidado e elaborado quanto os controlos.
Os comandos são mesmo o ponto principal que separa esta versão das demais que já foram lançadas anteriormente. Provavelmente não temos aqui grandes avanços em termos de conteúdos, itens a utilizar ou até mecânicas de jogo mas temos um esquema de controlo tátil cujo melhor elogio que pode receber é dizer que se sente altamente natural. Executar as diversas ações ou comandos sobre os Lemmings é tão intuitivo e natural que até se acredita que sempre o jogamos assim.
Uma das principais novidades são os Lemmings Maléficos, distinguidos facilmente pela cor mais escura e o cabelo vermelho. Como seria de esperar, o objetivo perante eles é o completo oposto do pedido na maioria do jogo, temos que os eliminar ou então o nível termina assim que chegam ao final. Isto incute uma dinâmica interessante aos níveis pois teremos que gerir a genica da gestão enquanto tentamos encaminhar os que nos interessam e tentamos impedir que estes cheguem aonde o resto terá que chegar.
São mais um toque interessante que serve para incutir maior dinamismo no ritmo da estratégia. Os quebra-cabeças começam a amontoar-se e provavelmente poucos jogos conseguem combinar ritmo com uma tamanha sensação de pânico. Aquela sensação de não conseguir estar em todo o lado ao mesmo tempo e verificar que numa questão de segundos tudo nos foge do controlo. Lemmings Touch representa na perfeição essa sensação e estes maléficos seres apenas nos deixam à beira de um ataque de nervos, prontos para reiniciar o nível à procura das 3 estrelas.
Visualmente temos um produto que se revela consistente mas de forma alguma surpreendente. O d3t executou um trabalho competente na hora de transportar a série para a Vita e temos cenários que apesar de básicos conseguem cumprir. Não é que os seus visuais fossem conquistar alguém, na maioria dos casos nem sequer lhes passamos cartão, mas o aspeto brusco que conseguem assumir ocasionalmente não permite que tenham um tom mais coeso em termos gerais. Ainda assim faz o que se pedia.
Esta nova incursão na mítica série consegue apresentar-se como uma boa proposta para todos os fãs que adoram estes quebra-cabeças que facilmente nos subjugam. No entanto, perante esta moderna era dos jogos mobile, o preço de €9.99 não deixa de ser um factor que pesa na hora de olhar para o produto. A sua qualidade pode estar lá, mesmo que exista espaço para melhoria, mas a grande maioria vai olhar para Lemmings Touch e acreditar que o poderia jogar no seu tablet ou smartphone com esta mesma forma de controlo sem pagar o valor que é pedido. Nem sequer algo que se pareça.
Lemmings Touch é um casamento perfeito na PlayStation Vita, um clássico que já passou praticamente por todos os sistemas chega à portátil da Sony e vestido a preceito. O gameplay clássico encaixa na perfeição nos comandos táteis mas ainda assim não sentimos que exista qualquer inovação, apenas trabalho de adaptação até porque é perfeitamente possível jogar com os botões tradicionais. O facto que até à data de hoje não existe nenhuma versão para mobile confere apelo adicional a este jogo mas a experiência poderia ter ido muito mais além do simples implementar de uma interface alternativa.