Life is Strange: True Colors review - Uma envolvente história de perda e superação
Empatia
Life is Strange chegou em 2015 e com esse esforço, a Dontnod Entertainment ajudou a popularizar o género das aventuras gráficas. A sua popularidade deu origem a uma série e dois anos depois chegou o não tão aclamado Before the Storm da Deck Nine, enquanto em 2018 tivemos Life is Strange 2 da Dontnod. Agora, a Deck Nine está de volta às rédeas da série com True Colors, o mais recente esforço nestas experiências dramáticas interativas que exploram situações de angústia juvenil.
No entanto, True Colors revela um importante elemento diferente dos anteriores, a protagonista Alex Chen de 21 anos, mais velha do que qualquer outro protagonista num jogo anterior, o que a posiciona perante temáticas mais adultas. Além disto, não é um jogo episódico, é um jogo que podes jogar do início ao fim desde o dia de lançamento.
Life is Strange: True Colors leva-te para Haven Springs, uma pacata localidade onde Alex vai reencontrar o seu irmão Gabe após 8 anos separados. Gabe construiu aqui uma vida, tem uma namorada, amigos e um trabalho, mas deseja introduzir a sua irmã neste seu novo mundo e redimir-se pelo terrível passado que Alex viveu. Ao chegar a Haven, Alex descobre novos amigos, um local para trabalhar e pela primeira vez começa a sentir que o conceito de família está ao seu alcance.
No entanto, Alex tem o poder psíquico da empatia que a ajuda a sentir as emoções mais fortes que os outros sentem e até escutar os seus pensamentos associados a essas emoções. Esse poder será fundamental para descobrir a verdade em torno da morte do seu irmão.
Gabe morre num trágico acidente, mas as circunstâncias em torno do acontecimento são altamente suspeitas. Ao longo das cerca de 8 horas de jogo necessárias para descobrir toda a verdade e perceber se as tuas decisões ao longo dos 5 capítulos permitem obter um dos melhores finais (existem 6 possíveis), terás de percorrer a principal rua de Haven Springs, entrar em 4 lojas diferentes para conversar com as pessoas e perceber o que revelam as suas emoções sobre os acontecimentos daquela noite. Apesar do poder de Alex permitir uma narrativa com um impacto diferente dos 3 jogos anteriores, sem esquecer que a sua idade também faz dela adulta e capaz de enfrentar temáticas mais maduras, Life is Strange: True Colors não é um jogo muito diferente dos que jogaste anteriormente.
Tens um espaço aberto para percorrer, a florista, loja de discos, bar e mais um estabelecimento para visitar, mas o conceito é exatamente igual. O percurso está traçado e tens de seguir até ao local indicado, para falar com determinada personagem e tentar escolher as opções nos diálogos que melhor acreditas servirem a investigação. Existem momentos de escolha que terão impacto no final, mas a sensação que interferes a sério com o decorrer dos acontecimentos não é uma ilusão alcançada de forma totalmente satisfatória.
Life is Strange: True Colors inclui algumas "missões opcionais" na forma de situações aleatórias espalhadas por Haven e se conversares com uma determinada personagem para depois a ajudar, poderás prolongar a experiência. Além disso, existem diversos colecionáveis espalhados pelos locais e nem precisarás de um guia para os encontrar. O design da experiência torna intuitivo o que tens de fazer e onde os encontrar.
No entanto, a qualidade dos visuais, das animações e vozes dos personagens ajudam a tornar altamente imersiva a experiência. O enredo, apesar de um ou outro momento menos bem conseguido, consegue cativar e enquanto não descobres o mistério, não descansas. Além disso, as temáticas em torno de uma jovem adulta a lidar com os fantasmas do passado e a dor de uma recente perda importante conseguem criar empatia contigo. Tal como Alex usa o seu poder nos NPCs para sentir empatia por eles e ouvir o que lhes vai na alma, a sua postura calma e divertida vai tornar fácil criar empatia com ela.
Nada de novo, mas feito com qualidade
True Colors não revoluciona a fórmula das aventuras gráficas, os dramas juvenis interativos com poderes nos quais conversas com as personagens e tentas descobrir como as tuas escolhas afetam o final. A Deck Nine focou-se num só local de maior tamanho e consegue uma experiência de tom diferente, mas se continuas a não encontrar apelo nestas experiências que mais parecem filmes interativos, ainda não é desta que ficarás convencido. Life is Strange: True Colors é um jogo cuja qualidade visual, a das animações e vozes, juntamente com o enredo, ajudam a torná-lo muito apelativo para adeptos do género. Mesmo que não faça nada de novo, o que faz é capaz de conquistar os adeptos da fórmula.
Prós: | Contras: |
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