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Like a Dragon: Ishin! - Fora de série

Um jogo espetacular, com alguns problemas.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
Like a Dragon: Ishin! torna-se num título especial pois transporta o melhor da série para um ambiente histórico e contém imensa diversão.

Com a escalada de popularidade ao longo dos últimos anos, a série Like a Dragon da Sega (anteriormente conhecida como Yakuza), conseguiu despertar um novo interesse por jogos que milhões deixaram passar ao lado. A Ryu Ga Gotoku recebeu imensos pedidos pela localização de Ishin (spin-off que recua no tempo até 1860) e decidiu ir mais além, criou um remake no qual troca o Dragon Engine pelo Unreal Engine e desta forma temos Like a Dragon: Ishin!, que parece servir como uma pequena amostra do futuro e uma recordação do passado da série.

Esta excêntrica, dramática e teatral série da Sega, muito japonesa e por isso mesmo fácil de encontrar um lugar no coração dos apaixonados pelas produções nipónicas, é dignamente representada por Like a Dragon: Ishin!, que se tornou num dos meus favoritos na série. Enquanto ação e drama samurai, Ishin é decididamente diferente, mas igualmente empolgante e deixa-te viciado até conseguires assistir a todas as cutscenes que finalmente te revelam todas as reviravoltas e desenvolvimentos (frequentemente absurdos) da narrativa. É o perfeito exemplo da essência de Yakuza, mesmo que isso acarrete alguns problemas.

Like a Dragon: Ishin! transporta-te para a década de 1860 no Japão, um dos momentos históricos mais importantes do país. Isto permite pegar em acontecimentos reais e misturá-los com as personagens da série e a habitual excêntrica teatralidade que marcam as narrativas da série. Os acontecimentos históricos servem para preparar uma mega trama política de consequências sociais e encaixa na perfeição no que esperas desta série.

Imenso drama, intensidade e tontice tão Like A Dragon como desejarias está aqui presente. Se me permites este pequeno comentário, Ishin tornou-se num dos meus favoritos da série devido a esta combinação, o período histórico aqui retratado, a narrativa e a imersão desta cidade. A história de Sakamoto Ryoma, antepassado de Kiryu, agarra, deixa-te sempre com vontade de descobrir mais e existem imensos acontecimentos inesperados. Mesmo que seja familiar e com elementos previsíveis (perto do final fraqueja um pouco e quebra a coerência), Like a Dragon: Ishin! vai-te capturar. É realmente o melhor de Like a Dragon transportado para um período histórico.

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Sendo uma experiência Like a Dragon numa era história, graficamente Ishin diferencia-se dos demais, mas no geral o seu gameplay é altamente familiar para os fãs. É um Action RPG no qual podes optar entre 4 posturas de combate e é aqui que o jogo realmente brilha. Se Like a Dragon apostou nos combates por turnos, Ishin recupera a ação em tempo real e das posturas, com diferentes movimentos e golpes para usar. Podes optar por combater com as mãos, com uma pistola, espada ou com pistola e espada. Além disso, tens tropas que podes equipar com habilidades que se tornam úteis nos combates.

O regresso das posturas e as tropas tornam-se nos principais elementos do gameplay e são muito divertidos. No geral, a experiência resume-se a vaguear pela cidade de local A a local B, tropeçando em atividades opcionais a cada esquina. Se quiseres, podes beber e desfrutar das paisagens, mas será frequente ser confrontado por rufias, seja nestes momentos ou nas intensas missões de história, terás de combater. Ryoma pode usar diferentes movimentos de acordo com as posturas, sobe de nível para ganhar mais movimentos e força, até podes tentar obter melhores armas. O lado Action RPG está bem presente nestes elementos, mas quase se podia tornar num jogo de ação e aventura.

Os combates são divertidos, cada postura força comportamentos diferentes e terás de escolher uma que gostas mais. No entanto, é quase impossível ficar sempre na mesma e todas tem os seus prós e contras. Terás de as explorar e decidir como as usar e a sua maior eficácia perante cada inimigo. Os movimentos Heat contribuem imenso para isso pois algumas posturas ativam movimentos Heat com maior facilidade e podem tornar-se mais atrativas. Além disso, a equipa permite posturas de ataque a curto e longo alcance, com velocidade variável de movimentos para uma maior estratégia e profundidade nos combates. Será útil ao longo da história e atividades extra.

Like a Dragon: Ishin! é um jogo cuja narrativa principal decorre ao longo de 14 capítulos e podes terminá-los em cerca de 22 horas, em dificuldade normal. No entanto, isso é seguir em linha reta e a experiência não está estruturada para isso. É quase impossível dar dois passos nesta Kyo sem tropeçar num inesperado evento, ativado automaticamente por um NPC. Existem inúmeras substories que podes ativar ou descobrir, todas elas estão criadas com o habitual humor da série. Servem para aumentar a imersão neste mundo, nesta fatia de um momento histórico tão importante para o Japão.

Além das missões opcionais, Like a Dragon: Ishin! ganha uma longevidade inesperada através de várias facetas excêntricas do gameplay. Capturar bandidos e ajudar a cidade a tornar-se mais segura, participar em arenas de combate e gerir um negócio são elementos gameplay já conhecidos da série e estão aqui presentes. Ishin não deixa de fora nenhum dos bons elementos de Like a Dragon e isso engrandece a experiência.

A dada altura tive de me forçar a seguir a narrativa pois estava hipnotizado pelas atividades opcionais. Ryoma compra uma propriedade e pode plantar alimentos que depois vende e também pode cozinhar para vender. Estas atividades assumem a forma de minijogos (o Karaoke também está presente, claro) e conseguem capturar. Plantar, colher, preparar encomendas e entregar. É um ciclo divertido e que expande o gameplay muito além do que tens na campanha. Desta forma, Like a Dragon: Ishin! pode durar mais de 40 horas. Além disto, tens as missões Shinsengumi que te transportam para níveis isolados e onde podes ganhar boas recompensas. Há muito para jogar e tu decides o que queres e quando queres jogar.

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Graficamente, Like a Dragon: Ishin! é um jogo bem ao estilo da Ryu Ga Gotoku. Isto significa uma qualidade excecional no detalhe das personagens principais, espetaculares cutscenes dramáticas e uma qualidade visual geral de grande apelo. No entanto, no meio da bela iluminação e impressionante quantidade de detalhe em alguns locais, tens outros frequentes momentos com texturas fracas, atraso no carregamento de texturas ou fraca qualidade de elementos como alguns NPCs e partes dos cenários. Mais do que isso, diria que existe uma certa falta de polimento geral.

Existe momentos visualmente gloriosos que te transportam para uma outra realidade e te fazem viajar no tempo. Aqueles momentos "só falta o cheiro" que tanto apelo tem para quem sonha viajar para o Japão. No entanto, também terás de tolerar momentos visualmente fracos, atrasos no carregamento de texturas, fracas texturas, má qualidade nas animações dos NPCs e atrasos em vários momentos Heat que causam situações caricatas. Ocasionalmente, poderás até sentir lag em alguns momentos para disfarçar a artificialidade na dificuldade de Like a Dragon: Ishin!, que no geral é um jogo agradável de ver e jogar.

Like a Dragon: Ishin! é mais um jogo com o selo de qualidade da Ryu Ga Gotoku. Não faz nada de novo na série, mas ao transportar-te para Kyo na década de 1860, consegue combinar a sensação de uma experiência histórica e credível com a teatralidade dramática da série Like a Dragon. Tem tudo de bom que adoras nesta série, tem gameplay capaz de te fazer perder o sentido das horas, mas também tem uma forte sensação de familiaridade e ausência de novidades de relevo. Na balança, ganham os seus prós e é um dos meus favoritos jogos na série Like a Dragon.

Prós: Contras:
  • Narrativa que te deixa sempre ansioso para saber mais
  • Cutscenes espetaculares e dramáticas
  • Qualidade gráfica geral, especialmente nas principais personagens
  • Ação dramática histórica que combina bem com o tom da série
  • Combate assente em posturas e tropas é divertido
  • Quantidade incrível de boas atividades opcionais
  • Alguma falta de polimento gráfico e nas animações
  • Algum lag em certos movimentos e navegação de menus
  • Poderá ser demasiado familiar e seguro, sem inovação

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