Little Battlers eXperience - Análise
Em 2046 o mundo é dominado pela tecnologia.
Com Yo-Kai Watch no horizonte para o próximo ano, Little Battlers eXperience (LBX) é a mais recente série da Level-5, no capítulo dos jogos de role play de acção, a ganhar uma conversão ocidental. A popularidade no Japão é por esta altura muito significativa. Enquanto que os ocidentais só agora receberam para a 3DS o jogo publicado em 2012 no Japão (Danball Senki Baku Boost), já os japoneses contam mais seis produções jogáveis - sendo que a série até começou na PSP - volumes manga e uma animação com várias temporadas, sendo que dos episódios originais, só uma parte deles foi difundida em território americano.
A Level-5 serve-se de LBX para materializar diversos contextos nipónicos integrados num ambiente de fantasia futurista, a marca típica dos jogos de role play de acção, mas desta vez com uma novidade que dá nome ao jogo, os LBX. São pequenas peças de engenharia, facilmente identificadas como pequenos robôs que lutam dentro de uma pequena caixa de cartão, com uma particularidade; são controlados directamente pelo jogador como se estivesse num "brawler" ou num fighting game. É um conceito substancialmente diferente daquele que nos mostra Inazuma Eleven (no espaço das séries de animação) e até Ni No Kuni (muito mais um jogo de role play tradicional).
Estas criaturas robóticas, uma espécie de gladiadores da metade do século XXI, são apresentadas de forma quase "geek". Constituem o "brinquedo" da moda, que pequenos e graúdos usam para tirar as dúvidas sobre qual é o mais forte. Comercializados em lojas específicas e de valor algo elevado, não estão ao alcance de qualquer um, em particular os mais pequenos, sem possibilidades para um kit de principiante. Para lá da despesa inicial, os titulares destes LBX terão que comprar mais peças, upgrades de vária ordem, assim como armas, capacetes, armaduras e outras peças internas que de um modo geral melhoram o seu comportamento e desempenho em combate. Não é de esperar outra coisa num jogo de role play, e nisso a Level-5 não desapontou.
Mas antes de nos debruçarmos sobre a mecânica do jogo, umas breves palavras sobre a personagem principal. Nós controlamos um jovem japonês chamado Van Yamato. Estamos em 2046 e o mundo é controlado pela tecnologia. Rodeado por amigos detentores destes LBX, também o petiz queria fazer uso de um deles. Curiosamente, acaba por estar ligado fatalmente aos LBX. O pai, um famoso engenheiro da Tiny Orbit, é o criador do projecto, mas um dia, o avião no qual seguia viagem, desapareceu misteriosamente. Como resultado, os LBX foram afastados de casa. Mas um dia, um acontecimento inesperado muda tudo e, subitamente, Yamato dá por si a enfrentar uma organização secreta chamada New Dawn Raiders. Não estará só nesta jornada, juntando-se a ele outros companheiros.
"pequenas peças de engenharia, facilmente identificadas como pequenos robôs que lutam dentro de uma pequena caixa de cartão"
A narrativa não é particularmente abençoada e envereda por uma toada algo tradicional. Conceitos como a amizade merecem destaque, mas a tramitação não oferece novos rasgos para lá de uma certa previsibilidade. Exceptuando alguns momentos inesperados, de um modo geral é um pouco genérica e abundante em diálogos. O design está em sintonia com os episódios de Inazuma Eleven, num 3D minimamente desenvolvido (este jogo data de 2012), ainda assim abunda uma pixelização que os produtores procuraram suavizar recorrendo a técnicas como cel shade, principalmente nas personagens. À semelhança de outras produções da Level-5, também LBX aposta imenso nas cinematográficas. Não que isso seja um factor que retire valor, antes pelo contrário. A existência de um anime facilita a transposição dessas sequências para o jogo.
Para lá da história, terão à vossa disposição quase centena e meia de missões secundárias, o que vos dá imensas horas de contacto com aquele mundo. Sendo as criaturas mecânicas as figuras em destaque, é normal que grande parte do tempo seja passado em combate, nas arenas que acomodam até um máximo de seis jogadores. Assim que os robôs são colocados sobre a caixa de cartão, há uma transferência imediata para o combate. A mecânica é smilar ao tipo "brawler" e ainda temos os movimentos específicos como as cargas, propulsão. A perspectiva na terceira pessoa facilita a observação da área envolvente, e deixa-nos observar zonas mais elevadas e pequenos obstáculos como uma secção rochosa ou uma elevação na planície. No entanto, estas arenas são quase sempre muito simples e despidas de detalhes. Talvez por isso seja imperceptível qualquer abrandamento ou quebra na frame rate.
Porém, há uma sensação de desolação e o aspecto pixelizado dos lutadores não pega destaque à vista. Do ponto de vista do controlo, aí as coisas melhoram substancialmente. O botão analógico é utilizado para o comando directo e depois temos os botões tradicionais para os ataques, um golpe especial através do botão R, enquanto que o esquerdo serve para activar um escudo. O resultado desta mecânica é interessante, até porque existe um medidor de tensão que serve de aviso ao jogador, como um aviso de máquina sobreaquecida, por forma de impedir o acesso permanente aos golpes de ataque. Assim, o jogador terá que se defender e atacar quando necessário. O arsenal também é suficientemente diversificado, especialmente através do material que vamos adquirindo a partir da loja especializada.
Muitas das estratégias usadas em combate dependem da personalização do nosso LBX, mas também do "timming", execução dos "combos" e golpes especiais proporcionados pelo armamento seleccionado, especialmente contra um adversário mais apetrechado. A situação tende a ser mais complexa quando temos que vencer o oponente em "3 rounds" e não estamos dentro do mesmo nível de evolução.
Uma das falhas significativas em LBX é a ausência de um modo batalha para vários jogadores em rede. A única opção em termos online é desempenhada através do SpotPass, com vista à realização de certas "quests" sendo enviada uma password para o efeito. De resto, as batalhas contra outros oponentes de carne e osso só têm lugar por via lan, sem opção para "download play", o que obriga os seis jogadores, no máximo, a possuírem cartucho do jogo.
Isto posto, é difícil recomendar LBX, embora a franquia tenha potencial. Pelo menos as versões seguintes lançadas no Japão apontam para melhorias significativas em vários capítulos, especialmente com a inclusão do multiplayer online. No entanto, este ainda é um jogo algo previsível e genérico, com poucos motivos de destaque e realmente diferenciadores face a outras propostas bem mais trabalhadas como Pokémon e outras da Level-5.